Os nomes dos Ministros de Luís Montenegro foram hoje anunciados com algumas caras conhecidas e outras menos. De qualquer forma, é com este Executivo de 17 que o novo primeiro-ministro pretende, com apenas 80 deputados no parlamento, enfrentar os próximos quatro anos.

Ao todo são 17 ministérios, menos um do que no governo anterior, e são 10 homens e sete mulheres.

Quem são os 17 ministros?

Paulo Rangel - Ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros

Paulo Rangel é eurodeputado desde 2009, antigo líder parlamentar do PSD e primeiro vice-presidente do PSD, assumindo pela primeira vez um cargo de ministro, tornando-se o número dois de Luís Montenegro.

No XXIV Governo Constitucional, Rangel será segundo na hierarquia do executivo e só ele e o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, terão estatuto de ministros de Estado.

Paulo Artur dos Santos Castro de Campos Rangel tem 56 anos (nasceu a 18 de fevereiro de 1968 em Vila Nova de Gaia), e iniciou a atividade política em 2001, com a redação do programa de candidatura do ex-presidente do partido Rui Rio, então candidato à Câmara Municipal do Porto apoiado por PSD e CDS-PP.

Desde então, Paulo Rangel tem repartido a sua atividade profissional pela advocacia, a universidade e a política.

Na vida académica, sempre ligado ao Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, especializou-se nas áreas do Direito Constitucional, Direito Administrativo e Ciência Política, tendo passado pelo Instituto Universitário Europeu e pelas universidades de Bolonha, Génova e Friburgo, além de exercer a advocacia em várias firmas. Atualmente, leciona na Católica do Porto e na Porto Business School.

Entre 2004 e 2005, durante os cerca de seis meses do Governo PSD/CDS-PP chefiado por Pedro Santana Lopes, Rangel foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Justiça, José Pedro Aguiar-Branco.

Na legislatura seguinte, iniciada em 2005 (ano em que se filia no PSD), estreou-se como deputado, eleito pelo Porto, e a sua ascensão no partido foi rápida.

Em 2008, a seguir à vitória de Manuela Ferreira Leite nas eleições diretas para a liderança do PSD, foi o escolhido para liderar o grupo parlamentar social-democrata.

Cerca de dez meses depois, Paulo Rangel voltou a ser o nome indicado pela então presidente do PSD para encabeçar a lista do PSD às eleições de 7 de junho de 2009 para o Parlamento Europeu.

O PSD saiu vitorioso dessas eleições e Rangel chegou à vice-presidência do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu e, em 2015, do próprio PPE.

Em 2010, Paulo Rangel disputou pela primeira vez a liderança do PSD e conseguiu 34,4% dos votos contra os 61% de Pedro Passos Coelho - que tinha perdido as anteriores diretas para Ferreira Leite -, numas eleições a que também concorreram José Pedro Aguiar Branco (3,42%) e Castanheira Barros (0,27%).

Passos Coelho manteve-o como cabeça de lista ao Parlamento Europeu em 2014, com a coligação PSD/CDS-PP a conseguir 27,7% dos votos contra 31,4% do PS (resultado que acabaria por ditar a saída do líder socialista António José Seguro, desafiado por António Costa em primárias).

Rui Rio volta a apostar em Paulo Rangel como ‘número 1’ a Bruxelas em 2017, mas o PSD, desta vez sozinho, regista o pior resultado de sempre nestes sufrágios, pouco abaixo dos 22%.

Em 2020, Rio contou com o apoio de Paulo Rangel na disputa interna contra Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, e este encabeça a lista da direção ao Conselho Nacional no Congresso seguinte, mas alguns meses mais tarde recusou o convite para encabeçar uma candidatura à Câmara Municipal do Porto.

Já em 2022, volta a disputar a presidência dos sociais-democratas. Numas eleições muito disputadas, Rangel consegue 48% dos votos contra os 52% de Rui Rio e não se envolve na disputa entre Montenegro e Moreira da Silva.

No congresso de entronização de Montenegro, em julho de 2022, a sua escolha para primeiro vice-presidente do PSD foi uma das grandes surpresas.

Joaquim Miranda Sarmento - Ministro de Estado e das Finanças

Desde a liderança de Rui Rio no PSD que Miranda Sarmento é apontado como futuro ministro das Finanças de um governo social-democrata e será agora, com 45 anos e já com outro líder partidário, que irá assumir a titularidade na gestão das finanças públicas portuguesas.

