"Às 8:20 desta manhã houve uma explosão num comboio na estação de metro de Parsons Green. A Polícia acorreu ao local. Estamos agora a perceber que foi uma detonação de um engenho explosivo improvisado (IED)." Foi assim que o Comissário Assistente da Scotland Yard, Mark Rowley, começou por explicar o "incidente terrorista" desta manhã em Londres.

Explosão no metro de Londres: o que sabemos até agora
Explosão no metro de Londres: o que sabemos até agora
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A unidade de contra-terrorismo da Scotland Yard,  S0 15, assumiu a liderança da investigação ao incidente na estação de metro de Parsons Green, em Londres, segundo o jornal Guardian, e a primeira-ministra Theresa May, está a  “receber atualizações regulares da informação”. Também citada pelo jornal The Telegraph, fonte da Scotland Yard diz ser ainda "muito cedo" para confirmar a causa da explosão na carruagem do metro esta manhã. Polícias e ambulâncias mantém-se no local.

A Polícia Metropolitana, que  acompanha a situação desde que foi dado o primeiro alerta, informou via twitter que a unidade de contra-terrorismo está em campo na investigação depois de os acontecimentos em Parsons Green terem sido declarados um incidente terrorista.

"Responsáveis da unidade de Contra-Terrorismo do Met (Policia Metropolitana) estão a investigar o que se passou num comboio do metro em Londres, esta manhã. A polícia foi chamada aproximadamente às 8h20 de sexta-feira, 15 setembro, à estação de metro de  Parsons Green Underground Station na sequência de registos de fogo numa das carruagens. O vice-comissário adjunto Neil Basu, coordenador nacional de contra-terrorismo, declarou-o um  incidente terrorista. (...) É muito cedo para confirmar a causa do incêndio, que será alvo de uma investigação a cargo da unidade de Contra-Terrorismo. A estação continua  com acesso restrito e pedimos às pessoas que evitem a área".

A polícia suspeita de que a explosão tenha sido causada por um dispositivo explosivo improvisado (IED, na sigla em inglês).

Fontes da polícia londrina, citadas pelo jornal britânico 'Guardian' dizem que o dispositivo explodiu apenas parcialmente. O exame preliminar da brigada de explosivos leva-os a crer que o IED estava "viável", ou seja, que era suposto ter explodido na totalidade.

As chamas deflagraram, às 08:21, mesma hora em Lisboa, num balde de plástico depois de se ter sentido uma explosão, no interior de um comboio com capacidade para transportar 865 passageiros.

As autoridades já anunciaram que estão a lidar com a ocorrência no quadro de um “ato terrorista” que provocou uma explosão e “bolas de fogo” no interior da composição.

Parte da circulação na linha Distritct, sudoeste de Londres, Inglaterra, onde se situa Parssons Green, foi parcialmente suspensa, entre as estações de metropolitano de Wimbledon e Earls Court.

29 pessoas foram assistidas nos hospitais da cidade

Números do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla em inglês), dão conta de que 22 pessoas foram levadas para quatro hospitais da capital britânica. Dezoito pessoas foram levadas pelo serviço de ambulâncias londrino e as restantes deslocaram-se pelos próprios meios.

O Serviço de Ambulâncias de Londres referiu que foi chamado ao local às 8h20 e que deslocou para a estação de metro vários meios e pessoas para dar assistência, tendo chegado a Parsons Green em cinco minutos. Foi inclusive enviada uma equipa designada como LAS Hart constituída por médicos com formação especial para dar assistência em ambientes de perigo.

Por volta das 11:15, o serviço de emergência divulgou em comunicado ter levado 19 dessas 22 pessoas para vários hospitais da capital britânica. Nenhum deles, diz a mesma fonte, estará em risco de vida. Num comunicado inicial, este serviço indicava ter transportado 18 pessoas. Ao início desta tarde, porém, a informação foi revista em alta.

Os números foram atualizados às 17:30 desta sexta-feira. Deram entrada em 29 pessoas em quatro hospitais da capital britânica. Destes, a esta hora, 21 continuavam hospitalizados.

A Scotland Yard, em conferência de imprensa, disse esta manhã que "a maioria" dos feridos levados para o hospital sofreram queimaduras causadas por um calor intenso e súbito.

créditos: Google Maps / MadreMedia

Dúvidas, feridos e um balde dentro de um saco de supermercado

Num primeiro momento, as informações sobre o que teria acontecido eram ainda escassas. Os relatos via Twitter de pessoas presentes na estação e os media ingleses indicam, contudo, que existirão vítimas, não se sabendo ainda em exatidão com que gravidade e em que número.

A agência Reuters mostra imagens recolhidas também através do Twitter de uma mulher a ser assistida pelos serviços de emergência no passeio.

