"É uma prática que não é legal em Espanha, que é reconhecida no nosso país legalmente como uma forma de violência contra as mulheres", afirmou aos repórteres a ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido de esquerda radical Podemos.

Montero pediu que não seja esquecida "a realidade destas mulheres precárias numa situação de risco de pobreza", referindo-se às mulheres que engravidam para outras pessoas.

A polémica surgiu depois da revista ¡Hola! ter publicado nesta quarta-feira na sua capa uma foto da atriz e apresentadora de televisão Ana Obregón a sair de um hospital em Miami com a criança nos braços.

Obregón confirmou a informação na sua conta no Instagram. "Chegou uma luz cheia de amor à minha escuridão. Nunca mais estarei sozinha. Voltei a viver", escreveu ela, que em 2020 perdeu o seu filho de 27 anos devido a um cancro.

"A imagem pareceu-me terrível", criticou Pilar Alegría, ministra da Educação e porta-voz do Partido Socialista do presidente do governo, Pedro Sánchez. A oposição de direita, por sua vez, mostrou-se mais aberta ao debate.

O assunto "merece debates profundos e serenos, porque afeta muitas questões morais, éticas, religiosas", disse Cuca Gamarra, número dois do Partido Popular (PP), que é a favor da barriga de aluguer, desde que não seja remunerada.

A gestação de substituição, como também é chamada a prática, seja remunerada ou altruísta, é ilegal em Espanha desde 2006.

No entanto, a legislação espanhola permite o registo civil dos filhos nascidos assim no estrangeiro desde que seja apresentada "uma decisão judicial emitida por um tribunal competente" do país em questão que estabeleça a filiação.

A gestação de substituição foi incluída entre as "manifestações da violência contra as mulheres" numa lei sobre o aborto aprovada em fevereiro, que também proíbe qualquer "publicidade das agências intermediadoras".