A Federação Académica de Lisboa (FAL), em conjunto com o movimento associativo nacional, esteve hoje reunida com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e, no final do encontro, o presidente da FAL, João Rodrigues, disse que “ficaram muitas questões por responder” e houve medidas “que não convenceram minimamente”.

A proposta da tutela de reduzir as vagas nas instituições de ensino superior situadas nas zonas de Lisboa e do Porto, as dificuldades que os alunos têm em arranjar alojamento ou as taxas e emolumentos foram algumas das matérias debatidas.

A FAL reconhece que é preciso avançar com medidas para reduzir a elevada percentagem (48%) de alunos a estudar em Lisboa e no Porto, mas não acredita que a solução passe pela proposta da tutela de reduzir as vagas naquelas duas regiões do país.

Para João Rodrigues, a redução de vagas vai apenas fazer com que só os alunos que tiveram mais oportunidades no secundário consigam um lugar em Lisboa e no Porto.

Para atrair os estudantes para outras zonas do país é preciso oferecer melhores condições, “é preciso ter oferta cultural, desportiva, ter cuidados médicos e mobilidade”, exemplificou.

Rever o Programa Mais Superior, que atribuiu uma bolsa extra aos alunos que decidem ir estudar para o interior, é outra das medidas que poderá ajudar e que foi apresentada hoje pelo ministro e saudada pelos estudantes.

Outro dos temas debatidos foi o facto de as instituições de ensino superior público aplicarem diferentes valores de taxas e emolumentos para os mesmos serviços.

“Há instituições com taxas exorbitantes e outras que não taxam nada”, criticou.

Para João Rodrigues, estas taxas e emolumentos não passam de “uma espécie de propinas camufladas”, lembrando que “os estudantes têm de pagar uma taxa para se inscrever, tem de pagar para ter um certificado de habilitações, e por aí adiante”.

Para os estudantes, a tutela tem de fixar um limite mínimo e máximo para os diferentes serviços que passam a ser aplicados por todas as instituições.

A falta de vagas nas residências universitárias e os elevados preços das casas que estão no mercado para arrendamento também foram outro dos temas debatidos no encontro, em que os alunos apresentaram um conjunto de medidas para combater este problema.

Construir mais residências, atribuir benefícios fiscais aos senhorios que decidem arrendar casas a estudantes e apostar na reabilitação urbana do edificado público foram algumas das propostas apresentadas a Manuel Heitor.

“O senhor ministro mostrou-se aberto a estas ideias e disse que pretende requalificar em conjunto com as autarquias”, afirmou João Rodrigues.

Um estudo realizado pela FAL revelou que “64% dos alunos não está minimamente satisfeita com o alojamento que tem”, lembrou o presidente da federação.

Sobre estas matérias, os estudantes esperam ter uma resposta até ao final do ano: “Caso contrário, admitimos avançar para um protesto”, afirmou João Rodrigues.