A IA entrou na pré-campanha, mas não da forma que devia
Edição por Ana Maria Pimentel
Sempre que há campanha, ou política no geral, há fait-divers. E nas Legislativas de 2025 parece que não será diferente. É possível que esta semana se tenha cruzado com as action figures que Humberto Ayres Pereira fez dos atuais líderes partidários e de outros políticos, cheias de alfinetadas mais ou menos subtis. Os bonecos feitos por IA ficaram de tal forma conhecidos que até o PSD decidiu criar o seu próprio boneco Luís Montenegro.
A IA entrou oficialmente na campanha, mas talvez lhe devêssemos abrir mais a porta. A ordem mundial mudou, e se esta conversa não é nova pode dizer-se que esta semana se concretizou. Mas a Guerra de Tarifas não é a única arma que EUA e o UE têm a riste, e a Inteligência Artificial vai ser um peão fundamental para a sobrevivência política e económica - e militar - da Europa.
Numa altura em que Governos ocidentais estão a proibir a Deepseek desde o dia em que foi anunciada, em Portugal o Ministério da Juventude e da Modernização está ainda a avaliar as implicações da utilização do modelo de inteligência artificial chinês DeepSeek para suportar uma tomada de decisão por parte do Governo. Os tempos da IA não são os tempos da burocracia, nem da política portuguesa. Mas têm que ser.
Se, por um lado, a ideia de a IA ir resolver todos os problemas do futuro "é um absurdo", por outro pode ajudar a resolver muitos da Europa e, claro, de Portugal. No início do ano, a cimeira da IA em Paris pôs em cima da mesa mais que os riscos, o potencial da tecnologia, as novas abordagens regulatórias e o impacto geopolítico do setor. Mas, acima de tudo, abriu o pano à estratégia "orgulhosamente sós dos EUA".
E no fim, os EUA não assinaram a declaração com os 60 países - incluindo a China - que pede que sê dê prioridade a uma IA aberta, inclusiva, transparente, ética, segura e fiável, com cooperação internacional. JD Vance foi claro: “Não estou aqui esta manhã para falar de segurança da IA. Estou aqui para falar da oportunidade da IA”.
Não será uma grande extrapolação dizer que os EUA não estão para falar no geral e, por isso, precisamos de ouvir cada vez mais a Europa e que papel Portugal quer ter na Europa.
A série “Adolescence” entrou de rompante na agenda e à boleia da história de um miúdo de 13 anos que mata uma colega de escola discutiram-se muitas coisas diferentes - é também esse o mérito daquilo que nos é mostrado. A adolescência dos rapazes foi mais discutida do que a das raparigas e a vida paralela de todos eles, meninos e meninas, e de todos nós, homens e mulheres, no infindável mundo da internet entrou-nos pelos olhos dentro. Já estamos suficientemente desconfortáveis? Continuar a ler
A violência juvenil está realmente a aumentar? Quais são as causas por trás deste fenómeno e como podemos preveni-lo? E como as redes sociais e os influenciadores têm um papel neste comportamento são alguns dos temas abordados na rubrica desta semana.