É um dos membros de confiança de Luís Montenegro, que tem acompanhado em reuniões chave, e desde julho de 2022 que presidia à bancada parlamentar do PSD.

Professor auxiliar de Finanças, com agregação, no ISEG-Lisbon School of Economics and Management (Universidade de Lisboa), saltou para a ribalta quando ajudou o então presidente do PSD Rui Rio a desenhar o cenário macroeconómico do partido para as eleições legislativas de 2019.

Nesse ano, Rio cunhou-lhe a alcunha de “Centeno do PSD”, em alusão ao então ministro das Finanças do PS Mário Centeno (que na Europa era conhecido como o “Ronaldo das Finanças”) e pela qual até hoje muitos o lembram, embora, em 2020, em entrevista ao Observador, ter recusado continuar a ser comparado com o atual governador do Banco de Portugal: “não sou o Centeno de ninguém, porque não sou Centeno”, disse.

Foi por essa altura que ganhou mais peso público, ao liderar o Conselho Estratégico Nacional do PSD (2020-2022) e se transformar no “ministro sombra das Finanças” dos sociais-democratas.

Com uma longa carreira académica e muitos artigos publicados, afirma que sempre votou PSD, mesmo quando ainda não tinha ligação ao partido pelo qual acabou por ser eleito deputado em março de 2022 e do qual, em julho desse ano, foi designado líder parlamentar, com 59,74% dos votos, sucedendo a Paulo Mota Pinto.

Manteve-se no cargo, mesmo após a eleição de Luís Montenegro como líder do PSD (que lhe renovou a confiança), mas a liderança da bancada não escapou incólume a polémicas, com uma série de episódios de tensão com alguns críticos internos, que lhe apontavam “falta de perfil político”.

Nas legislativas de 10 de março foi o número “dois” da Aliança Democrática (coligação pré-eleitoral formada por PSD, CDS-PP e PPM) por Lisboa, tendo sido um dos responsáveis pelo programa económico da direita nestas eleições.

Miranda Sarmento foi também assessor económico do antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva no seu segundo mandato, consultor da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e tem um doutoramento em Finanças pela Tilburg University, na Holanda.

Após ter chegado a trabalhar durante 10 anos no Ministério das Finanças, terá agora a seu cargo pôr a economia portuguesa a crescer de 2,5% em 2025 até 3,4% em 2028, através de um choque fiscal de cinco mil milhões de euros ao longo da próxima legislatura, conforme prometido pela AD, no seu programa eleitoral.

António Leitão Amaro - Ministro da Presidência

António Egrejas Leitão Amaro nasceu a 2 de abril de 1980, no Caramulo, concelho de Tondela.

É vice-presidente do PSD desde 2022, na direção de Luís Montenegro, docente de Finanças Públicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e na Católica Global School of Law e presidente da Assembleia Municipal de Tondela.

Foi secretário de Estado da Administração Local no Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho e deputado nas XI, XII e XIII legislaturas, tendo sido vice-presidente da bancada nas direções lideradas por Luís Montenegro, Hugo Soares e Fernando Negrão.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, tem um mestrado em Direito (LL.M) pela Harvard Law School da Universidade de Harvard e completou recentemente o doutoramento em Direito sobre a Independência dos Bancos Centrais, Política e Democracia.

Nas disputas internas recentes, apoiou em 2018 Rui Rio contra Pedro Santana Lopes, “em nome do reformismo”, mas nas diretas seguintes apoia Luís Montenegro contra o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, por entender que seria um melhor primeiro-ministro.

Em 2019 deixou o parlamento por decisão própria, precisamente com a intenção de completar o doutoramento pela Universidade Católica, mas regressou à primeira linha da atividade política com a eleição de Montenegro como presidente do PSD.

Nas legislativas de 10 de março, foi cabeça de lista por Viseu – foi o primeiro a ser eleito na noite eleitoral -, depois de, nos últimos dois anos, já ter coordenado importantes dossiês como as propostas de habitação e de revisão constitucional do PSD.

Manuel Castro Almeida - Ministro Adjunto e da Coesão Territorial

Manuel Castro Almeida, com 66 anos, foi secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, com responsabilidade pelos Fundos Europeus entre 2013 e 2015, quando Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro.

