“Até então, posso avançar 71 casas totalmente destruídas. Os óbitos, estamos a contabilizar até então cinco. Quatro por descargas elétricas, um por arrastamento”, avançou, em declarações aos jornalistas, a delegada do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) em Nampula, Anacleta Botão.

As chuvas e ventos fortes estiveram na origem destas ocorrências, precisou a responsável.

Anacleta Botão acrescentou que, para minimizar consequências, foram constituídos 191 comités de gestão de desastres e “preposicionados” meios do INGD no terreno, para lidar com esta época das chuvas, num período que antecede também o início da época de ciclones.

A presidente do INGD, Luísa Meque, advertiu, em novembro passado, que as calamidades naturais ameaçam 1,2 milhões de pessoas no país, enfrentando a instituição um défice de financiamento de 143 milhões de euros.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou, no final de setembro, à preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno ‘El Ninõ’ no país nos próximos meses, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.

“A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas”, afirmou o chefe de Estado.

Filipe Nyusi avisou que as previsões indicam que o país vai voltar a “registar o fenómeno ‘El Ninõ'”, que “pode trazer chuvas normais com tendência para acima do normal no centro e norte do país, e chuvas normais com tendência para abaixo do normal, que podem originar alguns focos de seca, na região sul”.

“Isso exige que sejamos todos cautelosos e estejamos preparados para enfrentar este desafio causado pelas mudanças climáticas. Organizemo-nos. Chamo a atenção para que poupemos e reservemos água para o consumo e para o nosso gado”, alertou ainda.

“Este é um apelo que faço para todo o país. Portanto, estejamos atentos e sigamos as orientações para mitigar o impacto, evitando ou minimizando os danos e perdas, incluindo de vidas humanas, por um lado, por outro, que façamos uma gestão adequada e responsável de água, especialmente em momentos de escassez”, acrescentou, na mesma mensagem.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.