Se, ao fim de cinco rondas de votação, os votos são encorajadores, as palavras de Trygve Lie nem tanto. “Bem-vindo ao trabalho mais impossível deste mundo”, disse Lie, o primeiro secretário-geral da ONU, a Dag Hammarskjold, economista sueco, então com 48 anos. Porém, a célebre frase de Trygve Lie para o seu sucessor, no dia 9 de abril, em 1953, em Nova Iorque, não parece destronar as ambições do ex-primeiro-ministro português, António Guterres.

Mas antes de ser candidato a homem forte das Nações Unidas, Guterres lutou pela independência de Timor-Leste, liderou um governo com minoria durante seis anos e rejeitou um convite da Comissão Europeia.  

De Donas ao Liceu Camões 

Qualquer nota biográfica de António Guterres assume no primeiro parágrafo as indicações obrigatórias: nasceu em Lisboa, na freguesia de Santos-o-Velho, em 1949; Prémio Nacional de Liceus, em 1965, com média final de 18 valores; licenciatura em Engenharia Eletrotécnica, em 1971, com a classificação final de 19 valores; discussões sociais e religiosas com o “Grupo da Luz”; casamento com Luísa Melo, em 1972, pela mão do padre franciscano Vítor Melícias; por fim, exatamente no 25 abril de 1974, filiou-se no Partido Socialista.

Porém, diretamente ligadas à construção do caráter de Guterres, estiveram as temporadas passadas durante os primeiros anos de vida em Donas, pequena aldeia da beira baixa, às portas do Fundão, e terra natal da mãe, Ilda Cândida de Oliveira. Estas estadias contribuíram para que ampliasse a visão social em seu redor, acabando por ser influenciado por um “imaginário rural muito mais forte que o urbano; mas também muito mais ligado à terra, à realidade”, haveria de confessar o próprio. 

Em Donas, à época, Guterres não era ainda António, mas sim o Tonico; um pequeno acólito que lia passagens de Bíblia nas missas de verão e que já demonstrava capacidade para lidar com audiências. 

É essa realidade ligada aos “amigos de pé descalço” que o vai levar anos mais tarde a fazer serviço de voluntariado no Centro de Ação Social Universitário em Lisboa. Durante esse período esteve em contacto direto com as dificuldades e a miséria em que a zona da Curraleira e da Quinta da Alçada se deparavam - algo que não esqueceu e que serviu de ponto de exclamação na apresentação da sua candidatura a secretário-geral da ONU.

No entanto, foi no Liceu Camões, em Lisboa, que conheceu e cultivou uma das suas mais antigas amizades: Carlos Santos Ferreira. A revista Visão escreve e faz mesmo referência a uma amizade para "a vida". É neste período e através de Santos Ferreira que conhece, na casa deste, Marcelo Rebelo de Sousa. Durante a juventude do atual Presidente da República e de Guterres, são ambos apadrinhados pelo "confessor do regime" e a uma das maiores influências na personalidade do rapazinho acólito de Donas: o padre franciscano Vítor Melícias.

Este último iria catalogar Guterres mais tarde como "um homem essencialmente com preocupações sociais, de luta contra a pobreza e de libertação do pobre. É um beirão, um homem do coração, um místico racionalista". A citação é retirada do livro do biógrafo Adelino Cunha, António Guterres, Os Segredos do Poder, edições Aletheia, 2013.

Dos tempos do Técnico, recorda-se a inteligência do agora candidato a secretário-geral da ONU. Quem o explica é José Tribolet, que em confissão à Visão, recorda: "Só depois da licenciatura, quando cheguei ao MIT, onde estão os melhores estudantes do mundo, é que percebi o tipo de inteligência de Guterres". Adiantando ainda que apesar de "não ser o mais excelente a construir, a levar uma solução até ao fim. Só que, a partir do enunciado de um problema, via primeiro a sua solução: lia, percebia, intuía, e partia para outro problema".

Entrada na política

Entre o final da década de 60 e até muito perto de abril de 74, enquanto existiam discussões e planos para terminar com a perseguição da PIDE e destronar o regime totalitário de Salazar/Caetano num mundo perto de si, Guterres associava-se a movimentos associativos de ação social ligados à Igreja Católica e dedicava-se aos estudos.

O sonho de ser investigador de física tinha dado lugar a uma licenciatura em engenharia e, em 1975, após regressar de uma viagem à União Soviética, um ano depois da revolução, percebeu que não conseguia conciliar as funções de académico que desempenhava no Técnico como professor assistente e uma carreira política. Em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, em 2002, revelou ter tido necessidade de escolher algo que lhe trouxesse mais "seriedade".

