Em ata, à qual a agência Lusa teve acesso, o júri salienta que o décimo romance de Ana Cristina Silva trata-se de “uma obra que se articula a partir da realidade social, política e humana das crianças romenas, e das suas famílias, no período da ditadura de Nicolae Ceausescu”, na Roménia.
O júri realça que o romance é “uma belíssima composição narrativa com linguagem sóbria e cuidada, que valoriza em particular a narrativa de um drama pungente, num quadro político sufocante e obsessivo”.
“É uma história construída sobre os labirintos da tirania”, remata.
O júri, presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, reconheceu “um outro ano literário de vincada qualidade” e registou “com muito apreço” uma lista de finalistas votados como os romances concorrentes “O homem que escrevia azulejos”, de Álvaro Laborinho Lúcio, “Karen”, de Ana Teresa Pereira, “Estoril — um romance de guerra”, de Dejan Tiago Stankovic, “O Meças”, de J. Rentes de Carvalho, e “Eu sou a árvore”, de Possidónio Cachapa, segundo a Estoril-Sol.
Além de Guilherme d’Oliveira Martins, o júri desta 20.ª edição do Prémio Literário Fernando Namora foi composto por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual, e por Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril-Sol.
Professora e psicóloga, Ana Cristina Silva é natural de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, onde reside, lecionando sobre a psicologia da linguagem.
A autora especializou-se na área da aprendizagem da leitura e escrita, tendo desenvolvido investigação no domínio das aquisições precoces da linguagem escrita, ortografia e produção textual.
“Mariana, todas as cartas” é o título do livro que marcou a sua estreia literária, em 2002.
A autora tinha sido, em 2011, finalista do Prémio Literário Fernando Namora com o romance “Cartas Vermelhas”, eleito livro do ano pelo semanário Expresso.
Em 2012, a escritora foi finalista do Prémio SPA/RTP, com o romance “Rei do Monte Brasil”, vencedor do Prémio Urbano Tavares Rodrigues.
No plano académico, tem obra científica dispersa por jornais e revistas especializadas, em Portugal e no estrangeiro.
O ano passado, o vencedor foi Afonso Cruz, com o romance “Flores”.
O Prémio Literário Fernando Namora 2017 “será entregue oportunamente em cerimónia a anunciar”, assinala a Estoril-Sol.
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