Edição por António Moura dos Santos

24 horas loucas: da invasão do Capitólio à confirmação de Biden

• O panorama político norte-americano continua a dar provas de que a realidade é mais estranha que a ficção. Hoje de manhã, o Congresso dos EUA ratificou os resultados das eleições, o que significa, por fim, que Joe Biden deverá ser mesmo o presidente dos EUA, com a sua tomada de posse a ocorrer dia 20.

• Este procedimento normalmente ocorreria sem ondas, mas nada nestas eleições tem sido normal. Alimentados pela contínua narrativa de Donald Trump de que ocorreu fraude eleitoral a favorecer os democratas, senadores republicanos tentaram contestar os resultados uma última vez, sem sucesso.

• Mas o verdadeiro ato de contestação partiu de fora, já que centenas dos apoiantes de Trump concentraram-se junto ao Capitólio dos EUA — onde se reúnem ambas as câmaras legislativas do país — e conseguiram romper o cordão policial e invadir o edifício. Muitas dúvidas tem sido colocadas quanto à atuação das forças de segurança neste cenário, pela sua incapacidade em conter a multidão.

• Desta tentativa desesperada de impedir Biden de ser presidente resultou a morte de, pelo menos quatro pessoas, sendo que a sessão de ratificação dos resultados teve de ser interrompida e os senadores e congressistas retirados do edifício. Só ao fim de quatro horas é que a situação ficou controlada, com Washington DC tendo imposto um recolher obrigatório.

• Em resposta aos protestos, Joe Biden reagiu no Twitter considerando-os um ataque à democracia. A comunidade internacional condenou o ocorrido e alguns críticos do atual presidente acusaram-no de promover esta invasão, alimentando as pretensões dos seus apoiantes.

• Esse foi também o entendimento da rede social favorita de Donald Trump. O Twitter suspendeu a conta do presidente dos EUA por entender que, apesar de algumas das suas publicações pedirem aos apoiantes que se retirassem, desculpavam o seu comportamento.

• Por se encontrar sem acesso a esta ferramenta de comunicação, Trump foi forçado a passar uma mensagem através do seu diretor de redes sociais, Dan Scavino, quando se soube da ratificação dos resultados de Biden. O atual presidente assumiu que haverá uma transição ordeira de poder para o seu sucessor.

• Entretanto, enquanto o caos grassava em Washington, souberam-se os resultados da Geórgia: ambos os senadores democratas a concorrer venceram os seus rivais republicanos. Significa isto que Biden controlará tanto a Câmara dos Representantes como o Senado, facilitando a sua vida no que concerne à aprovação de leis.

Uma ministra debaixo de fogo

• Por cá, outra casa da democracia também estará em foco, já que a ministra da Justiça, Francisca van Dunem, estará hoje no parlamento para dar explicações aos deputados sobre as incorreções no currículo do procurador europeu José Guerra enviadas ao Conselho Europeu.

• A polémica estalou quando, na semana passada — e em véspera de Portugal assumir a presidência da União Europeia —, foi noticiado que, numa nota enviada a Bruxelas em novembro de 2019, o Governo apresentou dados falsos sobre o magistrado preferido para procurador europeu, depois de um comité europeu de peritos ter considerado Ana Carla Almeida a melhor candidata para o cargo.

• O caso, recorde-se, já provocou a demissão do diretor-geral da Política de Justiça e motivou pedidos à direita da demissão de van Dunem, que disse estar “ansiosa por ir ao parlamento dar essas explicações para ver se isto acaba”.

Novas restrições à vista?

• Depois de ontem a Assembleia da República ter aprovado uma nova extensão do estado de emergência até 15 de janeiro, hoje o Governo deverá anunciar quais as medidas que poderão acompanhá-lo.

• Dado o novo recorde de casos em Portugal — ultrapassando o patamar dos 10 mil — na ressaca das festividades de fim de ano, alguns especialistas prevêem que a hipótese de um confinamento volte para cima da mesa.

Veja as primeiras páginas dos jornais de hoje no SAPO24

Público:

- "Invasão do Congresso: Estados Unidos assistiram a um 'assalto sem precedentes' à sua democracia"

- "Especialistas admitem mais restrições e um novo confinamento"

- "Charles Michel: 'Queremos, com os EUA, uma aliança entre iguais'"

- "Apoio à Retoma Governo aprova novos apoios para 250 mil trabalhadores"

Jornal de Notícias:

- "Milhares de cirurgias bloqueadas pela pandemia"

- "Governo discute fecho das escolas"

- "Frio: Consumo de gás e eletricidade bate recordes"

- "Procurador: UE confiou na nomeação portuguesa"

- "Médicos e enfermeira julgados por negligência na morte de bebé"

Jornal i:

- "Covid. 'Este trimestre vai ser o purgatório'"

- "Alunos levam mantas para as escolas para se protegerem do frio"

- "Marcelo Rebelo de Sousa esteve em risco, mas voltou à campanha"

- "Bancos deram mais de 37 milhões por dia para compra de casa"

- "China atrasa entrada de cientistas da OMS que investigam origem da covid"

Diário de Notícias:

- "SNS perto da linha vermelha"

- "Eutanásia só por 'lesão de gravidade extrema'"

- "Gasolina e diesel com fim de linha em 2035?"

- "Aumentos para um quinto da função pública neste ano"

Negócios:

- "Shoppings podem ter de devolver rendas a lojistas"

- "IMI baixa para quase metade da população"

- "Aumentos salariais do Estado chegam aos jovens polícias"

- "Autoestrada do Algarve foi a que perdeu mais tráfego com a pandemia"

Visão:

- "As herdeiras milionárias do império Queiroz Pereira"

- "Covid-19 Como lidar com a culpa de infetar alguém"

- "Memória: Os debates que ficaram na história"

- "Ana Abrunhosa: 'Demorei a sentir a desinibição de poder dizer o que penso no Governo'"

Correio da Manhã:

- “Escândalo na Justiça: Regras favorecem candidato desejado”

- “10.027 casos registados num só dia: Números de terça-feira passada são tantos como os somados no primeiro mês da pandemia”

- “Função Pública: Proposta de aumentos sobe até 800 euros”

- “Debate: Marcelo e Ventura em duelo intenso”

- “Golpe: Milionário burlado com carros de luxo”

A Bola:

- “Nacional-Sporting: Em alerta: Mau tempo na Madeira coloca em risco o jogo na Choupana”

Atualidade

O dia em que a democracia norte-americana foi invadida — e como reagiu Biden e (não reagiu) Trump

Atualidade

"A minha direita é (muito) diferente da tua". O debate contra Ventura em que o Presidente arregaçou as mangas e foi candidato