Nessa entrevista, explica o seu posicionamento político na dicotomia entre o Socialismo/Catolicismo e as razões que o levaram a escolher o PS. "Ser cristão dá-nos uma matriz de valores. Ser socialista dá-nos uma visão política do mundo e uma vontade de intervir. Não há qualquer contradição entre uma e outra. Mas não creio que seja aceitável instrumentalizar, para a ação política, os valores cristãos", respondeu Guterres.

Iniciou funções como Secretário de Estado da Indústria e Energia entre 1975 e esteve dois anos cargo. Em 1976, estreava-se como Deputado à Assembleia da República, em Lisboa. Em 1979, o filho pródigo de Donas regressa ao distrito que o viu crescer, tornando-se Presidente da Assembleia Municipal do Fundão (cargo que ocupou até 95).

Em 1980, Ramalho Eanes recandidatava-se à Presidência da República e Mário Soares era o secretário-geral do PS. Eanes não contou com o apoio de Soares, aproveitando então Guterres para organizar as reuniões com o famoso grupo do sótão, onde conspiraram, sobretudo entre 1979 e 1981, personalidades como Jorge Sampaio, Salgado Zenha, Arons de Carvalho e António Arnaut. Ao jornal Económico, Arnaut descreve o grupo como sendo a "malta da pesada".

Ocupou o cargo de Presidente da Comissão Parlamentar de Demografia, Migrações e refugiados na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em 1983. Manteve-se como deputado ao longo dos anos, eleito pelo círculo de Castelo Branco, de onde é oriunda a família.

Em 1991, a sua carreira política tem novo abanão. Guterres declara ter ficado "Em estado de choque" com o resultado das eleições legislativas de 6 de outubro, depois de ver Cavaco Silva e o PSD terem ganho com maioria absoluta a Jorge Sampaio. Mas em choque ficou uma esquerda socialista que via em Guterres um aliado de Sampaio.

António Guterres e PS

Com posição fraquejada pelos parcos resultados, Sampaio cede lugar a um Guterres decidido a mudar o espetro político do partido. Em fevereiro de 1992, o PS troca de Secretário-Geral, e António Guterres empenha-se nas legislativas de 1995, nas quais pinta a maioria dos distritos nacionais de rosa. Toma posse a 28 de outubro de 1995, tendo sido o único caso em Portugal em que um Governo Constitucional consegue cumprir os quatro anos de legislatura (1995-1999) sem apoio maioritário da Assembleia da República.

Os anos guterristas no poder coincidiram com algumas das taxas de crescimento mais altas de Portugal, de acordo com o Jornal de Negócios. Em 1998, ano da Expo, o PIB cresceu 5,1%.

Nesse mesmo ano, a morte da primeira mulher, Luísa Guterres, então com 51 anos, e mãe dos seus dois filhos, Pedro de 39 anos e Mariana, de 30, em muito influenciou o futuro da sua carreira política. O estado de saúde em que se encontrava era muito débil, tendo falecido a 28 de janeiro desse ano. A Visão adianta que foi o " fator humano, que o derrubou: demorou demasiado tempo a recompor-se", nos anos que se seguiram.

Segundo o livro "Políticas Publicas em Portugal", de Maria de Lurdes Rodrigues, o período de 1995-2000, foi considerado a fase de ouro das privatizações. Situação que ocorreu durante os dois governos de António Guterres, tendo sido os setores das telecomunicações (PT) e da energia (EDP) os mais significativos para as receitas das privatizações.

Mas foram anos de intensas negociações num governo sem maioria, que suscitaram votos parlamentares insólitos e que marcaram a liderança de Guterres como primeiro-ministro. Em 2001, com empate entre deputados entre PS e PSD, o "Orçamento Limiano", foi um desses casos. Daniel Campelo, com 25 anos de CDS-PP, e na época membro das Comissões Parlamentares de Agricultura, Economia e Finanças, foi contra o próprio partido, trocando o seu voto por um pacote de medidas em benefício da terra natal. Tratou-se de um voto, mas que permitiu a Guterres ver a sua lei ser aprovada no parlamento, ao mesmo tempo que Ponte de Lima pôde manter a sua Fábrica de queijo limiano.

O pântano político e os submarinos

"É meu dever evitar o pântano político". Esta foi a afirmação de Guterres a 16 de dezembro de 2001 e que ficou associada à sua demissão, após uma pesada derrota das eleições autárquicas para o Partido Social Democrata, maior partido da oposição. Assim o "primeiro-ministro mais amado de Portugal", como o Presidente da República o definiu, queria com esta afirmação transmitir aos portugueses que "pântano" seria a incapacidade de governar sem uma maioria parlamentar.

Durante o seu mandato a sua legitimidade política tinha sofrido alguns abanões e Guterres sai consciente que a mesma estava perdida. Ainda sofreu algumas pressões por parte do seu partido para que não se demitisse, ou pelo menos, deixasse a porta aberta para que o PS continuasse no poder, mas firme da sua decisão não cedeu.

