Re-confinar direitos, mas ainda assim afastar preconceitos
Edição por Pedro Soares Botelho
Este sábado, em Lisboa, deveria ser marcado pela Marcha do Orgulho LGBTI+. Após não se ter realizado em 2020, por causa da covid-19, estava prevista para a tarde de hoje, descendo a Avenida da Liberdade. Mas com Lisboa cercada a poucas horas do evento — e com a Direção-Geral da Saúde a emitir um parecer desfavorável a ainda menos horas —, a comissão organizadora cancelou a iniciativa — que mais do que um evento, é um ato de afirmação e libertação.
“Apesar das tentativas de contacto continuadas ao longo de dois meses, no sentido de preparar este evento com as melhores condições, recomendações e segurança possíveis, apenas na véspera a Direção-Geral da Saúde remeteu (…) um parecer desfavorável”, o que impossibilitou “a implementação de medidas de segurança adicionais ou modelos alternativos de marcha, além de não permitir uma desconvocação responsável da mesma”.
“A emissão de um parecer tão desfavorável num momento em que já nem um cancelamento público é eficaz acaba por se traduzir, na prática, numa forma encapotada de limitação de direitos políticos, em concreto, do direito de manifestação”, argumentou a organização num comunicado, citado pela agência Lusa.
“Sentimos que a DGS demonstrou uma desconsideração pelas sucessivas tentativas de contacto para planeamento duma marcha política segura, e ainda um profundo desconhecimento sobre a sua natureza e o que esta representa para a nossa comunidade”, pode ler-se na mesma nota.
A organização sustentou ainda que “as medidas de mitigação recomendadas (…) para a realização de uma marcha num momento mais favorável (leia-se adiamento da manifestação) incluem um conjunto alargado de pontos inexequíveis”. Em causa está a recomendação de medição de temperatura corporal, existência de instalações sanitárias de isolamento e um registo de todas as pessoas participantes, detalhou.
“Algumas recomendações levantam questões quanto à sua constitucionalidade e legalidade, merecendo uma enorme preocupação por parte da Comissão Organizadora da Marcha de Orgulho LGBTI+ de Lisboa”, salientou. “Consideramos este parecer e o tempo em que chegou um desrespeito e erro político”, concluiu a organização.
“Desconfinar direitos, afastar preconceitos” era o lema da 22.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, que “traz à luz os efeitos agravados e sentidos pela sua comunidade após um ano de pandemia”
Hoje no Euro
A seleção portuguesa de futebol pode garantir hoje o apuramento para os oitavos de final do Euro2020, mas terá de vencer a Alemanha, ainda à procura dos primeiros pontos no Grupo F.
A Hungria acabou por tornar-se numa oponente difícil de ultrapassar, na ronda inaugural, apesar do resultado de 3-0. Contudo, diante da seleção portadora de três títulos continentais (1972, 1980 e 1996) e quatro cetros mundiais (1954, 1974, 1990 e 2014), e “ferida”, face à derrota perante a campeã mundial França (1-0), o campeão europeu terá, certamente, de aplicar-se para vencer e não sair com um sabor amargo da Allianz Arena, em Munique.
Se na terça-feira, os mais de 60.000 adeptos húngaros tentaram transformar a Puskás Arena, em Budapeste, num autêntico inferno para a equipa de Fernando Santos, a casa do Bayern Munique apenas está autorizada a abrir as portas a 14.500 espetadores, correspondente a 22% da lotação.
De fora das escolhas de Portugal está o defesa do Sporting Nuno Mendes, que não recuperou de uma mialgia na perna esquerda, conforme adiantou, em conferência de imprensa, o selecionador luso Fernando Santos, que terá de escolher outros dois jogadores para enviar para a bancada, uma vez que na ficha de jogo só podem constar 23.
Portugal defronta este sábado a Alemanha, em Munique, às 18:00 locais (17:00 em Lisboa), enquanto a Hungria recebe na Puskás Arena, em Budapeste, a França, a partir das 14:00 (15:00).
Tal como Portugal, também a campeã mundial pode assegurar um lugar nos oitavos e fazer companhia às já apuradas Itália, Bélgica e Países Baixos. Para isso, basta vencer os húngaros, perante os quase 70.000 espetadores.
Também hoje, a Polónia, treinada pelo português Paulo Sousa, entra em campo à procura dos primeiros pontos no torneio, mas pela frente terá umas das favoritas à conquista do cetro, a Espanha, em jogo do Grupo E.