"Do lado do CDS, o que eu posso dizer é que não há crise nenhuma. Há um partido unido e empenhado em trazer propostas muito focadas, muito concretas, que vão ao encontro do dia-a-dia das pessoas", declarou Assunção Cristas aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Questionada sobre se neste encontro com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, foi abordada a possibilidade de se restabelecer uma coligação à direita, a presidente do CDS-PP escusou-se a responder a essa questão: "Naturalmente, eu não vou revelar todo o conteúdo da conversa com o Presidente".

"O que lhe posso dizer é que, do lado do CDS, não há perceção de que exista uma crise. Há, sim, muito trabalho para ser feito", reiterou Assunção Cristas, tendo ao seu lado os dirigentes centristas Telmo Correia, Cecília Meireles e Nuno Magalhães.

Esta delegação do CDS-PP foi recebida hoje pelo Presidente da República, durante perto de uma hora, no quadro dos seus contactos regulares com os partidos com assento parlamentar. As restantes forças políticas serão ouvidas entre quinta e sexta-feira.

No final da audiência, Assunção Cristas foi interrogada sobre o alerta feito por Marcelo Rebelo de Sousa para "uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos", na sequência das eleições europeias de 26 de maio, em que PSD e CDS-PP obtiveram, respetivamente, 21,6% e 6,2% dos votos.

A presidente do CDS-PP não esclareceu se essas declarações do chefe de Estado foram tema de conversa, mas considerou que "certamente que o senhor Presidente da República está preocupado", acrescentando: "Como nós estamos preocupados".

"Por isso, aquilo que transmiti ao senhor Presidente da República foi o entusiasmo e o empenho do CDS em que nas eleições legislativas de outubro. De facto, as nossas propostas pela sua qualidade, pela forma como são apresentadas e como vão ao encontro das preocupações centrais de todos nós portugueses, possam naturalmente trazer um resultado diferente", relatou.

Assunção Cristas assumiu que a votação do CDS-PP não foi a desejada, mas adotou um tom de desdramatização: "Já virámos a página daquilo que foi um resultado muito aquém daquilo que tínhamos traçado e desejado para as eleições europeias".

Segundo a ex-ministra da Agricultura e do Mar, o CDS-PP "sabe muito bem qual é o seu eleitorado" e compreendeu bem "o sinal" que este quis dar nas europeias.

"Temos de centrar o discurso em propostas muito concretas que vão ao encontro das preocupações diárias das pessoas. Era uma coisa mais difícil de fazer no quadro das eleições europeias", sustentou.

Nas recentes jornadas parlamentares do CDS-PP, começou a ser preparado "um programa ambicioso" para as legislativas de 06 de outubro, "que vá ao encontro daquilo que as pessoas querem", referiu.

"Estamos a trabalhar de forma muito positiva, trazendo propostas concretas, focadas, para apresentar ao país, para apresentar às pessoas. E nós achamos que esse é um caminho que poderá trazer - assim o esperamos, mas estamos convencidos e empenhados nesse caminho - resultados bastante diferentes em outubro", reforçou.

(Notícia atualizada às 21h14)