Dilma Rousseff traçou paralelos entre aquele golpe de Estado e a conspiração supostamente planeada pelo ex-Presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, e pelo seu círculo de confiança, para anular os resultados eleitorais que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Os questionamentos sobre as eleições atingiram o seu clímax em 8 de janeiro de 2023, quando uma multidão de apoiantes de Bolsonaro invadiu a sede do Congresso, do Supremo Tribunal e da Presidência, em Brasília.

“Manter a memória e a verdade histórica sobre o golpe militar ocorrido no Brasil há 60 anos é fundamental para garantir que esta tragédia não se repita, como quase aconteceu recentemente, em 8 de janeiro de 2023”, publicou nas redes sociais a política progressista que governou o país entre 2011 e 2016, quando foi destituída pelo Congresso.

Dilma Rousseff destacou ainda que “a história não apaga os sinais de traição à democracia nem limpa da consciência nacional os atos de perversidade sobre aqueles que se exilaram e mancharam a vida brasileira com sangue, tortura e morte durante 21 anos”.

O comentário da antiga Presidente contrasta com o silêncio mantido pelos membros do atual Governo progressista, devido à decisão de Lula de evitar as comemorações oficiais da efeméride.

O atual Presidente, um aliado próximo de Dilma Rousseff, não quis aumentar as tensões com os militares, depois de recentes investigações policiais terem colocado vários generais no centro das tentativas de Bolsonaro de desafiar a sua derrota eleitoral.

Lula disse numa entrevista televisiva, no final de fevereiro, que a ditadura “faz parte do passado” e que os “generais que hoje estão no poder eram crianças” na época do golpe.

Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal impôs medidas cautelares, como a proibição de viajar ao estrangeiro, a Bolsonaro, a dois ex-ministros da Defesa e a um ex-comandante da Marinha, entre outros.

Perante o silêncio oficial, familiares de vítimas da ditadura e associações de direitos humanos planeiam marchar hoje na cidade de São Paulo, desde um antigo centro de tortura ao Parque do Ibirapuera, para “não esquecer” a dor causada pela ditadura.