Estes bombardeios, noticiados pelas emissoras ABC e Fox News, ocorreram pouco depois de o presidente Joe Biden presidir à chegada aos Estados Unidos dos corpos dos três militares mortos no domingo.

De acordo com o Comando Central dos EUA, as forças militares dos EUA atingiram mais de 85 alvos, incluindo "operações de comando e controlo, centros de inteligência, foguetes e mísseis, armazenamento de veículos aéreos não tripulados e instalações de logística e cadeia de fornecimento de munições".

A operação aérea ocorreu às 16:00 (21:00 em Lisboa) e utilizou mais de 125 munições de precisão. O ataque durou 30 minutos e os EUA admitem a existência de vítimas nos locais atingidos.

Duas fontes de segurança iraquianas adiantaram à agência France-Presse (AFP) que um dos alvos foi “um quartel-general das fações armadas na área de Al-Qaïm, perto da fronteira com a Síria com um armazém de armas ligeiras”.

Um segundo ataque, na região de Al-Akachat, mais a sul e ainda perto da fronteira, teve como alvo um centro de comando das operações de Hachd al-Chaabi, uma coligação de antigos paramilitares que reúne estas fações pró-Irão, frisou uma das fontes.

Um responsável do Hachd al-Chaabi, que também falou sob a condição de anonimato, confirmou estes dois bombardeamentos, assegurando que o ataque de Al-Akachat causou feridos.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos diz que seis pessoas morreram e quatro ficaram feridas em ataques aéreos em Deir ez-Zor, no leste da Síria. Há ainda registo da morte de 13 combatentes apoiados pelo Irão.

A Casa Branca divulgou entretanto um comunicado de Joe Biden.

"No último domingo, três soldados americanos foram mortos na Jordânia por um drone lançado por grupos militantes apoiados pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão (IRGC). Hoje cedo, assisti ao digno regresso destes corajosos americanos à Base Aérea de Dover e falei com cada uma das suas famílias", pode ler-se no documento, citado pelo The Guardian.

"Esta tarde, sob a minha orientação, as forças militares dos EUA atingiram alvos em instalações no Iraque e na Síria que o IRGC e as milícias afiliadas utilizam para atacar as forças dos EUA. A nossa resposta começou hoje. Continuará em horários e locais à nossa escolha. Os Estados Unidos não procuram conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo. Mas que todos aqueles que possam tentar prejudicar-nos saibam disto: se prejudicarem um americano, nós responderemos", conclui.

Por sua vez, um porta-voz militar do primeiro-ministro iraquiano considerou que os bombardeios americanos no Iraque constituem "uma violação de soberania" e alertou para consequências "desastrosas para a segurança e estabilidade" nacional e regional.

Na quinta-feira, os EUA alertaram que iriam realizar uma série de ataques de represália lançados ao longo de mais de um dia em resposta ao ataque de drones no fim de semana na Jordânia.

O secretário de defesa dos EUA, Lloyd Austin, não especificou o momento ou a localização precisa dos ataques.

"Teremos uma resposta a vários níveis e teremos a capacidade de responder várias vezes, dependendo da situação. Procuramos responsabilizar as pessoas responsáveis ​​por isto e também procuramos retirar capacidade à medida que avançamos", afirmou.

Desde meados de outubro, mais de 165 ataques de ‘drones’ e ataques de foguetes tiveram como alvo soldados norte-americanos destacados numa coligação internacional antijihadista no Iraque e na Síria.

Reivindicados na sua maioria por combatentes de grupos pró-Irão que se autodenominam “Resistência Islâmica no Iraque”, estes ataques ocorrem num contexto de escalada de tensões na região, tendo como pano de fundo a guerra em Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.