“Não nos vamos prender à terminologia. O que é essencial é que se criem condições para que a ajuda humanitária possa existir”, declarou o chefe de Governo, em Bruxelas.

Em declarações à chegada ao Conselho Europeu, que decorre numa altura de acesos bombardeamentos de Telavive contra a Faixa de Gaza, que se seguiram ao ataque do grupo islamita Hamas a 7 de outubro, António Costa ressalvou que a UE “reconhece, obviamente, o direito de Israel responder militarmente de forma a destruir a capacidade ofensiva do Hamas, isso é evidente”.

“Agora, nós não podemos confundir o Hamas com o povo palestiniano, nem com o conjunto das pessoas que vivem em Gaza, e não podemos numa operação militar contra o Hamas causar danos colaterais de uma que seria uma tragédia humanitária junto de toda a população da Faixa de Gaza”, sublinhou.

Por isso, “é preciso criar condições porque não pode haver, obviamente, ajuda humanitária sobre um bombardeamento”, insistiu.

“É necessário que, seja cessar-fogo, seja essa nova forma da pausa humanitária, criar condições para que o apoio humanitário possa ser efetivo e não fique travado por via das ações militares estão em curso”, adiantou António Costa.

Os líderes da UE reúnem-se hoje e sexta-feira em Bruxelas para debater as tensões no Médio Oriente, visando uma pausa humanitária em Gaza e negociações sobre uma solução de dois Estados, além de desafios europeus como migrações e orçamento.

Um dos objetivos é que desta cimeira saia uma posição comum entre os 27 chefes de Governo e de Estado da UE para assegurar apoio humanitário à Faixa de Gaza, razão pela qual o mais recente rascunho das conclusões, a que a Lusa teve acesso, refere que “o acesso e a ajuda humanitária devem processar-se de forma rápida, segura e sem entraves, através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores e pausas humanitárias”.

Esta formulação “pausas humanitárias” surge depois de a versão anterior do projeto de conclusões conter a expressão no singular, sem nunca ter estado previsto um apelo a “cessar-fogo”.

O apelo para pausa humanitária em Gaza reúne consenso entre os Estados-membros, mas Portugal, por exemplo, já veio admitir que preferia uma posição da UE a defender um cessar-fogo humanitário, não aceite por países como a Alemanha.