Se não conseguir ver esta newsletter clique aqui.

 
Image

Newsletter diária • 13 fev 2025

 
Facebook
 
Twitter
 
Instagram
 
 
 

Sair de casa dos pais? Está a acontecer mais tarde

 
 

Edição por Alexandra Antunes

Os jovens da Geração Z estão a sair mais tarde de casa dos pais. E os motivos não são razões culturais, mas sim dificuldades crescentes em aceder à habitação.

“A permanência dos jovens em casa dos pais é um fenómeno cada vez mais comum, que reflete as dificuldades crescentes de acesso à habitação das novas gerações. A concretização do desejo de possuir uma casa própria ou obter um arrendamento estável tornou-se um desafio importante, especialmente nos países do sul da Europa, como Portugal, Espanha, Itália e Grécia, que apresentam valores muito elevados de jovens entre 18 e 34 anos a residir em casa dos pais”, lê-se no resumo da coordenação do projeto "Housing4Z: Habitação, Bem-Estar e Desigualdades no Sul da Europa".

“Não é uma questão destes jovens ficarem cada vez mais em casa dos pais, como se fosse um problema, uma questão cultural que se imaginava até há 20 anos, 15 anos, 10 anos”, sublinha Romana Xerez, coordenadora do projeto realizado pelo CAPP - Centro de Administração e Políticas Públicas, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas (ISCSP).

Contudo, realça a investigadora, isto não quer dizer que a família não tenha “um papel muito importante, tradicionalmente, em termos de promoção do acesso à habitação” nos países do Sul da Europa. “A família é, de facto, um elemento de transferências intergeracionais deste património”, assinala.

Porém, o que se passa é que “os jovens de grupos mais desfavorecidos e […] até da classe média têm cada vez menos este património imobiliário que passa entre gerações”.

Ora, o mesmo não acontece nos países do Norte da Europa, onde os jovens podem sair mais cedo da casa dos pais porque “há medidas para os apoiar” nessa autonomização.

Romana Xerez justifica o foco da investigação na Geração Z, de jovens nascidos entre 1997 e 2012, por se tratar de “uma geração que tem um contexto muito particular, […] de crises múltiplas, […] de conflito na Europa, […] de alterações climáticas, de crise de energia”.

Estes fatores resultaram em alterações na configuração da economia, do emprego e também da habitação, traduzindo-se em desigualdades intergeracionais.

“Ter uma habitação própria não é só ter uma casa, mas também ter segurança, um ativo financeiro extraordinariamente importante no presente e no futuro”, recorda.

*Com Lusa