A sua primeira experiência governativa foi como secretário de Estado da Educação e do Desporto, entre 1993 e 1995, quando Manuela Ferreira Leite era ministra da Educação, no segundo Governo maioritário de Cavaco Silva.

Do seu currículo destaca-se ainda a experiência como autarca, já que foi eleito presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira em 2001, e reeleito em 2005 e 2009, tendo nestas últimas eleições autárquicas derrotado o candidato socialista que foi então Pedro Nuno Santos, o atual líder do PS.

Como autarca, foi vice-presidente da antiga Junta Metropolitana do Porto (atualmente Área Metropolitana do Porto) e presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria.

No partido desempenhou diversos cargos com vários presidentes, nomeadamente o de vice-presidente de Rui Rio, tendo representado o líder do partido em 2018 nas negociações do PT2030.

Em junho de 2019 renunciou à vice-presidência do partido, por discordar da forma como a liderança “centralista” de Rui Rio conduzia o PSD.

Em 1991 foi eleito deputado pela primeira vez na bancada do PSD, foi vice-presidente do grupo parlamentar e coordenou os social-democratas nas comissões parlamentares de Economia, Finanças e Plano, Educação, Ciência e Cultura e Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

O novo ministro iniciou a vida profissional com 16 anos, como auxiliar administrativo da Câmara Municipal a que presidiu anos mais tarde, e tirou o curso de Direito na Universidade de Coimbra como trabalhador estudante.

Fonte do PSD disse à Lusa que a gestão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) será responsabilidade deste ministério.

No Governo cessante, a gestão do PRR estava dependente da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

Um ministério de Coesão Territorial foi uma novidade introduzida pelos Governos de António Costa e até agora era gerido pela ministra do PS Ana Abrunhosa, tendo sob a sua alçada as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e as políticas das autarquias locais, entre outras.

Pedro Duarte - Ministro dos Assuntos Parlamentares

Natural do Porto, 50 anos, Pedro Duarte é atualmente quadro da Microsoft e, quando Luís Montenegro venceu a liderança do PSD no verão de 2022, torna-se coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN), depois de alguns anos afastado da primeira linha da atividade política para se centrar na vida profissional e académica.

Licenciado em Direito, pela Universidade Católica Portuguesa, Pedro Duarte doutorou-se em Estudos de Desenvolvimento (ISEG, Universidade de Lisboa), com Mestrado em Economia Internacional e Estudos Europeus.

Liderou a Juventude Social-Democrata entre 1998 e 2002, foi deputado entre 1999 e 2011 (chegou a “vice” da bancada), membro da Assembleia Parlamentar da NATO e secretário de Estado da Juventude no XVI Governo Constitucional, liderado por Pedro Santana Lopes.

Foi ainda diretor nacional da primeira campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, em 2016.

É presidente da Assembleia-Geral da ASSOFT (Associação Portuguesa de Software), membro da Direção da Câmara de Comércio Americana em Portugal e, desde janeiro de 2018, preside ao Conselho Estratégico da Economia Digital da CIP.

Nuno Melo - Ministro da Defesa Nacional

Nuno Melo, 58 anos, nasceu em Joane, Vila Nova de Famalicão, e chegou à Assembleia da República na VIII legislatura, em 1999, eleito por Braga, círculo pelo qual concorreu nas duas legislaturas seguintes, sendo eleito líder parlamentar em julho de 2004 e vice-presidente do parlamento em 2007.

Na Assembleia da República, fez-se notar em várias das comissões de inquérito que investigaram a queda do avião que vitimou o ex-primeiro-ministro Sá Carneiro e o ex-ministro da Defesa Amaro da Costa em Camarate, a 4 de dezembro de 1980, presidindo a uma delas, e teve também um papel central num outro inquérito parlamentar sobre o Banco Português de Negócios.

Foi um dos rostos em ascensão na primeira liderança de Paulo Portas e, quando este deixou a presidência do partido, em 2005, também um dos primeiros a verbalizar as saudades, já sob a direção de José Ribeiro e Castro.

Com o regresso de Portas à presidência do CDS-PP, Nuno Melo sobe a vice-presidente da Assembleia da República.

Em 2009, foi pela primeira vez cabeça de lista do CDS ao Parlamento Europeu, ano em que o partido conseguiu eleger dois deputados.

