Num requerimento entregue no parlamento, os deputados bloquistas Jorge Campos e Carlos Matias declaram “perplexidade” com a informação divulgada na sexta-feira à noite pela RTP “denunciando estragos no Convento de Cristo, em Tomar, alegadamente durante a rodagem da comédia ‘O Homem que Matou D. Quixote’, de Terry Gilliam”.

“Os relatos incluem a realização de uma fogueira, pedras centenárias partidas ou com arestas fraturadas, pelo facto de se terem fixado adereços e panos às colunas e outras estruturas, cantarias e telhas destruídas. Nas imagens televisivas, é ainda visível um aglomerado com dezenas de botijas de gás conectadas à rede de tubos que terá assegurado o fogo, na enorme pira”, afirma o texto do BE.

Os deputados referem ainda testemunhos que relataram ter-se gerado “uma enorme onda de calor provocada pelo fogo nas imediações da janela do Capítulo, joia da arquitetura manuelina e ícone mundial do Convento de Cristo, pondo em risco tanto o monumento, como o grande número de figurantes presentes no local”.

Para os deputados, “mesmo que se paguem e que se reparem os estragos, irão fazê-lo com recurso a argamassas ou remendos, ou seja, os danos são irrecuperáveis”.

Convento de Cristo em Tomar danificado em gravações de filme polémico
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O BE pede que sejam apuradas “responsabilidades, para que não se repitam situações similares que ponham em causa e em definitivo o património cultural português”.

O partido lembra que o Convento de Cristo mereceu a classificação de Património da Humanidade pela UNESCO, sendo “um monumento de referência da época do Renascimento que integra a conhecida Janela do Capítulo da sacristia manuelina”, sendo “um ícone do património nacional e parte importante da sua história”.

Por outro lado, refere que o filme alegadamente na origem dos estragos “é uma coprodução entre Portugal, Espanha, França, Bélgica e Inglaterra e conta com um orçamento de 16 milhões de euros”.

Como informação prévia à audição do ministro Luís Filipe de Castro Mendes, o BE pede que lhe sejam enviados o contrato assinado entre a tutela e a produção cinematográfica em causa, uma lista detalhada dos danos ocorridos durante as filmagens, o estudo de impacto para a realização desta produção no Convento de Cristo.

Solicita ainda informação sobre o número de especialistas da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) ou outros técnicos especializados na área do património que tenham sido designados para acompanhar a rodagem e o processo de produção no Convento de Cristo e respetivo programa de acompanhamento.

O ministro poderá ser questionado já sobre o assunto na terça-feira, dia em que está marcada uma audição parlamentar para “discussão das políticas no âmbito da cultura” e sobre o ato de vandalismo ocorrido recentemente no parque arqueológico de Foz Côa.

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