Na sessão plenária de hoje, BE, PCP e PEV apresentaram um voto de pesar pela morte "de um homem insubmisso, um lutador incessante, a quem por vezes chama primeiro capitão de abril", tendo todos os partidos votado favoravelmente, com a exceção do CDS-PP, que votou contra.

No entanto, da bancada centrista vieram quatro abstenções: Assunção Cristas, Telmo Correia, Filipe Anacoreta Correia e Ana Rita Bessa.

O coronel João Varela Gomes, que foi um dos militares mais ativos politicamente antes e depois do 25 de abril, morreu na segunda-feira aos 93 anos.

No texto do voto de pesar recorda-se "a presença constante nas lutas contra a ditadura" de João Varela Gomes, que foi preso pela PIDE (polícia política do Estado Novo) durante seis anos e expulso do Exército.

"Após o 25 de Abril foi reintegrado com o posto de coronel. Juntamente com um contingente de operários da Sofareme, retira o nome de Salazar da ponte sobre o Tejo e a rebatiza como Ponte 25 de Abril", recordam.

De acordo com o texto aprovado no parlamento, "a sua definição da revolução de abril resume as suas profundas convicções: luta por um melhor futuro para os mais desfavorecidos por nascimento ou condição social".

O coronel João Varela Gomes foi ator do golpe de Beja contra o fascismo, um militar de Abril e um dos últimos a depor armas no 25 de Novembro, no fim da revolução.

Polémico e frontal, protagonizou uma das tentativas de derrube do regime fascista, no primeiro dia do ano de 1962, com o assalto ao quartel de Beja, em que ficou gravemente ferido.

Nessa altura, como disse numa entrevista à RTP, em 1975, acreditava que "o fascismo tinha os dias contados", mas teve de esperar mais 12 anos, para o derrube da ditadura, iniciada por Salazar e continuada por Marcelo Caetano.