Em 2014, o CDS-PP concorreu às europeias coligado com o PSD e Nuno Melo foi quarto na lista encabeçada por Paulo Rangel.

Na eleição seguinte, em 2019, os centristas voltaram a concorrer em lista própria e conseguiram manter Nuno Melo no Parlamento Europeu, mandato que manteve até este mês, quando renunciou para assumir o de deputado à Assembleia da República, uma vez que os dois mandatos são incompatíveis.

Pai de gémeos, um menino e uma menina, João Nuno Lacerda Teixeira de Melo, nascido a 18 de março de 1966, é licenciado em Direito e foi advogado de profissão, antes de se dedicar à carreira política.

No partido, foi vice-presidente de Paulo Portas e, mais tarde, de Assunção Cristas, e presidente da distrital de Braga durante vários anos.

A nível autárquico, é presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão.

As eleições legislativas de janeiro de 2022 ditaram o afastamento do CDS-PP da Assembleia da República pela primeira vez na sua história, o que levou à demissão do ex-presidente Francisco Rodrigues dos Santos.

Nuno Melo, que já tinha apresentado a candidatura à liderança do CDS-PP em outubro do ano anterior, foi eleito presidente do partido em abril de 2022, tendo a sua Comissão Política Nacional obtido 74,93% dos votos dos delegados ao 29.º Congresso que decorreu em Guimarães.

Durante o seu mandato, conseguiu levar o partido de volta ao hemiciclo do parlamento, depois de conseguir eleger dois deputados nas listas da Aliança Democrática (AD), coligação que juntou PSD, CDS-PP e PPM.

Rita Júdice - Ministra da Justiça

Tem 50 anos  e Filha do antigo bastonário da Ordem dos Advogados e antigo dirigente social-democrata da distrital de Lisboa do PSD, José Miguel Júdice, a nova ministra licenciou-se em Direito pela Universidade Católica em 1997 e é especialista em direito do imobiliário.

Rita Júdice era a coordenadora para a habitação do Conselho Estratégico Nacional do PSD e foi eleita deputada pela primeira vez nas legislativas de março, por Coimbra, distrito onde foi cabeça de lista pela Aliança Democrática (AD).

Margarida Blasco - Ministra da Administração Interna

Depois de ter sido a primeira mulher à frente do Serviço de Informação de Segurança (SIS) e da IGAI, organismo que fiscaliza a atividade das polícias, Margarida Blasco chega ao Ministério da Administração Interna (MAI) numa altura de grande contestação dos elementos da PSP e da GNR, que exigem um suplemento de missão idêntico ao atribuído aos inspetores da PJ.

Nascida em 25 de julho de 1956 em Castelo Branco, Margarida Blasco é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1978.

Em 17 de fevereiro de 2012 foi nomeada Inspetora-Geral da Administração Interna pelo antigo ministro da Administração Interna Miguel Macedo, do governo PSP/CDS-PP de Pedro Passos Coelho, cargo que exerceu até julho de 2019, tendo sido reconduzida no cargo por três vezes e a última comissão de serviço foi renovada pelo ex-ministro Eduardo Cabrita.

Saiu da IGAI antes de terminar o terceiro mandato nestas funções após ser nomeada juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, tendo-se jubilado em 2021.

Nos sete anos que esteve à frente da IGAI, teve de gerir alguns casos mediáticos, na maior parte das vezes relacionadas com alegados abusos policiais, e os seus mandatos ficaram marcados por alegadas acusações de racismo nas polícias e críticas dos polícias.

Maria Margarida Blasco Martins Augusto foi também chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto do Ministro da Justiça entre 1987 a 1991 e diretora-geral do Serviço de Informações de Segurança entre 2004 e 2005, cargo que ocupou por escolha do antigo primeiro-ministro Durão Barroso.

Além das funções de vogal do Conselho Superior de Magistratura e de membro do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações (por indicação do PSD), no currículo de Margarida Blasco consta ainda alguns processos judiciais mediáticos.

É atualmente juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça.

Fernando Alexandre - Ministro da Educação, Ciência e Inovação

Integrou o primeiro executivo liderado por Pedro Passos Coelho, entre 2013 e 2015, tendo-se demitido por alegadas incompatibilidades com a então ministra Anabela Rodrigues.