O seu Governo foi também ligado ao tão "famoso" processo dos submarinos, uma vez que este foi responsável pelo lançamento do concurso para renovação dos submarinos existentes; à RTP, António Guterres, refere não considerar ter sido o grande impulsionador do mesmo, mas sim ter sido "convencido de que o submarino é a arma que, apesar de tudo, dá uma maior autonomia ao país". No entanto nega ter tido qualquer envolvimento nas negociações dos contratos de aquisição de equipamentos militares ou influência de elementos externos.

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

Em 1996, Guterres ganha pela primeira vez palco internacional. Se ao nível interno não tinha conseguido maioria absoluta, o episódio de Timor-Leste acabou por lhe dar projeção no mapa europeu. Na Cimeira Europa-Ásia desse ano, bateu o pé a Hadji Mohammed Suharto, chefe de Estado e ditador da Indonésia. Então com 46 anos, Guterres afirma a posição de Portugal e, dirigindo-se diretamente a Suharto, sublinha a ideia de que se a Indonésia libertar Xanana Gusmão, então líder da resistência e prisioneiro em Jacarta, Lisboa aceitaria abrir secções de interesse de ambos os países em embaixadas amigas na Indonésia e em Portugal. Da parte de Suharto, não houve resposta. Nem sim, nem não. Para Guterres, Timor era inequivocamente um caso para ser tratado no âmbito das competências da ONU.

Com o dossier Timor, a adesão de Portugal ao euro, em 1999, e a organização da Expo 98, a cotação e prestígio de Guterres subiram ao nível internacional. É nesse contexto que lhe é feito um convite para ser presidente da Comissão Europeia. Segundo conta o Jornal de Negócios e também o livro de Adelino Cunha, o convite foi rejeitado "devido à morte da primeira mulher, Luísa Guterres, mãe dos seus filhos". No mesmo artigo do Negócios, conta-se que essa recusa teria marcado Guterres por ser uma decisão "difícil". Mais tarde, em 2005, confidenciara a um círculo restrito que sonhava ser Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados. Cumpriu o sonho nos dez anos seguintes.

Guterres foi eleito pela Assembleia Geral das Nações Unidas para um mandato de cinco anos como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, substituído o primeiro-ministro holandês entre 1982 e 1994, Ruud Lubbers, que em 2005 estava envolto num processo de assédio sexual na organização, levando a que Kofi-Annan pedisse a sua demissão. A 15 de junho de 2005, Guterres iniciava funções.

Entrou para a função a prometer convicção, humildade e entusiasmo. "Convicção porque eu acredito verdadeiramente nos valores deste escritório e quero esforçar-me para fazê-los prevalecer em todo o mundo. Humildade porque eu tenho muito a aprender e dependerei de todos vocês para isso. Entusiasmo porque eu não poderia escolher uma causa mais nobre para lutar", pode ler-se no sítio oficial de Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Não estando ainda no auge da crise recente dos refugiados, em 2007, disse à Renascença Guterres que era "o século do povo em movimento". A terminar o seu mandato, acabou por confessar que este era um trabalho que se adequava ao seu perfil e aquele que lhe permitia ter "uma ação permanente e direta no terreno", diz a Renascença. A 1 de janeiro 2016, sucedeu-lhe o italiano Filippo Grandi.

A quinta e derradeira sessão de encorajamento

21 de julho de 2016. "António Guterres venceu esta quinta-feira a primeira votação para secretário-geral da ONU". Nas quatro votações seguintes, mais do mesmo: Guterres saiu sempre como candidato mais votado.

26 de setembro. "António Guterres venceu esta segunda-feira a quinta votação para secretário-geral da ONU". Em todas as votações, o nome do ex-primeiro ministro português surgiu em primeiro lugar do escrutínio de voto

Resultado: 12 encorajadores, 2 desencorajadores, 1 sem opinião

E, segundo a informação fornecida pelos diplomatas, é tida como aquela que pretende fazer a recomendação para os 193 membros do Conselho Geral das Nações Unidas elegerem o secretário-geral, em outubro. No entanto, se Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China ou França não concordarem com o candidato, podem exercer direito de veto.

Portanto, em resumo de todas as votações, verificou-se:

  • 21 de julho: 12 encorajadores, 0 desencorajadores, 3 sem opinião.
  • 5 de agosto: 11 encorajadores, 2 desencorajadores, 2 sem opinião.
  • 29 de agosto: 11 encorajadores 3 desencorajadores, 1 sem opinião.
  • 9 de setembro: 12 encorajadores, 2 desencorajadores, 1 sem opinião.
  • 26 de setembro: 12 a encorajadores, 2 desencorajadores, 1 sem opinião

Mas como funciona e para que servem?

