“A Câmara agiu mal quando privilegiou o investimento no centro da cidade de especuladores - e, portanto, esse investimento favoreceu a expulsão das pessoas que cá viviam - e depois quando era preciso (…) repovoar o centro não tomou as medidas necessárias”, disse Ricardo Robles em declarações à agência Lusa.
Falando no final de um debate sobre “Construir alternativas para viver em Lisboa”, o candidato bloquista precisou que em causa deveriam ter estado medidas como “pôr os apartamentos e as casas da Câmara disponíveis para quem quisesse”.
“[A maioria socialista] agravou o problema e não apresentou soluções e esse foi o ‘cocktail’ explosivo para o problema que temos em mão hoje”, sustentou Ricardo Robles, que falava na sede do Lusitano Clube, em Alfama.
Nos próximos dias, este clube centenário terá de abandonar o local onde está instalado há 111 anos, porque o edifício foi vendido para ser transformado em apartamentos de luxo, não tendo ainda espaço alternativo, como foi prometido pela Câmara.
Aproveitando este exemplo, o BE promoveu no local o primeiro debate de vários em que vai contactar com a população para definir o programa da candidatura à liderança do município.
A habitação foi o primeiro assunto abordado porque é a “principal preocupação” do partido, indicou Ricardo Robles.
“O problema é que estas duas maiorias absolutas do PS identificaram que a habitação era um problema, mas não resolveram nada”, reforçou, exemplificando que a autarquia possui “um programa da Renda Convencionada [a preços mais baixos dos praticados habitualmente] que, em cada edição, disponibiliza 10 apartamentos, 12, 14, e ao qual concorrem milhares de pessoas”.
“O melhor relatório que se pode ter sobre o problema da habitação é que a procura é esmagadora e a oferta é irrelevante”, acrescentou o também líder do BE na Assembleia Municipal de Lisboa.
Recordando que o presidente do município, Fernando Medina, anunciou na sua tomada de tomada o lançamento do Programa Renda Acessível, que visa disponibilizar 5.000 fogos com rendas controladas, o bloquista defendeu que “é um bocadinho prometer, mas não cumprir”.
Isto porque “não vai haver um único fogo entregue até ao final do seu mandato”, realçou.
Para Ricardo Robles urge, por isso, “que o município invista, como ator no processo, e utilize o seu património para disponibilizar apartamentos, casas para as pessoas”.
Além disso, “a cidade está muito desequilibrada neste momento e o Plano Diretor Municipal deve ser revisto para que se reequilibre”, adiantou o autarca, vincando que este é “um instrumento para expurgar gente da cidade e não para trazer gente”, por permitir, por exemplo, a construção de dezenas de hotéis no centro.
Intervindo no debate, os especialistas nas áreas da arquitetura e geografia Joana Braga, Luís Mendes e Pedro Bingre do Amaral foram unânimes em reivindicar a ação do município no setor.
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