Nascido em 1972, Fernando Alexandre é doutorado em Economia pela Universidade de Londres, Birkbeck College, e leciona na Universidade do Minho, onde exerceu funções de pró-reitor, presidente da Escola de Economia e Gestão e diretor do departamento de Economia.

Atualmente, é vice-presidente do Conselho Económico e Social.

Em 2022, recebeu o Prémio de Mérito Científico da Universidade do Minho.

Na comunicação social, foi membro do painel de comentadores da RTP e colunista dos jornais Eco e Observador.

Num desses espaços de comentário, Fernando Alexandre escreveu, em junho, a propósito dos ‘rankings’ das escolas, que “a queda das escolas públicas e a afirmação das escolas privadas nas posições cimeiras” reflete a “falência das políticas para a escola pública”.

Ana Paula Martins - Ministra da Saúde

Nascida a 4 de novembro de 1965, Ana Paula Martins sucede a Manuel Pizarro num dos ministérios mais importantes do Governo, mas também um dos mais difíceis, com a crise que o Serviço Nacional de Saúde tem vivido devido à falta de profissionais de saúde e com greves de médicos, enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e farmacêuticos.

Os sindicatos representativos dos médicos já anunciaram que vão exigir o retomar das negociações para melhorar as condições de trabalho, os salários e a contratação de mais profissionais.

A nova ministra da Saúde é licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa em 1990 e tem um mestrado em Epidemiologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e doutoramento em Farmácia Clínica.

Durante mais de 20 anos foi professora auxiliar da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, dirigiu o Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia da Associação Nacional de Farmácia entre 1994 e 2006 e desempenhou o cargo de bastonária da Ordem dos Farmacêuticos entre 2016 e 2021.

Na carreira política, ocupou o cargo de vice-presidente do PSD de dezembro de 2021 a maio de 2022 e foi eleita deputada na Assembleia da República pela AD para a XVI Legislatura.

O último cargo que ocupou foi de presidente do conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), atual Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, que assumiu em 01 de fevereiro de 2023 e que deixou um ano depois.

Ana Paula Martins foi nomeada para presidente do CHULN pelo diretor executivo do SNS, Fernando Araújo.

Na altura, Ana Paula Martins disse que pediu a demissão do cargo "após profunda reflexão pessoal", por entender que o seu mandato se esgotava “com a extinção do Centro Hospitalar de Lisboa Norte e a criação da ULS [Unidade de Saúde Local]”, no âmbito da reforma liderada pelo diretor-executivo do SNS.

Em 5 de abril de 2019, foi distinguida com a Medalha de Serviços Distintos – Grau Ouro, atribuída pelo Ministério da Saúde no âmbito da cerimónia comemorativa do Dia Mundial da Saúde.

Miguel Pinto Luz - Ministro das Infraestruturas e Habitação

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, Miguel Pinto Luz, 47 anos, foi secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações durante o XX Governo Constitucional de Portugal (30 de outubro de 2015 – 26 de novembro de 2015), liderado por Pedro Passos Coelho.

O também vice-presidente do PSD e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais vai ter em mãos alguns dos dossiês mais ‘pesados’ da governação, anteriormente a cargo de João Galamba, como a reprivatização da TAP, que ficou em suspenso com a ‘queda’ do executivo de António Costa.

Este é, de resto, um tema conhecido do antigo secretário de Estado, que António Costa acusou de ter vendido “irresponsavelmente” a TAP “às três da manhã”, enquanto membro de um “Governo já demitido”, em 2015, dando “garantia ilimitada para dívidas futuras” e “liberdade total do privado” que adquiriu a companhia aérea (consórcio Atlantic Gateway, formado por David Neeleman e Humberto Pedrosa).

Pinto Luz exigiu a Costa que se retratasse por considerar que estava a “caluniar e adulterar a verdade”.

Apesar de ter exercido funções governativas durante menos de um mês, a assinatura de Pinto Luz nas “cartas de conforto” enviadas aos bancos portugueses credores da TAP, que permitiram a privatização da companhia aérea em 2015, foi tema de discussão na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à companhia aérea, no ano passado.

Miguel Pinto Luz vai também herdar a pasta do novo aeroporto de Lisboa, cuja localização deverá ser decidida pelo Governo, após um processo de avaliação ambiental estratégica levado a cabo por uma comissão técnica independente, constituída após acordo entre PS e PSD.

