Marco Lisi, professor de ciência política no Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, fez à agência Lusa uma caracterização do eleitorado do PS, PSD, IL, Chega, Bloco de Esquerda e PCP, com base nos estudos pós-eleitorais do Instituto de Ciências Sociais (ICS) nos últimos anos e no livro "Eleições - Campanhas eleitorais e decisão de voto em Portugal".

PS e PSD: mais eleitores incondicionais

Tendo em conta os resultados e os estudos pós-eleitorais, os dois maiores partidos (PS e PSD) têm, em termos absolutos, o eleitorado mais fiel.

“São os dois partidos que têm mais eleitores incondicionais. E, entre os dois, o PS tem mais do que o PSD. Pelo menos tem tido nos últimos dez anos”, assinalou Marco Lisi.

PCP: eleitorado mais homogéneo

Do ponto de vista relativo, a base eleitoral mais homogénea de todas é a do PCP.

“Tem vindo a ser cada vez mais reduzida essa base, mas a consistência, do ponto de vista do perfil e dos traços sociodemográficos e a nível territorial, a nível ideológico” a base eleitoral mais fiel “é do PCP”, segundo Marco Lisi.

Nos últimos anos, os eleitores do PCP “são cada vez menos”, mas continuam a ser “apoiantes incondicionais”.

PS tem o eleitorado mais idoso (já foi do PSD)

Neste capítulo, tem-se registado uma mudança. Antes da crise, estavam mais no PSD. Depois da crise de 2009, com o Governo de Passos Coelho e mesmo com o Governo da ‘geringonça’, “houve uma proporção maior de idosos que apoiaram o PS e contribuíram para expansão e a consolidação da sua base de apoio”, segundo Marco Lisi.

Antes da crise, votavam “mais no PSD”. Depois da crise de 2009, com o Governo de Passos Coelho e mesmo com o Governo a geringonça, “houve uma proporção maior de idosos que apoiaram o PS e contribuíram para expansão e a consolidação da base de apoio do PS.

Uma mudança que se pode explicar com as políticas adotadas pelo Governo PSD/CDS, durante a ‘troika’, e que “depois decidem votar no PS por causa das políticas que foram implementadas durante a crise económica”.

Os mais jovens estão nos extremos da esquerda e da direita

O Bloco de Esquerda é um partido que tem um eleitorado jovem “acima da média, dos outros partidos”, mas já foi mais forte, “sobretudo na primeira década de vida desse partido”. Depois, afirma o investigador, “houve um previsível envelhecimento da base de apoio, o que é natural, porque o partido também cresceu e envelheceu”.

A adesão de jovens é também evidente, segundo os estudos, na Iniciativa Liberal e Chega, em 2022.

De acordo com Marco Lisi, uma explicação possível é serem “novidade”, apresentavam-se a “fazer diferente” em relação aos outros partidos, como a comunicação política através das redes sociais, por exemplo.

“Tudo isso contribuía para que esses dois partidos conseguissem, de facto, mobilizar mais jovens”, sublinhou.