O que querem, afinal, os portugueses?
Edição por Rute Sousa Vasco
"Os portugueses não querem eleições".
"Os portugueses querem transparência".
"Os portugueses não querem políticos que não têm passado".
"Os portugueses querem governantes que não cedam a interesses".
Estas são algumas das frases que ouvimos nas últimas semanas, geralmente proferidas por políticos que são parte interessada na interpretação do que querem os portugueses.
Já muito foi dito sobre a empresa fundada por Luís Montenegro antes de ser primeiro-ministro e cuja quota maioritária passou depois para a mulher e os filhos quando foi eleito presidente do PSD. A mesma empresa que, há pouco mais de uma semana, passou a ser exclusivamente detida pelos filhos. Já muito foi dito sobre a crise política que Marques Mendes considerou, antes de acontecer, que faria Portugal entrar no Guiness como “um caso único de irresponsabilidade”.
Mas, depois de uma nova queda de governo (a terceira em pouco mais de três anos) e a caminho de novas eleições legislativas, ninguém sabe bem o que queremos nós, os portugueses. Há várias coisas que não sabemos e que têm impacto na decisão de voto. Por exemplo:
-Simpatizamos ou duvidamos de um político que tem uma empresa com a mulher e com os filhos da qual retira, em conjunto, enquanto agregado familiar, um rendimento que permite uma vida mais confortável do que a que teria com base nos respetivos ordenados (neste caso, um de educadora de infância e outro de primeiro-ministro desde há um ano)?
-Simpatizamos ou duvidamos de políticos que exibem conforto financeiro (espelhado, no caso de Luís Montenegro, no facto de ter várias casas ou poder pagar uma diária de 250 euros no Hotel Sana)?
-Simpatizamos ou duvidamos de um político por ter uma empresa?
-Simpatizamos ou duvidamos de políticos que, tendo uma vida dedicada à política, têm uma empresa com dimensão na esfera familiar, como é o caso de Pedro Nuno Santos?
-Simpatizamos ou duvidamos de políticos que tendo no partido vários militantes acusados efetivamente de crimes tão diversos quanto o roubo de malas ou assédio a menores, como é o caso do partido liderado por André Ventura, continuam a dizer que querem "limpar" Portugal?
Podíamos continuar, mas dificilmente estas perguntas não terão peso na forma como os portugueses vão votar no próximo dia 18 de maio. A forma como olhamos para a progressão social e económica, a ética que lhe deve estar subjacente (para todos, não apenas para os políticos) e a expectativa, essa sim, que temos sobre o perfil de quem nos governa dificilmente estará fora do boletim de voto.
Não é uma novidade. Nas eleições são apresentadas propostas políticas - na educação, saúde, habitação, emprego - mas votamos sempre nos políticos que as representam. Sabemos, em regra, mais sobre os políticos do que sobre as políticas. Queremos gostar ou detestar certas figuras e relacionamo-nos com a política pela empatia ou falta dela.
O perigo destas eleições é deixarmos de distinguir políticos e políticas e sermos esmagados pelo soundbite de que "são todos iguais". Essa é a verdadeira ameaça num mundo em que a vontade de alguns em "experimentar" políticos diferentes levou para a Casa Branca um presidente que vende Teslas nos jardins da residência - e isso é só o menor dos problemas.
Se quisermos entrar na máquina do tempo para recordar a volatilidade disto tudo, podemos recordar a frase de António Costa, então primeiro ministro, há apenas dois anos. Dizia ele: “Os portugueses manifestamente não querem dissolução nenhuma. Os portugueses não querem que os políticos criem problemas. O que os portugueses querem é que os políticos resolvam problemas.”
Onde isso já lá vai.
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