Edição por Tomás Albino Gomes
“A noite passada foi dura, de novo tiros, de novo bombardeamentos de bairros habitacionais, de infraestruturas civis. Não há nada hoje que o ocupante não considere um alvo legítimo”. Foi desta forma que o presidente ucraniano descreveu esta manhã os combates com o exército russo durante a noite. O que aconteceu?
- As autoridades ucranianas confirmaram que as tropas russas entraram hoje em Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia, localizada no nordeste do país. A intensidade dos combates em Kiev diminuiu na última noite relativamente à anterior, mas aumentou na segunda cidade ucraniana. À hora que este texto segue, as forças armadas ucranianas anunciam ter reassumido o controlo da cidade.
- As forças armadas russas cercaram as cidades de Kherson e Berdiansk.
- Um depósito de petróleo perto do aeroporto de Zhuliany, a cerca de 40 quilómetros a sul da capital, está em chamas, atingido num ataque russo, segundo o gabinete do Presidente, Volodymyr Zelensky, e o presidente da câmara da cidade vizinha de Vasylkiv. O gabinete do chefe de Estado também disse que as forças russas fizeram explodir outras instalações de combustível em Kharkiv, levando o governo a avisar as pessoas para se protegerem do fumo, cobrindo as janelas com panos húmidos.
- Enormes explosões iluminaram o céu no início deste domingo a sul da capital, Kiev, onde as pessoas se abrigam nas suas casas e espaços subterrâneos para se protegerem de um ataque em grande escala por parte das forças russas. A Ucrânia diz que abateu um projétil disparado contra a capital por um avião bielorusso esta manhã de domingo.
- Vladimir Putin fez um breve discurso esta manhã em que se referiu à invasão da Ucrânia pela Rússia como uma “operação especial para prestar assistência às repúblicas populares do Donbass”, tendo saudado o “heroísmo” das forças especiais russas.
Se a noite foi dura para o lado ucraniano, as primeiras horas do dia foram imediatamente ofuscadas pela Rússia que anunciou que uma delegação chegou hoje à cidade bielorrusa de Gomel para conversações com responsáveis do governo ucraniano.
Depois de uma resposta negativa do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse que o país está pronto para negociações, mas não na Bielorrússia - e indicou Varsóvia, Bratislava, Istambul, Budapeste ou Baku como locais alternativos para decorrerem as negociações - o Kremlin anunciou esperaria até às 15h00 locais (12h00 em Portugal) pela resposta final.
O Presidente ucraniano considerou ainda que há outros locais possíveis para que delegações de ambos os países se possam sentar à mesa de negociações, mas deixou claro que a Ucrânia não aceita a escolha feita pela Rússia – de que decorram na Bielorrússia.
A resposta final terá sido, pelas palavras de Putin, que disse que os representantes ucranianos "não aproveitaram esta oportunidade até agora", negativa - o que não é surpreendente, uma vez que foi através da Bielorrúsia que a Rússia lançou parte da invasão à Ucrânia.
As principais incidências do conflito desta manhã
- A Ucrânia pediu ao Tribunal Penal Internacional que ordene a Moscovo que cesse as hostilidades, anunciou o Presidente ucraniano.
- Volodymyr Zelenskyy defendeu a expulsão da Rússia do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas por considerar que a invasão da Ucrânia equivale a um ato de genocídio.
- O Presidente ucraniano apelou aos cidadãos de países estrangeiros amigos da Ucrânia para se juntarem à luta contra a agressão russa, integrando uma espécie de nova Legião Estrangeira.
- O número de refugiados que fugiram dos combates na Ucrânia para os países vizinhos, desde a invasão russa desencadeada na quinta-feira, continua a aumentar e, de acordo com as Nações Unidas, já vai em cerca de 368 mil refugiados.
- A Alemanha vai fechar o seu espaço aéreo às companhias de aviação e jatos privados russos a partir das 15:00 de hoje (14:00 em Lisboa), anunciou o Ministério dos Transportes, acompanhando uma medida adotada por numerosos países europeus.
- A República Checa anunciou hoje que não vai defrontar a Rússia caso as duas seleções se apurem para a final do 'play-off' para o Mundial2022 de futebol, como forma de protesto contra a invasão da Ucrânia pelas tropas russas.