Ainda assim, o PSD decidiu constituir um grupo de trabalho interno para analisar a localização do novo aeroporto de Lisboa, tendo o presidente, Luís Montenegro, garantido que a decisão será tomada “nos primeiros dias” de Governo social-democrata.

Miguel Pinto Luz foi candidato à liderança do PSD em 2020, contra Rui Rio e Luís Montenegro, ficando em terceiro lugar com menos de 10% dos votos.

Pedro Reis- Ministro da Economia

Natural de Lisboa, Pedro Reis, de 56 anos, casado e com três filhos, assume, desde janeiro deste ano, o cargo de membro do conselho consultivo do Banco Português de Fomento e, desde julho de 2022, é coordenador do Movimento Acreditar, uma plataforma de discussão do PSD com a sociedade civil, e presidente do Conselho Consultivo do Conselho da Diáspora Portuguesa.

Licenciado em Gestão e Administração de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa, o dirigente, que chegou a candidatar-se a bastonário da Ordem dos Economistas, conta no seu currículo com uma passagem pela banca, depois de ter presidido à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), entre dezembro de 2011 e abril de 2014.

Também assegurou a secretaria executiva do Conselho Estratégico de Internacionalização da Economia (CEIE), fez parte do Conselho Nacional para o Empreendedorismo e a Inovação e participou ainda no Conselho da Indústria no âmbito do Ministério da Economia e na Reunião de Coordenação dos Assuntos Económicos e do Investimento (RCAEI).

Pedro Reis foi também membro do Conselho Geral e de Supervisão da Portugal Ventures.

Em maio de 2014 tornou-se assessor sénior da Comissão Executiva do BCP e no ano seguinte administrador executivo do BCP Capital, na qualidade de seu CEO (presidente executivo).

Já em novembro de 2017 assumiu a direção de Marketing Estratégico e 'Business Development' e, entre 2019 e 2021, a direção de Banca Institucional do Millenium BCP.

A escolha de Luís Montenegro para a pasta da Economia, que estava a cargo de António Costa Silva (independente, do Governo do PS), coordenou o programa económico da AD e, durante a campanha eleitoral, defendeu que a coligação é a alternativa que vai permitir "recuperar o tempo perdido", apostar em reformas e aproveitar as oportunidades.

Desde início de 2022, Pedro Reis trabalha com alguns grupos económicos, 'family offices' e fundos de investimento, quer nacionais quer estrangeiros, na qualidade de 'senior adviser' externo e de administrador não executivo.

A par da licenciatura em Gestão e Administração de Empresas, Pedro Reis conta com formação na Harvard Business School em ‘Strategic Finance’, no ‘Advanced Management Program’ do Insead, e na Universidade Católica, tendo participado no Programa Avançado de Gestão para Executivos.

Em abril de 2014 foi condecorado pelo antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva com a insígnia de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelos serviços prestados ao país na internacionalização da sua economia.

Entre julho de 2016 e novembro de 2017, Pedro Reis foi presidente não executivo do conselho editorial do jornal económico 'online' Eco.

Maria do Rosário Palma Ramalho - Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Maria do Rosário Palma Ramalho, 63 anos, é doutorada em direito e professora Catedrática da Faculdade de Direito de Lisboa, desde 2010, onde coordena e rege as disciplinas de Direito do Trabalho e de Teoria Geral do Direito Civil, nos cursos de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento.

Presidente da Associação Portuguesa de Direito do Trabalho (APODIT), desde 2013, foi reeleita em 2017 e novamente em 2018, 2021 e 2024.

A nova ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social tem um perfil técnico e uma longa carreira académica, reconhecida na área.

Em 2013, coordenou no Instituto de Direito do Trabalho a equipa que elaborou o projeto da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, que previu um novo regime da mobilidade, no âmbito das reformas impostas pela 'troika'.

No currículo conta com a vice-presidência da Sociedade Internacional de Direito do Trabalho e Segurança Social (ISLSSL), desde 2021, e a coordenação científica em diversos projetos internacionais, nas áreas do Direito do Trabalho e do Direito da Igualdade, tendo sido, nesse âmbito, consultora da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e da Organização Internacional do Trabalho.

