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Newsletter diária • 14 jun 2020

 
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Estas estátuas sobrevivem à (sua) história?

 
 

Edição por Rita Sousa Vieira

Um pouco por todo o mundo, a onda de protesto contra o racismo ganhou, na última semana, novos contornos: os alvos são agora estátuas e esculturas de figuras do passado que os manifestantes consideram racistas, ligados ao imperialismo ou à era colonial.

Começou nos EUA, durante protestos contra a morte de George Floyd, mas já galgou fronteiras. O modus operandi de quem contesta estas figuras é semelhante, não importa a geografia, e passa pela pichagem, destruição ou remoção de estátuas.

Do continente norte-americano ao velho continente, estas estátuas não sobrevivem à sua história. Reunimos alguns casos e explicamos o debate em curso.

Em várias cidades dos Estados Unidos, várias estátuas de Cristóvão Colombo foram vandalizadas. Colombo é uma figura polémica há anos nos Estados Unidos. O navegador genovês, que os livros de História registam como o homem que descobriu a América, é hoje frequentemente considerado uma das figuras responsáveis pelo genocídio das populações nativas do continente, sendo criticado na mesma linha dos esclavagistas e generais confederados durante a Guerra de Secessão.

Outros casos:

  • No estado da Virgínia, um monumento a um dos líderes da Confederação, Williams Carter Wickham, também foi arrancado do pedestal.
  • Em Portsmouth, New Hampshire, manifestantes decapitaram e desmantelaram quatro estátuas que faziam parte de um monumento de homenagem à Confederação, derrotada na Guerra de Secessão (1861-1865).
  • Em Miami, na Flórida, uma estátua de Cristóvão Colombo foi vandalizada com tinta vermelha e inscrições como “Black Lives Matter” (“as vidas dos negros contam”) ou “George Floyd”, antes de a polícia fazer várias detenções, de acordo com o jornal Miami Herald.
  • Em Boston, uma estátua de Colombo também foi decapitada.

Na quarta-feira, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, apelou à retirada das estátuas das figuras da Confederação do Capitólio, numa altura em que os protestos antirracismo relançam o debate sobre o lugar a atribuir aos defensores do esclavagismo.

E o movimento rapidamente chegou à Europa. No sul de Inglaterra, as autoridades removeram preventivamente a estátua de Robert Baden-Powell, o fundador dos escuteiros, acusado de ser simpatizante do regime nazi.

A decisão foi tomada numa altura em, no país, surge um crescente número de apelos para serem identificados e removidos estátuas e outro tipo de monumentos ou homenagens em espaços públicos britânicos a esclavagistas ou autores de declarações racistas. As iniciativas foram tomadas após a estátua do comerciante de escravos do século XVII Edward Colston ter sido derrubada no domingo em Bristol, arrastada pelas ruas e lançada para as águas do porto da cidade por manifestantes anti-racismo.

  • Estão em curso petições para remover as estátuas do colonizador Cecil Rhodes de um edifício da universidade de Oxford, a estátua do político Henry Dundas de uma praça em Edimburgo e a estátua do fundador da polícia britânica Robert Peel na praça central de Manchester.

Em Antuérpia, o Rei Leopoldo II, figura controversa do passado colonial da Bélgica, foi pintado de vermelho. Depois de vandalizada, a escultura foi removida do local e transportada para um museu local. Não foi caso único, nas últimas semanas, várias estátuas de Leopoldo II pelo país foram vandalizadas e foi lançada uma petição, de um grupo intitulado “Reparar a História”, para a retirada das estátuas e bustos do antigo rei da capital belga.

Leopoldo II (1835-1909) é há muito uma figura polémica na Bélgica pelos excessos do seu governo no antigo Congo belga, atual República Democrática do Congo, incluindo, segundo historiadores, a morte de cerca de 10 milhões de congoleses.

A cidade de Hamilton, na Nova Zelândia, retirou, esta semana, de uma praça na localidade a estátua do capitão britânico John Hamilton, figura polémica na luta de terras com o povo nativo Maori, no século XIX. A remoção do monumento, colocado em 2013 na cidade de Hamilton, na ilha norte, ocorre depois de um residente maori ter declarado publicamente que planeava derrubá-la, durante os protestos antirracistas que estão agendados para esta cidade, no próximo fim de semana.

Em Portugal, na passada quinta-feira também a estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, foi vandalizada com a palavra "descoloniza" pintada a vermelho. Não foi a primeira vez, em 2017 a mesma escultura já tinha sido alvo de protestos — no mesmo ano em que se abriu o debate sobre o nome e a construção de um Museu das Descobertas.

Mas apesar de ter ganho nas últimas semanas novo fulgor, este tema (o do questionamento da representação do nosso passado no espaço público) está longe de ser um tema recente ou que reúna consensos. Com o debate em curso, reunimos algumas sugestões de leitura, na imprensa nacional e internacional, do que se tem escrito e refletido. Especialistas e ativistas pedem que os atos não se desviem do objetivo e que não se menospreze a disciplina de História, entre outros ângulos de análise.

 
 
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