Atirar tinta a políticos: ativismo ou censura?
Edição por Ana Maria Pimentel
A líder do PAN reagiu ao ataque dizendo aos jornalistas que considera que a mudança "só se faz com debate sério e com os jovens e a população a saírem à rua e não a atirar tinta aos políticos".
"Não nos podemos esquecer que, no próximo dia 10 de março, há uma força política que está representada no boletim de voto e que luta, precisamente, pelo combate às alterações climáticas, que é o PAN", sublinhou também.
"Ao invés de atirarmos tinta e estarmos a discutir aquilo que é a ação da Climáximo, seria importante estarmos a discutir as políticas ambientais de cada força política. Lamentamos, por isso, que este incidente tenha acontecido. Apesar de discordarmos daquela que é a visão da Aliança Democrática (AD), mas também de quem governa este país, temos de garantir que temos políticas para o futuro e isso só se faz com debate sério e com os jovens e a população a saírem à rua e não a atirar tinta aos políticos", acrescentou.
Os jovens em causa foram interpelados pela Polícia de Segurança Pública que refere que detetou um grupo de jovens com comportamentos suspeitos nas imediações Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde está decorrer a BTL, tendo apurado que pertenciam a uma organização ambientalista.
Segundo a PSP, quatro dos cinco ativistas do grupo foram abordados de imediato pela polícia e tinham na sua posse uma lata de tinta que foi apreendida, mas um dos jovens “não foi monitorizado em tempo, motivo pelo qual conseguiu atingir” o líder da Aliança Democrática com tinta verde, bem como outros membros da comitiva. A PSP refere que o ativista “foi de imediato intercetado e detido”, tendo sido apreendida a lata de tinta utilizada para cometer o ilícito criminal.
Pouco depois, Montenegro anunciou que vai formalizar ainda hoje uma queixa contra o ativista que o atingiu com tinta verde, à entrada da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), e agradeceu as manifestações de solidariedade.
Manifestações essas que vieram até das mais altas figuras da nação.
Também o Presidente da República considerou hoje que os ataques com tinta já perderam a eficácia, sublinhando que a luta climática “é boa” e que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante a visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde, horas antes, o presidente do PSD, Luís Montenegro, foi atingindo com tinta verde por um ativista climático.
“A ideia é uma boa ideia, que é o clima e que todos partilhamos. […] É um bom apelo, é um apelo de jovens, agora eu penso que a partir de determinada altura é uma forma de atuação muito pouco eficaz”, considerou o Presidente da República, ladeado pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia, mas considerou que esta forma de atuação “francamente, já perdeu eficácia”, por ser repetitiva.
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