Rosário Palma Ramalho tem coordenado também vários projetos de “elaboração de atos normativos nas áreas do Direito do Trabalho, do Direito da Função Pública e da Igualdade”, segundo uma nota curricular, divulgada no site da Faculdade de Direito.

É mulher de António Ramalho, antigo presidente executivo do Novo Banco, e uma das filhas, a advogada Inês Palma Ramalho, é vice-presidente do PSD desde julho de 2022.

Maria da Graça Carvalho - Ministra do Ambiente e Energia

Maria da Graça Carvalho, 68 anos, é atualmente Deputada do Parlamento Europeu. Foi conselheira do Comissário para Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, de novembro de 2014 a dezembro de 2015.

Anteriormente, foi Deputada do Parlamento Europeu entre julho de 2009 e maio de 2014. Nessa condição, foi relatora do programa Horizonte 2020 - Programa-Quadro de Investigação e Inovação (2014-2020). Também foi conselheira principal do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso nas áreas de Ciência, Ensino Superior, Inovação, Investigação, Energia, Ambiente e Mudanças Climáticas de 2006 a 2009.

Foi Ministra da Ciência e do Ensino Superior do XV Governo Constitucional e Ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior do XVI Governo Constitucional e é Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico (Universidade de Lisboa).

Margarida Balseiro Lopes - Ministra da Juventude e Modernização

Margarida Balseiro Lopes, 34 anos, é licenciada em Direito, foi deputada entre 2015 e 2022 e ocupa uma das seis vice-presidências da direção do PSD, sendo o membro mais novo do Governo.

Foi líder da Juventude Social-Democrata entre 2018 e 2020 e, atualmente, trabalha numa empresa multinacional de auditoria e consultoria.

Como deputada, integrou várias comissões parlamentares, com destaque para a Comissão de Orçamento e Finanças e a Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.

É licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (2011), mestre em Direito e Gestão pela Universidade Católica Portuguesa (2014), pós-graduada em Fiscalidade pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (2021) e doutoranda em Direito na Universidade Católica Portuguesa (desde 2021).

No anterior Governo PS, liderado por António Costa, a Juventude estava numa secretaria de Estado, que assumia também o desporto, e sob a tutela da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares.

José Manuel Fernandes - Ministro da Agricultura e Pescas

Natural de Vila Verde, Braga, o novo ministro da Agricultura, que nasceu em 1967, é licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática pela Universidade do Minho e estuda Direito.

Enquanto eurodeputado, desde 2009, José Manuel Fernandes abraçou as alterações climáticas, defendendo que, “no mínimo, têm de ser mitigadas”.

Das suas lutas fazem igualmente parte a perda de biodiversidade e a degradação dos serviços ecossistémicos, bem como a promoção da biodiversidade.

“Os nossos produtos locais e as nossas tradições são forças que podemos potenciar e ampliar”, referiu o social-democrata no seu perfil de eurodeputado.

José Manuel Fernandes foi eleito um dos deputados do Parlamento Europeu mais influentes, segundo o ‘ranking’ BWC EU Influence.

Conhecido pela sua ligação aos assuntos europeus, o minhoto não é estranho à agricultura, uma vez que integrou até então esta comissão em Bruxelas.

Até agora, não é conhecido se as florestas e os animais regressam à tutela do Ministério da Agricultura, um dos compromissos assumidos pela Aliança Democrática (AD) durante a campanha eleitoral, e uma “linha vermelha” para os agricultores.

O setor, que defende que o Ministério da Agricultura perdeu relevância com a ex-ministra Maria do Céu Antunes (PS), espera também que o novo ministro olhe com especial atenção para temas como a água, a execução do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020 e a reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

José Manuel Fernandes foi também presidente da Agência para o Desenvolvimento Regional do Cávado e presidente da Associação de Municípios do Vale do Cávado.

Em 2023, recebeu a condecoração da ordem de Rio Branco no grau de grande oficial pelas mãos do embaixador do Brasil na União Europeia.

O agora governante integrou o Conselho Geral da Comissão de Coordenação da Região Norte e o Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

José Manuel Fernandes foi também presidente da JSD-Juventude Social Democrata de Vila Verde (1992-1993), líder da comissão política distrital de Braga da JSD (1994-1996) e presidente da Câmara Municipal de Vila Verde (1998).

