"Quando as nações do Mundo precisaram de um novo líder, num dos momentos mais turbulentos e críticos, para onde é que olharam? Para Portugal. O trabalho de secretário-geral das Nações Unidas exigia um homem de Estado e ninguém estava mais bem qualificado do que António Guterres", destacou o embaixador.

Sherman chegou a Portugal há três anos, indicado por Barack Obama e, na próxima sexta-feira, dia da posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, o embaixador regressa à sua cidade natal, Boston.

O diplomata fez hoje, em Lisboa, o seu último discurso, num almoço-conferência organizado pela embaixada dos Estados Unidos, Associação de Amizade Portugal/EUA, Câmara de Comércio Americana em Portugal e pelo American Club, com a presença de mais de 200 pessoas, incluindo o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e o presidente executivo da TAP, Fernando Pinto, além de representantes diplomáticos de Taiwan, Suécia, Rússia, Ucrânia, Japão, Bélgica e Hungria.

Sobre a sua experiência em Portugal, o diplomata classificou-a como "não o emprego de uma vida, mas de mil vidas", destacando que teve o privilégio de "assistir à transformação de Portugal".

Para Sherman, Portugal passou "de um país que não acreditava em si próprio e que não acreditava que podia ter um papel a nível mundial para um país que está a fazer coisas fantásticas a nível de tecnologia, política, em particular com António Guterres, e desporto, com a seleção nacional de futebol".

O diplomata destacou ainda o papel de liderança que Portugal está a assumir no mundo da tecnologia e do empreendedorismo, dando como exemplo a realização, por três anos, da conferência internacional Web Summit, com dezenas de milhares de participantes.

Robert Sherman, que se tornou conhecido da maioria dos portugueses pelo apoio entusiástico que deu à seleção nacional no campeonato europeu de futebol do ano passado, voltou a elogiar a equipa portuguesa e disse que esse é o segredo do sucesso dos portugueses.

"Se jogarem em equipa e acreditarem em vós mesmos, conseguirão alcançar grandes feitos. Procurem outros para se juntarem a vocês, acreditem nas vossas ideias e farão coisas fantásticas", afirmou, numa mensagem aos portugueses, que considerou o povo "mais simpático, amável, acolhedor" que alguma vez conheceu em todo o mundo.

Uma equipa da qual, acrescentou, os Estados Unidos "devem fazer parte".

"Juntando as nossas capacidades com as capacidades aqui em Portugal, será possível alcançar grandes feitos para os dois países. Vocês têm tecnologia que nós não temos, os Estados Unidos têm investidores que vocês precisam aqui em Portugal, no mundo empresarial", referiu, apontando ainda o setor militar como área de cooperação.

Questionado sobre a conversa telefónica, ocorrida esta quinta-feira, entre o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, Sherman afirmou que foi "uma primeira conversa de cortesia entre dois líderes", mas disse acreditar que terá sido "produtiva".

"Tenho uma grande fé que o Presidente português será uma voz forte pela Europa", disse.

Robert Sherman, que teve nas mãos o dossiê da redução da presença militar norte-americana na base açoriana das Lajes, não mencionou o tema na sua intervenção, durante a qual acentuou o reforço das relações entre Portugal e os Estados Unidos.

O embaixador recordou que os EUA são o principal parceiro comercial de Portugal além da União Europeia - apontando os exemplos da compra da TAP e dos candidatos à venda do Novo Banco - e destacou que o número de estudantes e turistas americanos a visitar o país está a aumentar.

Emocionado, Robert Sherman garantiu que os portugueses ficarão "para sempre" no seu coração e terminou a sua intervenção com um grito coletivo: "Força Portugal".