Num documento a que a Lusa teve acesso, os membros eleitos do Conselho de Redação entendem que não devem “dar o aval” à escolha de Rosália Amorim para o cargo, anunciada em 21 de setembro pela Global Media Group (GMG), empresa que detém ainda o Jornal de Notícias (JN) e o Diário de Notícias (DN), órgão que a recém-indigitada diretora de informação da TSF dirigia desde novembro de 2020.

“Os membros eleitos do Conselho de Redação entendem que, sem colocar em causa as qualidades profissionais de Rosália Amorim, a diretora indigitada não se encaixa no perfil necessário para o desempenho de um cargo tão específico como tem sido o de responsável pela informação na TSF”, lê-se.

O Conselho de Redação crê que o desempenho de Rosália Amorim como diretora do DN em determinados momentos “levanta legítimas dúvidas quanto à sua real capacidade de manutenção de uma política editorial independente”, mencionando uma entrevista ao CEO da GMG publicada, mas não assinada no DN, em 17 de julho de 2022, que, na altura, foi questionada pelo Conselho de Redação do DN.

O órgão lembra ainda que Rosália Amorim foi nomeada na sequência da destituição da direção de informação liderada por Domingos Andrade e ainda composta por Ricardo Alexandre e Pedro Cruz.

O “empenho do diretor cessante em tentar melhorar as condições de trabalho”, mesmo num “quadro de dificuldades financeiras”, foi notório, escreve o Conselho de Redação, reconhecendo também o “respeito pela autonomia editorial dos jornalistas da TSF”.

Além de ter ficado sem “resposta concreta” quanto às perguntas sobre o centro de produção do Porto, as opções sobre a opinião na rádio, a dinâmica das reuniões de editores ou a rede de correspondentes, o Conselho de Redação também justifica o ‘chumbo’ à escolha de Rosália Amorim para diretora de informação com “a vincada e reiterada rejeição” da escolha junto da redação da TSF.

“Os membros eleitos do Conselho de Redação da TSF recordam que, em 2019, quando se ventilou a possibilidade de Rosália Amorim ser diretora da rádio, foi notória a reação de discordância por parte da redação, como estes membros puderam testemunhar, levando, posteriormente, à escolha de Domingos de Andrade para o cargo. A perspetiva da redação, note-se, não se alterou desde então”, refere o documento.

Em 20 de setembro, os trabalhadores da TSF estiveram pela primeira vez em greve nos 35 anos de existência da rádio, tendo reivindicado a defesa de aumentos salariais, pagamento pontual de vencimentos e a manutenção da direção de Domingos Andrade, com os delegados sindicais a darem conta de uma adesão total.