Dalila Rodrigues - Ministra da Cultura

Aos 63 anos, é diretora do Mosteiros dos Jerónimos e da Torre de Belém desde 2019, tem sido uma defensora do mecenato e da autonomia dos museus.

Doutorada em História da Arte pela Universidade de Coimbra, Dalila Rodrigues é professora coordenadora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu e professora catedrática convidada do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.

Entre 2004 e 2007 dirigiu o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), já depois de ter estado à frente do então Museu Grão Vasco, em Viseu (2001-2004). Sob a sua direção, o museu das Janelas Verdes teve obras de restauro, mobilizou mais de 300 mil euros em mecenato, mais do que duplicou as entradas, atingindo pela primeira vez quase 200 mil visitantes, e cresceu em receitas, ultrapassando um milhão de euros em 2006, segundo números então divulgados pelo próprio MNAA.

Quando saiu da instituição, em Lisboa, em agosto de 2007, foi aplaudida por dezenas de pessoas que lá se tinham concentrado em seu apoio. A sua não recondução no cargo prendia-se com divergências de base quanto ao modelo de gestão e de autonomia financeira e administrativa, em relação ao antigo Instituto dos Museus e da Conservação.

Na altura, 16 diretores de museus nacionais juntaram-se num abaixo-assinado contra posições por si adotadas. Dalila Rodrigues “tem, por diversas vezes, passado a imagem pública de que tal ideia [autonomia financeira e gestão dos museus] merecia a concordância de outros diretores de museus nacionais, assumindo, de certa forma, uma posição de representação da classe museológica portuguesa, de que ela própria se reconhece o direito de liderar”, lia-se no documento que realçava que nenhum dos 16 diretores havia conferido “poderes de representação à diretora do Museu Nacional de Arte Antiga como porta-voz da classe museológica portuguesa a que igualmente pertencem”.

No passado mês de junho, passados 17 anos sobre a sua saída do MNAA, a diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém continuava a defender, em declarações à agência Lusa, ser imprescindível que museus e monumentos tenham autonomia para utilizar as receitas geradas.

Dalila Rodrigues, agora indicada para ministra da Cultura, foi também diretora da Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais (2008-09). Assumiu a direção de Comunicação, Marketing e Desenvolvimento da Casa da Música no Porto, em 2008, além de ter sido vogal da administração da Fundação Centro Cultural de Belém e, nessa condição, da extinta Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Museu Coleção Berardo, de 2012 a 2015.

É investigadora integrada do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e membro do conselho diretivo da Associação Trienal de Arquitetura de Lisboa desde 2010.

Realizou inúmeros cursos e ações de formação em todo o país, tendo sido formadora da Fundação Calouste Gulbenkian (Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura) em Património Artístico e Museologia, nas bibliotecas de Lamego, Sardoal, Alter do Chão, Marco de Canaveses, Borba, Redondo e Vouzela, entre 1995 e 2001.

Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para efeitos de doutoramento. É autora de livros e artigos científicos nas áreas da História da Arte, Património e Museologia, nomeadamente estudos de pintura antiga e da obra de Grão Vasco.

No dia 2 de abril, Dalila Rodrigues vai assumir um ministério que esta semana viu aprovada uma proposta de lei do mecenato cultural, que ainda irá ser discutida pelo parlamento, e que prevê um novo estatuto, a possibilidade de emissão de "vales cultura" e a constituição de um fundo de aquisição de bens culturais para museus e palácios nacionais, para o qual deverão contribuir receitas dos chamados 'vistos gold'.

Na área da Cultura, tem ainda os 319 milhões do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), a repartir pela componente de Transição Digital (103 milhões) e o Património Cultural (216 milhões), que no início do ano tinham ainda 80% da execução a cumprir até 2026.

O Plano Estratégico para o Cinema e Audiovisual (2024-2028), que prevê uma revisão dos programas de apoio financeiro e aposta no acesso dos espectadores à produção portuguesa, e a gestão dos programas de apoio da Direção-Geral das Artes, que na modalidade bienal de apoio sustentado (2025-2026), têm já uma dotação global de 35,6 milhões de euros, são outras áreas em espera num setor que tem contestado, ano após ano, os poucos meios financeiros públicos, sempre a menos de um terço do 1% do Orçamento do Estado e ainda mais abaixo do 1% do Produto Interno Bruto, reclamado pelos profissionais.

*Com Lusa