Jornalistas da agência France Press (AFP) assistiram à chegada de uma “multidão que marchou entre os pavilhões oficiais”, em Sharm el-Sheikh, no Egito, a gritarem “libertem todos” e “não há justiça climática sem direitos humanos”.

Na maior manifestação no interior da “zona azul”, onde decorrem as negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sila em Inglês), estava Sanaa Seif, irmã de Alaa Abd-El Fattah.

Sanaa Seif organizou na terça-feira duas conferências de imprensa e em cada uma delas foi repreendida por funcionários egípcios próximos das autoridades, alegando que o seu irmão não era um “prisioneiro político”, mas um “criminoso”.

“Tenho a certeza de que os poderosos pensaram que eu não seria ouvida, mas encontro aqui, à minha espera, uma família (…) vinda de todo o mundo”, disse a ativista, em frente à multidão, enquanto lia um comunicado de imprensa.

O seu irmão, um ‘bloguer’ britânico-egípcio, ícone da revolução de 2011 no Egito, a Primavera Árabe, e opositor do Presidente egípcio endureceu a sua luta no domingo com a autoridade penitenciária que, segundo Organizações Não Governamentais (ONG) mantém 60.000 presos políticos no Egito.

Preso várias vezes desde 2006, Alaa Abd-El Fattah parou de comer completamente na última terça-feira e de beber no domingo, após a abertura da COP27 na cidade de Sharm el-Sheikh, que acontece no outro extremo do país.

Desde então, a sua família, que diz que ele corre risco de morte, multiplicou os apelos à comunidade internacional, a de Londres em primeiro lugar, já que todos os membros da família têm passaporte britânico.

Depois de vários líderes ocidentais abordarem o seu caso ao Presidente egípcio a família mudou de estratégia.

Na sexta-feira à noite, o seu advogado e a sua outra irmã, Mona Seif, anunciaram que tinham apresentado formalmente um novo pedido de indulto presidencial, sublinhando em particular que Alaa Abd-El Fattah era o “único homem da família após a morte do pai”, um grande advogado dos direitos humanos, há sete anos, e que o seu filho, com transtornos autistas, tinha perdido a fala” desde a sua última detenção.