Sean Spicer estava a tentar discutir com jornalistas, durante a reunião diária com os representantes dos órgãos de comunicação, o horror dos ataques químicos ocorridos na semana passada na Síria, que a Casa Branca está a atribuir ao regime de Damasco.
“Não usámos armas químicas na II Guerra Mundial”, disse Spicer, acrescentando que “alguém tão desprezível como Hitler (…) não desceu ao ponto de usar armas químicas”.
Minutos depois, Spicer procurou corrigir as suas afirmações, tentando diferenciar as ações de Hitler do ataque com gás a civis sírios na semana passada. Este ataque, ocorrido no norte da Síria, provocou cerca de 90 mortos e o ministro da saúde da Turquia garantiu que os testes revelavam o uso de gás sarin.
“Penso que quando se usa o gás sarin (…) ele (Hitler) não usou o gás da mesma forma que Al-Assad está a fazer, sobre o seu próprio povo”, declarou Spicer.
Depois do encontro com os jornalistas, Spicer enviou-lhes uma mensagem por correio eletrónico, em que garantiu: “De forma alguma, procurei diminuir a natureza horrorosa do Holocausto. Estava a tentar distinguir entre a tática de usar aviões para lançar armas químicas sobre centros populacionais. Qualquer ataque a pessoas inocentes é repreensível e indesculpável”.
Os comentários de Spicer ocorreram no segundo dia da Páscoa judaica e um dia depois de a Casa Branca organizar um jantar, marcando a emancipação do povo judeu, uma tradição iniciada na Presidência de Barack Obama.
Segundo o Museu dos EUA que recorda o Holocausto, os nazis experimentaram o uso de gás venenoso no final de 1939 para matarem doentes mentais.
Hoje foi o segundo dia consecutivo em Spicer teve dificuldades em articular a política externa da Casa Branca em uma altura crítica.
Os comentários de hoje foram feitos depois de Casa Branca ter sido forçada a desmentir afirmações de Spicer, produzidas no palanque da sala da imprensa, segundo as quais o uso de barris com bombas pelo governo de al-Assad poderia levar a mais ações militares por parte dos EUA.
Durante uma troca de argumentos com jornalistas, na segunda-feira, Spicer pareceu identificar uma nova linha vermelha para a Casa Branca, quando disse aos repórteres que se um país gasear um bebé ou lançar “um barril com bombas sobre pessoas inocentes, vai haver uma resposta deste presidente”.
Até segunda-feira, a Casa Branca manteve que os ataques aéreos da semana passada foram uma resposta ao uso pelo governo sírio de armas químicas contra os seus próprios cidadãos.
Um porta-voz da Casa Branca disse mais tarde que “nada mudou na posição” da Casa Branca, mas que o presidente mantém a opção de agir se for do interesse nacional.
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