"1.º de Maio, aumentar salários e pensões, garantir direitos" e "Combater a exploração, Abril por um Portugal com futuro", são os lemas que encabeçam uma marcha que o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, quer que seja uma demonstração dos trabalhadores que de os valores de Abril estão bem presentes como há 50 anos.

Em declarações aos jornalistas, Tiago Oliveira, lembrou a manifestação da semana passada em Lisboa para assinalar os 50 anos da "grande conquista do 25 de abril, que o 1.º de Maio confirmou".

Por isso, disse esperar também para hoje "um grande 1.ºde maio", também justificado pela "perspetiva de baixos salários" que contém o programa do novo governo da Aliança Democrática (AD)

"Com o governo a dificultar a vida aos trabalhadores", este vão demonstrar, com esta manifestação, que é possível uma vida melhor, acrescentou.

Milhares de pessoas estão espalhadas em frente à Fonte Luminosa, em Lisboa, para assinalar o Dia do Trabalhador, enquanto aguardam pela chegada da marcha que partiu do Martim Moniz, que terminará com a intervenção do secretário-geral da CGTP-In.

Sérgio Rosa vem habitualmente à manifestação do 1.º de Maio organizada pela Confederação-Geral de Trabalhadores Portugueses – Intersindical (CGTP-In) por entender que é uma forma de mostrar o seu “descontentamento relativamente a muitas coisas que têm surgido no país”.

“É uma prova de vitalidade e de força dos trabalhadores manifestarem-se e procurarem melhorar a sua condição de vida”, defendeu.

Para Sérgio Rosa, 61 anos, o que neste momento está pior é a precariedade laboral, sobretudo entre os mais jovens, que “trabalham sem condições nenhumas, sem contratos de trabalho e com horários que não conseguem conciliar com a vida particular”.

Veio com a mulher, duas sobrinhas e um sobrinho “mais pequenino”, porque este acaba por ser também um momento de convívio em família.

Já no grupo de Salomé, Pedro e Francisca a média de idades oscila entre os 15 e os 16 anos e entre quem já veio mais vezes e quem vem pela primeira vez.

“O evento mais bonito de Portugal foi o 25 de Abril, que mais nos trouxe direitos, foi o arranque do país e então acho que é importante festejar isso e cuidar e estarmos presentes aqui”, defendeu Pedro Arreigas, 16 anos.

Salomé Carvalho, 15 anos, disse que apesar de todos serem estudantes, também trabalham e entende, por isso, que é preciso cuidar dos professores e de todos os outros trabalhadores que contribuem para a educação “pelo menos durante 12 anos” da vida de cada pessoa.

“Toda a gente que está aqui trabalha e toda a gente aqui merece direitos. Acho que somos todos iguais e acho que o 1.º de Maio foi super importante porque das maiores revoluções que alguma vez houve cá em Portugal”, apontou.

“Dar força às pessoas é coisa mais bonita que eu posso fazer”, acrescentou, enquanto se ouvia, ao fundo, a “Pedra Filosofal”, de António Gedeão, cuja versão mais conhecida foi cantada por Manuel Freire.

Já para Francisca Rodrigues, 16 anos, o 1.º de Maio de 1974 foi “super importante” por ser um evento que, tal como o 25 de Abril, “não é para esquecer”.

“Apesar de nós não trabalharmos, acho super importante o aumento dos salários e os direitos dos trabalhadores e as horas de trabalho. É uma preocupação para o futuro e para os dias de hoje”, sublinhou.

Sérgio, Salomé, Francisca e Pedro são apenas algumas entre as milhares de pessoas que vieram até aos relvados em frente à Fonte Luminosa, na Alameda Dom Afonso Henriques, para comemorar o Dia do Trabalhador.

O ambiente é de festa e as muitas das pessoas presentes aproveitam para estender-se ao sol, fazer piqueniques ou simplesmente confraternizar.

Nas laterais do jardim estão montadas várias barraquinhas dos sindicatos afetos à CGTP-In, nas quais é possível comer uma bifana ou uma sardinha assada, enquanto se mata o tempo até que chegue a marcha que saiu do Martim Moniz e na qual vem o secretário-geral da Intersindical, que depois irá discursar e fechar as comemorações de hoje do 1.º de Maio.

1.º de Maio

O Dia do Trabalhador é hoje comemorado em todo o país, com as centrais sindicais CGTP e UGT a promoverem manifestações e iniciativas pela valorização dos trabalhadores.

O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 137 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.

Há 50 anos, em Portugal, a celebração do 1.º de Maio, apenas uma semana após a revolução do 25 de abril, foi uma grande manifestação popular.

Por todo o país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua mostrando a sua alegria e com exigências como 'direito à greve', 'fim da guerra já' ou 'regresso dos soldados', segundo as fotografias da época.

Em Lisboa, estima-se que tenham estado 500 mil pessoas na manifestação do Dia do Trabalhador de 1974.