A final da Eurovisão decorria tranquila e sem incidentes quando, durante a nona atuação da noite, na Altice Arena em Lisboa, um homem roubou o microfone à representante britânica SuRie e terá dito, em inglês: “Nazis da imprensa do Reino Unido, nós queremos liberdade”.

Foram poucos os segundos em que o homem esteve no palco, com as câmaras da realização a mudarem o foco logo de seguida para o público, para depois voltarem à cantora britânica que, durante todo o percalço, manteve a postura e ainda teve o humor bem afinado para brincar com a situação no final, já na rede social Twitter: “Bem, sempre me disseram que tudo podia acontecer na Eurovisão”.

A britânica recebeu uma maré de aplausos que se manifestaram não só na Altice Arena como também nas redes sociais, e até na sala de imprensa da Eurovisão, como nos contou a jornalista Rita Sousa Vieira.

A identidade do intruja permaneceu desconhecida durante a noite e até agora ainda não há nenhuma confirmação oficial das autoridades portuguesas sobre quem é aquele homem e quais as suas motivações, afirmando apenas que se tratava de um "cidadão europeu" e que,"à partida, a intenção dele seria passar uma mensagem e [que] não tinha a intenção de magoar".

Ao longo da madrugada os media britânicos foram levantando o véu à medida que a as redes sociais relembravam que esta não era a primeira vez que este homem invadia um palco.

É conhecido por Dr. ACtivism e apresenta-se como ativista político, DJ e MC. A imprensa britânica escreve que o homem terá cerca de 30 anos, nacionalidade albanesa e será emigrante no Reino Unido. Diz ainda que esta é a terceira vez que invade um palco para tentar passar uma mensagem. A primeira em de abril de 2017, na final do programa de talentos The Voice. Mais recentemente, já este ano, repetiu o feito durante os National Television Awards.

Na última intervenção o “filósofo, ativista, DJ e MC”, como se apresenta no Twitter, terá usado o mesmo lenço e a mesma t-shirt com que ontem interrompeu a canção de SuRie. De acordo com o The Sun, Dr. ACtivism terá escrito um livro intitulado “The Workings of The U.K State Mafia”, palavras que se podem ler na t-shirt que envergou quando ontem tomou o palco de assalto.

créditos: EPA/JOSE SENA GOULAO

Segundo o Correio da Manhã, que cita fonte policial, o homem tinha bilhete para assistir ao espetáculo e terá saltado o gradeamento.

O invasor foi imediatamente detido por seguranças que o entregaram à PSP que, até ao momento, ainda não informou se a RTP apresentou queixa ou não, sendo que essa é parte essencial do processo e ponto inicial para se poder saber o que vai acontecer a seguir - tudo dependerá “da formalização de uma queixa por parte da RTP”, como tinha dito na noite da final o porta-voz da PSP Hugo Palma.

Resolvido o incidente a organização do festival lamentou o sucedido e deu a possibilidade ao Reino Unido de repetir a atuação, mas a delegação inglesa decidiu não o fazer “por estar extremamente orgulhosa da atuação” e considerar “que não razão absolutamente nenhuma para apresentar a canção novamente”.