As queixas daqueles "que o Estado português não quer aceitar"
Edição por Alexandra Antunes
Mais de uma centena de imigrantes asiáticos concentraram-se esta manhã em frente à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), em Lisboa, para contestar a falta de respostas das autoridades portuguesas e exigir direitos iguais para todos.
"Direitos iguais para todos", "somos todos legais", "não mais espera" e “residência para todos” são algumas das frases gritadas pelos imigrantes asiáticas na manifestação promovida pela Associação Solidariedade Imigrante.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da associação, Timóteo Macedo, criticou o acordo assinado recentemente entre o Estado português e as entidades patronais para a contratação nos países de origem, conhecido como via verde, dizendo que desta forma os trabalhadores vão ficar "escravizados e nas mãos dos patrões".
Em declarações anteriores à agência Lusa, o presidente da associação referiu que têm recolhido muitas queixas de imigrantes do Bangladesh, Nepal, Paquistão e Índia. “[Aqueles] que o Estado português não quer aceitar”, adiantou.
Quais as queixas dos imigrantes?
“Reunimos há pouco tempo com representantes das várias comunidades que estão a ser muito perseguidas, até por algumas organizações da extrema-direita em Portugal. Falamos das comunidades asiáticas e também das comunidades islâmicas”, disse Timóteo Macedo, denunciando o “aumento da islamofobia” no país.
O dirigente acusou a AIMA de estar a mostrar uma “grande inoperância”, o que deixa a vida de milhares de imigrantes suspensa, e acusou esta estrutura de estatal de “não responder e indeferir mais de 50% das anteriores manifestações de interesse”.
Além disso, os imigrantes identificados como irregulares noutros países europeus são colocados numa “lista de não admissão do espaço Schengen” e, por causa disso, não têm resposta da AIMA.
Essas pessoas optaram por vir para Portugal para pedir manifestações de interesse e caberia à AIMA identificar os casos e retirá-los da lista em causa, caso cumpram os requisitos legais em Portugal.