Estas votações servem para que os 15 membros do Conselho de Segurança expressem o seu encorajamento, ou desencorajamento, a cada um dos candidatos. Na sequência destes votos, os candidatos são informados dos resultados e é esperado que os menos encorajados acabem por desistir da corrida.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em declarações à Lusa, fez o resumo destas sessões: “O processo está muito no seu início, trata-se apenas ainda de votações de encorajamento ou desencorajamento.”

Quer dizer isto que, apesar de positivos, os resultados não são definitivos e não garantem que António Guterres venha a ser o sucessor de Ban Ki-moon nas Nações Unidas. No entanto, em 70 anos, a história diz-nos que a organização escolheu sempre o candidato recomendado destes sufrágios.

“Ainda não chegámos à fase de escolher entre candidatos, estamos numa fase em que os membros do Conselho de Segurança se vão pronunciando sobre a qualidade dos candidatos”, esclareceu Santos Silva, alongando que este processo de escolha ainda está numa fase internacional e que as votações são informais e “procuram perceber, ponderar, os apoios que cada candidato tem”.

Mas nem só de votos depende a recomendação para os membros do Conselho Geral. É preciso reunir certos critérios estipulados para a nomeação. Um deles é a rotatividade geográfica. E se existe muita competência a favor do ex-primeiro ministro português, o local de nascimento pode ser agora um entrave. É recomendado que o próximo secretário-geral seja da Europa do Leste. Assim como existe pressão para que exista uma paridade e igualdade de género nestes cargos superiores. Nesse sentido, é da opinião de muita vozes que o sucessor de Ban Ki Moon seja uma e não um, líder.

“Guterres é o homem certo no tempo errado”, disse Bernardo Trindade à ETV. Se bem que justifica o homem certo pela “sua determinação, o seu conhecimento e as noções que são necessárias sobre o cargo, reduzir desigualdades, promoção da democracia ou trazer tolerância”, o timing não é o melhor. 

É aqui que, apesar de ser a quinta no escrutínio identificativo, Irina Bokova, de 64 anos e natural de Sóvia, capital da Bulgária, pode (ou não) vir ser uma candidata de peso e fazer frente a Guterres. Se existiram rumores que apontavam que a candidata búlgara (diretora geral da UNESCO) se ia afastar da corrida e ser substituída pela comissária europeia Cristalina Georgieva, de acordo com informação avançada pelo DN, estes foram desmentidos pelo governo búlgaro que demonstrou o seu apoio e “sucesso” a Bokova.

Ainda assim, este apoio é “relativo”. Aos jornalistas e de forma assertiva, o primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borissov, deixou no ar o “aviso” que se a candidata não ficar entre os três primeiros lugares na última sessão de votos, pode existir uma mudança na representação do país dos balcãs. No final da quinta-sessão, registou mais votos "desencoraja" (sete), do que "encorajamentos" (seis). Resta esperar para ver qual será a decisão do Governo de Borissov.

No entanto, esta sexta-feira o The Wall Street Journal (disponível só para assinantes) escreveu uma dura crítica a Guterres e aos seus 10 anos como Alto Comissão das Nações Unidas para os Refugiados, apontando o sérvio Vuk Jeremic como o único “candidato louvável” a líder da ONU.

Comentário arrojado para coração português, mas baseado em números. Em dez anos que liderou a ACNUR, o número total de refugiados aumentou em cerca de 22 milhões. Quando assumiu o cargo, em 2005, haviam 38 milhões; em 2015, estima-se que o número tenha subido para os 60 milhões, analisa o Observador. Apesar do seu esforço, os líderes europeus mostraram-se reticentes em abrir as portas das suas fronteiras para ajudar os migrantes que fogem às guerras e à fome.

Quanto a Irina Bokova, o jornal considera ser “notoriamente anti-Israel, além de ser a preferida do presidente russo, Vladimir Putin”, e considera que as chances reais de ser uma forte candidata se “parecem ter esmorecido, depois de cair da quarta para a quinta posição”.

Não é algo que pareça abalar a fé do candidato Guterres. É o homem que diz acreditar transportar o tipo de “liderança” e “valores” que a ONU “precisa urgentemente”. É nesse sentido que a equipa que trabalha a sua campanha fica em Lisboa, mas a sua agenda não tem descanso Escreve a Visão que nos últimos meses esteve em tão díspares destinos como Índia, Nova Iorque, Moscovo ou África do Sul.

Dag Hammarskjold, o diplomata sueco que se referenciou no início do artigo, disse, no dia em que começou a desempenhar funções: “este cargo não foi criado para levar a Humanidade ao paraíso, mas para a livrar do Inferno”. A questão a colocar nos próximos meses, passa por quem é que vai livrar a Humanidade do Inferno: uma mulher, um candidato do leste ou Guterres?