“A Espera”, que sai este mês pela editora Iguana, aborda os traumas de dezenas de famílias coreanas separadas por causa do conflito entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul nos anos 1950.

No livro, Gwijá é uma mulher de 92 anos que nunca perdeu a esperança de reencontrar o filho mais velho, de quem se separou quando fugia da Coreia do Norte. Já a sua amiga Jeong-Sun reencontrou a irmã mais velha, de quem também se tinha separado há 68 anos em circunstâncias semelhantes.

Em algumas entrevistas, Keum Suk Gendry-Kim explica que “A Espera” surgiu depois de ter tido conhecimento de que a mãe dela perdeu o contacto com a irmã mais velha na Coreia do Norte, quando rebentou a Guerra da Coreia e fugiu para o sul.

A partir de histórias semelhantes, recolhidas em entrevistas, incluindo da própria mãe, a autora decidiu avançar com uma história de ficção, como forma de preservar a memória de um tempo sobre um território dividido.

“A Espera” é a segunda novela gráfica de Keum Suk Gendry-Kim, autora sul-coreana nascida em 1971, que estudou pintura ocidental na Coreia do Sul e escultura em França, onde começou a desenhar a publicar as primeiras obras.

Para 2024, a editora Iguana planeia ainda a edição de “Erva”, “uma poderosa novela gráfica antiguerra, que conta a história de uma rapariga coreana, Okseon Lee, forçada a ser escrava sexual do Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial”, refere a sinopse.

“Erva” é considerado o maior sucesso literário da carreira de Gendry-Kim, tendo sido nomeado para os prémios Eisner e vencido um prémio Harvey, ambos nos Estados Unidos.

De Keum Suk Gendry-Kim sairá ainda em janeiro em Portugal, pela Levoir, a banda desenhada “A árvore despida”, que é uma adaptação visual do romance homónimo da escritora Park Wan Seo, também ambientado nos anos 1950 em guerra, em Seul.

Desta autora, a Levoir publicou em outubro passado a BD “Alexandra Kim – A siberiana”, a partir de um romance de Jung Cheol-Hoon.