"As taxas supérfluas podem não ter impacto nos muito ricos, mas importam a muitas pessoas em lugares como aquele onde eu cresci. Elas acrescentam despesas de centenas de dólares por mês", afirmou o presidente americano, ao anunciar, no discurso do Estado da União, uma lei para impedir ou reduzir este tipo de encargos (denominada "Junk Fee Prevention Act").

Que taxas são estas? A maneira mais simples de as descrever é como um custo adicional associado a um determinado serviço, mas que não está expresso no preço de base.

Joe Biden deu vários exemplos. "Vamos banir as taxas de resort que os hotéis associam à conta e que podem chegar a custar 90 dólares por noite em hotéis que nem sequer são resorts". Outro exemplo foi nas telecomunicações: "Vamos fazer com que as empresas de tv por cabo, internet e comunicações móveis parem de cobrar 200 dólares ou mais quando decidem trocar de operador". No que respeita às companhias aéreas, Joe Biden anunciou a intenção de proibir a cobrança até 50 dólares para as famílias poderem sentar-se em lugares juntos no avião.

Outro dos setores referidos pelo presidente americano foi o do entretenimento e desporto onde expressou a intenção de colocar um tecto no preço dos bilhetes comprados nas várias plataformas.

Uma das medidas com maior impacto é a da redução das taxas associadas aos cartões de crédito em que Biden anunciou uma redução de 75%, passando os encargos por pagamentos atrasados de 30 para 8 dólares.

Os números explicam porque razão, numa conjuntura de inflação elevada, Joe Biden trouxe o tema para o debate

Um inquérito do Consumer Reports de 2019 reportou que mais de 85% dos americanos afirmavam já ter pago as referidas taxas supérfluas. E o impacto nos negócios, expresso em números pre-covid, falava por si: os hotéis nos EUA arrecadaram cerca 2,9 mil milhões de dólares em taxas de resort em 2018. As companhias aéreas fizeram 8,6 mil milhões de dólares em taxas de mudança de lugar e bagagem em 2019 (importa notar que várias companhias aéreas abandonaram essas taxas durante a pandemia e, em 2022, as companhias aéreas americanas fizeram “apenas” 5 mil milhões de dólares em taxas de bagagem e 697 mil dólares em taxas de mudança).