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Newsletter diária • 03 jan 2022

 
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O outro Rui e o discurso mais "previsível que um disco riscado". Já começaram os debates para as legislativas

 
 

Edição por Tomás Albino Gomes

O Rui não era aquele de que tanto se fala, mas isso não foi desculpa para não o trazer também para a mesa no debate entre António Costa (PS) e Rui Tavares (Livre). No frente a frente entre o atual primeiro-ministro e o líder do partido da papoila, que se estreou na Assembleia da República na última legislatura, durante poucos meses no entanto, uma vez que Joacine Katar Moreira se desvinculou do partido e tendo continuado como deputada não inscrita, falou-se muito do outro Rui.

“A escolha que temos que fazer é saber se a página que viramos é uma página para prosseguir com uma maioria de progresso ou se é uma página de retrocesso com o regresso às políticas de austeridade e essa escolha faz-se na escolha dos primeiros ministros entre mim e o doutor Rui Rio”, vincou Costa.

Já nos instantes finais, Tavares afirmou: “Entre o meu partido e o seu, aquele que é muito claro que nunca apoiará um governo de Rui Rio e que estará na oposição é o Livre não é o PS”.

Num debate em que António Costa deixou de fugir à expressão "maioria absoluta", Rui Tavares defendeu que “um voto no Livre é o único voto à esquerda que não deixa tudo na mesma” e disse convergir com a ideia de que é preciso “virar a página”, mas “para a frente e não para trás”.

Questionado sobre a necessidade de um acordo escrito à esquerda, defendida pelo Livre, Costa respondeu que “a forma nunca é uma questão essencial”, recordando que na legislatura anterior havia um documento escrito, mas não havia compromisso dos partidos viabilizarem o orçamento.

Tavares acusou Costa de se estar a “apresentar como vítima de uma situação da qual é corresponsável”, dizendo que o atual primeiro-ministro “não quis fazer um acordo multilateral e multipartidário por escrito e estava numa posição de o fazer” e que isso gerou uma “legislatura frágil”.

No outro debate da noite, entre Catarina Martins (BE) e André Ventura (Chega), os principais temas em cima da mesa foram a corrupção e os apoios sociais.

No arrancar do frente a frente, a coordenadora do Bloco abordou o tema da corrupção e defendeu que “uma das decisões” e das “maiores escolhas que o país tem de fazer para abrir um novo ciclo político é o combate determinado à corrupção”, apontando diretamente para o Chega, que acusou de nunca ter feito nada nessa matéria.

“As pessoas estão chocadas com o que veem todos os dias a acontecer no país e precisam de saber que a extrema-direita não fez nada pelo enriquecimento injustificado. (…) Corrupção sobre clubes de futebol, nem um pio. Quando foi para acabar com os vistos ‘gold’, votaram contra, e sobre as ‘offshores’, têm estado caladinhos”, afirmou.

Em resposta, André Ventura acusou o BE de querer aumentar o Rendimento Social de Inserção e afirmou que, nas próximas eleições legislativas, irá fazer “tudo” para “retirar António Costa do poder”.

Perante a insistência da líder do BE – que reiterou que o Chega não apresentou “uma única proposta concreta” para “criminalizar as transferências para ‘offshores’ e acabar com os vistos ‘gold’” – André Ventura garantiu que a sua força partidária apresentou uma proposta na Assembleia da República para duplicar as penas por corrupção passiva dos oito para os 16 anos, além de ter proposto uma comissão de inquérito para investigar o financiamento de campanhas eleitorais por parte do BES, acusando os bloquistas de terem votado contra ambas as iniciativas.

“Portanto, quando o BE quiser debater corrupção, marque o dia e a hora, eu estou lá de manhã até à noite consigo, a noite toda se quiser, o dia todo se quiser, e debatemos corrupção”, disse.

Acusando Ventura de ser "mais previsível que um disco riscado" e de não ter dito “nada sobre a criminalização dos ‘offshores’”, Catarina Martins retomou uma frase do líder do Chega – “metade trabalha para sustentar a outra metade -, para alegar que, em Portugal, há 2% de “pessoas tão pobres que precisam de prestações sociais” e que uma em cada três pessoas que beneficiam do RSI são crianças.

“Na verdade, eu percebo o sentimento que existe no país de que há quem trabalhe para outros que não trabalham, só que não são os que precisam de apoios sociais e estão na pobreza, são aqueles que a extrema-direita ajuda, mantendo os vistos ‘gold’, mantendo os ‘offshores’, mantendo esta cortina para uma economia que vive da exploração”, frisou.

Ainda no tema legislativas, é hoje notícia no DN que dos 174 cabeças-de-lista aos 22 círculos eleitorais do país, nas eleições de 30 de janeiro, apenas 60 são mulheres, um valor que, em percentagem, não chega aos 35%.

Nas contas, o BE é o único partido com paridade nos cabeças-de-lista, com 11 homens e 11 mulheres como cabeças-de-lista. O Chega é o que menos paridade apresenta no topo das listas, com apenas duas mulheres na liderança das mesmas. Nota ainda para o PS e PSD que têm menos mulheres a encabeçar listas do que em 2019.

 
 

Debates na TV | 3 de janeiro

 
 

21h00: PSD Vs. Chega (SIC)

22h00: BE VS. PCP (CNN Portugal)

 
 
 
 

 
 

Uma palavra inglesa leva-nos a uma palavra portuguesa, que nos leva a uma palavra latina — e tudo se complica. Continuar a ler