"É um dia histórico e que vai marcar a entrada da Europa num caminho que não é muito bem conhecido", afirmou o ministro aos jornalistas, no final de uma palestra em Londres organizada pela agência de notícias Bloomberg.

"Esperamos que haja um entendimento, as negociações têm que ter um fim que é cooperativo. O que queremos é que os cidadãos da Europa possam sair beneficiados desta alteração no contexto em que ela é tomada, porque as decisões políticas só seguem esse motivo", vincou Mário Centeno.

O ministro, que visitou a capital para se reunir com investidores, referiu que a situação económica da UE na área orçamental e na área das suas contas externas é positiva em comparação com "os desequilíbrios que existem nos EUA" ou com o próprio Reino Unido.

"A economia europeia é uma economia muito forte, que tem um mercado interno muito, muito forte e que está beneficiando de um conjunto de reformas. Isto dá um poder à zona do euro que ela não pode deixar de usar no momento em que tem de responder a desafios não só do 'Brexit', mas também do protecionismo da administração norte-americana, que podem trazer dificuldades acrescidas para a economia europeia", acrescentou.

O ministro português entende que Bruxelas "deve usar essas armas [nas negociações] seguramente em benefício das suas economias e numa tentativa que tem de ser feita de preservar relações históricas".

O Reino Unido entregou hoje em Bruxelas a carta que formaliza a ativação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa com vista à concretização do processo de saída da União Europeia, ditada pelo referendo de junho de 2016.

A notificação foi concretizada através da entrega de uma carta, em mão, pelo embaixador do Reino Unido junto da UE, Tim Barrow, a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, no edifício-sede desta instituição.

O designado 'Brexit' - que representa a primeira saída de um Estado-membro na história do projeto europeu, iniciado há 60 anos - decorre do resultado do referendo de 23 de junho de 2016, quando 52% dos eleitores votaram pela saída do país da UE, derrotando os 48% que preferiam a permanência.

O dispositivo previsto no tratado europeu determina que as duas partes têm a partir de agora dois anos para chegar a um acordo sobre os termos da separação, que terá implicações políticas, jurídicas, económicas e financeiras.