No segundo dia de invasão, forças russas chegam à capital ucraniana
A Ucrânia entrou no segundo dia de invasão por Moscovo com as forças russas a aproximar-se da capital Kiev. Foram já ouvidos tiros no centro da capital ucraniana, noticiou a agência norte-americana Associated Press (AP).
O exército ucraniano admitiu que as tropas russas se estão a aproximar de Kiev de nordeste e de leste, segundo a agência France-Presse (AFP). “Tendo sido empurrado para trás pelos defensores de Cherniguiv, o inimigo procura contornar a cidade para atacar a capital”, disse o comando das tropas ucranianas na rede social Facebook. Um conselheiro do presidente da Ucrânia disse hoje que Volodymyr Zelensky vai continuar na capital para “demonstrar a resiliência do povo ucraniano”, segundo a agência russa TASS.
A Rússia alargou a invasão da Ucrânia à periferia da capital e, ainda de madrugada, os Estados Unidos afirmavam-se convencidos de que o cerco a Kiev estava iminente. As explosões soaram antes do amanhecer em Kiev. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o governo tinha informações de que "grupos subversivos" estavam a invadir a cidade.
Entretanto, o presidente ucraniano dirigiu-se ao presidente russo convidando-o a sentar-se à mesa de negociações. “Gostaria de me dirigir ao presidente da Federação Russa mais uma vez. A luta está a acontecer em toda a Ucrânia. Vamos sentar-nos à mesa de negociações. Para parar a morte de pessoas”, disse o dirigente ucraniano citado pelo jornal russo Novaya Gazeta. Zelensky também apelou aos russos para que saiam de casa e se manifestem pelo fim da guerra.
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, disse hoje que a Rússia quer que as forças armadas da Ucrânia deponham as armas para “libertar os ucranianos da opressão” e regressar às negociações: ”Estamos prontos para negociações em qualquer altura, assim que as forças armadas ucranianas ouvirem o nosso apelo e depuserem as armas”, disse Lavrov numa conferência de imprensa em Moscovo, citado pelas agências espanhola EFE e francesa AFP.
Lavrov disse que o objetivo da invasão russa da Ucrânia ordenada pelo Presidente Vladimir Putin é libertar os ucranianos da opressão, numa indicação de que Moscovo pretende derrubar o atual governo do presidente Volodymyr Zelensky. “O presidente Putin tomou a decisão para esta operação militar especial de desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia para que, libertados desta opressão, os ucranianos possam escolher livremente o seu futuro”, disse.
Bruxelas apresentou novas sanções à Rússia, que abrangem membros do Conselho de Segurança Nacional russo e o corte a depósitos acima de 100 mil euros em bancos europeus, visando a elite russa. Fontes europeias indicaram à agência Lusa que este segundo pacote de sanções para os setores financeiro, energético, dos transportes, exportações e de política de vistos, que se segue a um primeiro com novas medidas restritivas aprovado formalmente na quarta-feira, abrange “seis áreas adicionais” e novos indivíduos.
A final da edição de 2021/22 da Liga dos Campeões de futebol vai ser disputada em Paris, em vez de São Petersburgo, anunciou hoje a UEFA. O palco do encontro decisivo da principal competição europeia de clubes é assim alterado pelo terceiro ano consecutivo, depois de Lisboa e Porto terem acolhido as finais de 2019/20 e 2020/21, devido à pandemia de covid-19, em ambos os casos em detrimento de Istambul, na Turquia. Um dia depois de ter “veementemente a invasão militar”, a UEFA reuniu o comité executivo para avaliar a situação na Ucrânia, decidindo retirar à Rússia a organização da final da ‘Champions’, marcada para 28 de maio.
A UEFA anunciou também que os jogos das competições europeias a serem disputados na Ucrânia ou na Rússia vão passar para terreno neutro. "Na reunião do Comité executivo ficou também decidido que os clubes e as seleções nacionais da Rússia e da Ucrânia disputem os seus jogos em casa em campos neutros, até novas indicações", refere a UEFA. O Spartak Moscovo é a única equipa dos dois países ainda em prova nas competições de futebol sénior masculino.
Na quinta-feira, o primeiro dia da invasão, as tropas russas já tinham tomado o ponto de fronteira de Vilcha, também na região de Kiev, a 50 quilómetros da fronteira bielorrussa. Pouco depois, tomaram de assalto o aeródromo Hostomel, a 35 quilómetros da capital, onde chegaram com 200 paraquedistas, segundo o exército, mas as forças armadas ucranianas conseguiram recuperar o controlo, de acordo com o conselheiro presidencial Alexei Aristovich.