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Newsletter diária • 26 dez 2022

 
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António Mega Ferreira (1949-2022)

 
 

Por Inês F. Alves

"Era um homem que queria que a vida fosse grande. Morreu hoje. Chamava-se António Mega Ferreira."

As palavras são de Patrícia Reis, amiga pessoal, que escreveu sobre o escritor e gestor cultural que faleceu hoje, aos 73 anos.

Ele, que disse um dia que gostaria de ficar "conhecido na história como um tipo que fez essas coisas todas" na área da cultura, era licenciado em Direito, foi jornalista, escritor, gestor cultural, liderou a representação de Portugal como país convidado da Feira do Livro de Frankfurt, em 1997, presidiu a candidatura de Lisboa à Expo98, de que foi comissário, foi administrador da Parque Expo, presidente do Centro Cultural de Belém e diretor executivo da Associação Música, Educação e Cultura, que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa e as suas três escolas.

Numa homenagem sentida, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fala "num dos melhores da sua e minha geração", numa "das figuras mais dinâmicas da cultura portuguesa do último meio século".

António Mega Ferreira nasceu em Lisboa, em 25 de março de 1949, na Mouraria, na rua Marquês de Ponte de Lima, onde viveu a infância e a adolescência, recorda o perfil publicado hoje pela agência Lusa.

A morte do pai, em 1969, levou-o ao mercado de trabalho, primeiro como tradutor de imprensa estrangeira, no antigo Secretariado Nacional de Informação do Estado Novo, depois com a opção pelo jornalismo. Passou por várias redações, mas destaca-se hoje sobretudo o seu papel na Expo 98, "que não foi só um evento temporalmente situado, mas um momento transformador de Lisboa", destaca Marcelo Rebelo de Sousa.

A isto soma-se a sua passagem pela Círculo de Leitores, pelo CCB e pela Metropolitana, além de inúmeras obras publicadas ao longo da vida, a última lançada em outubro deste ano, "Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas", um "exercício de introspeção e de memória" onde cruza viagens, episódios de infância, livros, sempre livros, e os seus autores.

Enquanto o país recorda "o legado da sua obra literária, de jornalista, e da inovadora ação que lhe é devida na vida cultural de todos nós", como escreveu o atual presidente da fundação CCB, Elísio Summavielle, são muitos aqueles que destacam o amigo "entusiasta e cúmplice", que era "hilariante e impetuoso", e que, voltando a Patrícia Reis, "era brilhante, excessivo, culto, humorado. E tinha defeitos, como o resto dos mortais".