Iniciemos uma viagem do passado ao presente, dando a conhecer as origens históricas, as quais remontam ao terceiro milénio A.C. Os primeiros sinais de povoamento são dados pela existência de antas. Há ainda vários testemunhos de castros – Santa Maria Madalena, em Cernache do Bonjardim, e Nossa Senhora da Confiança, em Pedrógão Pequeno. Da mesma época, encontramos, nos dias de hoje, manifestações artísticas gravadas na rocha – Fechadura, em Figueiredo, e Lajeira, na Ermida.

Conta-nos a lenda que, nos tempos de Sertório (general e político romano), a fortificação foi atacada, tendo morrido na refrega um corajoso lusitano, cuja mulher, de seu nome Celinda, ao ter conhecimento do ocorrido, e estando a fritar ovos numa sertã (frigideira) despejou o azeite a ferver sobre o inimigo, que assim se viu impedido de tomar de assalto a fortaleza. E para memória de tal façanha se deu o nome de Sertã a esta localidade.

Desde o século XII surgiram vários lugares, aldeias, vilas e templos, destacando-se as de Cernache do Bonjardim e de Pedrógão Pequeno, evidenciando-se em termos arquitetónicos os Paços Bonjardim, em Cernache do Bonjardim, onde nasceu D. Nuno Álvares Pereira, e as Igrejas do Seminário das Missões e Matrizes da Sertã, Cernache do Bonjardim e Pedrógão Pequeno.

Em 1772 é inaugurada a primeira escola oficial.

No século passado, foi-nos dado o privilégio de podermos desfrutar das potencialidades de três grandes albufeiras de barragens que regularizaram o impetuoso rio Zêzere: Cabril, Bouçã e Castelo do Bode.

Maranho créditos: PAULO NOVAIS/LUSA

De uma raridade preciosa é a gastronomia deste concelho. As iguarias mais conhecidas são o maranho e o bucho recheado, mas os enchidos, o peixe do rio, a sopa de peixe, a broa de milho, os cartuxos de amêndoa, os coscorões, as merendas doces, os queijinhos de cabra, o queijo fresco e a aguardente de medronho são igualmente de relevar.

Encontrando-se numa região marcada pela ruralidade, onde o pinhal impera — pinhal que faz parte da floresta ligada aos destinos do homem, facto tão bem caracterizado nas palavras de Joaquim Vieira Natividade: “a floresta, berço do homem, que lhe deu alimento, que lhe forneceu o primeiro abrigo, a primeira arma, a primeira ferramenta; que lhe proporcionou, talvez, o primeiro sentimento estético e nele acordou a primeira comoção mística; a floresta, de que se fez a caravela que lhe permitiu conhecer a extensão do Mundo, e a primeira cruz que simboliza as grandezas e as misérias, as injustiças e as heróicas renúncias desse mesmo mundo”.

Depois desta breve descrição venha respirar o excelente ar que aqui existe, deleite-se com a boa culinária, acompanhada com um esplêndido vinho local e uma excelente aguardente de medronho.

A Sertã e o seu concelho ficam à sua espera, porque “é melhor acrescentar vida aos dias, do que dias à vida”.


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