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Newsletter diária • 09 set 2022

 
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A Rainha morreu. Longa vida ao Rei

 
 

Edição por António Moura dos Santos

O mundo deparou-se ontem com o fim do reinado (e da vida) de Isabel II: 70 anos à frente do trono, 96 primaveras. Foi o mais longo da história do Reino Unido. À mãe sucede-se agora o filho, Carlos III, de 73 anos. Dificilmente terá a mesma longevidade da mãe com a coroa colocada na cabeça, mas é nos seus ombros que recaem os destinos e as ânsias da sua nação.

Hoje entramos no D1, o primeiro dia da Operação London Bridge, desenhada para a inevitabilidade de Isabel II falecer. Carlos III e Camila, a Rainha Consorte, já abandonaram Balmoral, onde passaram a noite, rumo a Londres. Estes são os passos seguintes:

  • Pelas 12:00, a Abadia de Westminster, Catedral de São Paulo e outras igrejas do país vão assinalar a morte de Isabel II com um toque de sinos em uníssono, devendo ser tocadas 96 badaladas, uma por minuto marcando a idade da rainha.
  • Às 13:00, para marcar a morte da Comandante Suprema das Forças Armadas, terá lugar uma salva de 96 tiros de canhões em Hyde Park (Londres), Torre de Londres, em Belfast, Cardiff e Edimburgo e no estrangeiro. 
  • Quando Carlos III e respetiva comitiva chegarem à capital, serão recebidos com uma salva de tiros. Segue-se um encontro com Liz Truss, a primeira-ministra, e com o marechal Conde Edward Fitzalan-Howard, o responsável pela preparação funeral da sua mãe e da proclamação do rei, a fim de aprovar o horário para os próximos dias.
  • A hora marcada para a comunicação televisiva do rei é às 18:00, para manifestar ao país o compromisso no cumprimento dos deveres como novo chefe de Estado e prestar homenagem à mãe e soberana.

São, ao todo, 12 dias de luto nacional decretados, tendo tido implicações imediatas na vida do país: as duas Câmaras do Parlamento, a dos Comuns (baixa) Comuns e a dos Lordes (alta) interromperam os trabalhos normais para realizar uma sessão especial única com início ao meio-dia e duração de dez horas, até às 22:00, onde a primeira-ministra e deputados farão intervenções em homenagem a Isabel II. Além disso, sabe-se que esta jornada do campeonato de futebol inglês, a Premier League, vai ser adiada.

O tempo, para já, é de luto, de celebração e de reflexão. Mas terá necessariamente de dar azo a um outro de pragmatismo: o Reino Unido encontra-se perante uma crise do custo de vida fulminante e o inverno promete ser inclemente no que toca ao preço da energia, não obstante as medidas já anunciadas por Truss. Além disso, há a questão da independência da Escócia, as tensões reavivadas na fronteira entre as Irlandas, os desafios económicos e políticos causados pelo Brexit, um Partido Conservador no poder mas enfraquecido em convulsão e, ainda, a potencial renúncia de mais estados vassalos à coroa ou a saída da Commonwealth.

Além disso, ainda é uma incógnita se Carlos III aceitará manter-se rei — não teve escolha nesta fase, é o herdeiro direto e o trono não pode ficar vazio —, já que está longe de recolher a preferência dos britânicos: é apenas o 17.º membro da família real na escala de popularidade.

O monarca não só tem o seu passado manchado pela relação com a Princesa Diana, como é uma personalidade opinativa, talvez em demasia para um cargo que se quer cerimonial e largamente indiferente aos rumos políticos do país.

É possível que Carlos III renuncie para dar o lugar ao seu filho, o príncipe William — que, nesse caso, tornar-se-ia William V —, bem mais popular que o seu progenitor. No entanto, é improvável: segundo vários analistas, porque apesar de várias divergências familiares, Carlos foi preparado e preparou-se para ser rei ao longo de toda a vida. Tinha apenas três anos quando a mãe foi proclamada rainha e chega ao trono quase 70 anos depois. William, atualmente com 40 anos e segundo na linha de sucessão, será agora o príncipe na fila de espera.

Que seja Carlos, quer seja William, uma coisa é certa: o Reino Unido vai passar a cantar "God Save the King"

 
 

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