A equipa de reportagem da BBC no local afirma ter visto uma mulher a ser levada numa ambulância com queimaduras em todo o corpo.

O site do jornal inglês The Telegraph dá conta da existência de feridos e de passageiros em pânico na estação de Parsons Green. "Várias pessoas terão sofrido queimaduras faciais depois de um recipiente ter explodido", pode ler-se na edição online.

Uma imagem do alegado recipiente que poderá ter estado na origem da explosão tem circulado nas redes sociais e sido veiculada por vários meios de comunicação social, como é o caso da BBC, mas ainda não existe confirmação oficial sobre as causas do que aconteceu esta manhã.

Segundo as notícias citadas pela agência EFE, a explosão ocorreu numa das composições do comboio.
Muitos passageiros referem também que ouviram gritos na altura em que os ocupantes das composições tentavam sair da estação através das escadas de saída e que alguns apresentavam ferimentos.

O Guardian ouviu algumas pessoas presentes no local e dá conta do seu testemunho. Como é o caso de Richard Aylmer-Hall, de 53 anos, que estava sentado na estação onde aconteceu o incidente às 8h20, altura em que se viu subitamente no meio de uma onda de pânico.  "Muitas pessoas aos gritos, muitos gritos", contou. "Vi mulheres a chorar, muitas pessoas aos gritos, uma correria para as escadas que são acesso à rua".

O incidente aconteceu na hora de ponta desta manhã em Londres.  O serviço de transporte está interrompido entre Earls Court e Wimbledon na linha que passa na estação de Parsons Green.

Este é o quinto incidente terrorista em 2017 em que um um ataque ocorreu. Apesar disso, é o único em que ninguém perdeu a vida. Nos quatro ataques anteriores no Reino Unido, 36 pessoas morreram. Desde janeiro são cinco ataques, como o de março frente ao Parlamento, em Londres; o ataque no estádio Arena, em Manchester, no mês de maio; e em junho numa mesquita a norte da capital britânica.

Diz a BBC que outros seis planos significativos de ataque foram desmantelados.

Polícia desfaz dúvidas, boatos e medos e procura suspeitos

Fontes policiais, citadas pelo jornalista Vikram Dodd, no 'Guardian', dizem não haver razão para temer um ataque coordenado na rede de transportes da capital britânica. No comboio em que ocorreu a explosão está a ser investigado apenas um engenho explosivo improvisado - IED.

As mesmas fontes desmentem a existência de um homem armado com uma faca no comboio, bem como a existência de outros incidentes após a descoberta do engenho artesanal.

Por esta altura (12:40), as autoridades britânicas têm em marcha uma extensa operação de caça ao homem para descobrir quem colocou o engenho na carruagem do metro londrino. Os investigadores estão a analisar as imagens de vídeo-vigilância do local para perceber onde entraram e por onde saíram os autores do ataque.

As unidades de contraterrorismo tentarão, agora, perceber se o dispositivo explodiu remotamente ou através da ação de alguém presente no local, bem como entender como foi montado o engenho, que algumas fotos nas redes sociais mostram estar acondicionado num balde dentro de um saco de supermercado.

As autoridades estão a pedir vídeos, imagens e testemunhos de quem tenha assistido ao incidente, para apoiar a investigação. Não há até agora quaisquer detidos ligados a este caso.

Líderes britânicos já reagiram ao incidente

A primeira-ministra britânica, Theresa May, já reagiu e "expressa solidariedade com os feridos no atentado do metro de Londres", diz a AFP. May presidirá nas próximas horas a uma reunião urgente do seu gabinete de segurança.

"Tenho presente nos meus pensamentos os feridos de Parsons Green e os serviços de emergência que, mais uma vez, estão a responder rapidamente e bravamente a este suposto ato terrorista", disse May.

Também em reação ao incidente, Sadiq Kahn, mayor de Londres diz que "a polícia metropolitana [de Londres] confirmou que a explosão num comboio na estação de Parsons Green esta manhã está a ser tratada como terrorismo", diz o presidente da autarquia londrina em comunicado.

"A cidade condena veementemente os indivíduos hediondos que tentam usar o terrorismo para nos magoar e destruir a nossa forma de vida." "Como temos sucessivamente provado, nunca seremos intimidados ou derrotados pelo terrorismo", escreve Sadiq Khan.

Num primeiro momento, Sadiq Khan publicou uma mensagem na sua conta de Twitter, informando que está a acompanhar a situação e indicando a polícia londrina como contacto para situações de ajuda e de aconselhamento.

Da mesma forma, Amber Rudd, secretária de Estado da Administração Interna diz estar "grata pela rápida resposta dos serviços de emergência em Parsons Green", acrescentando que os seus "pensamentos e orações estão com as vítimas deste incidente terrorista".

Citada pela imprensa local, Rudd acrescenta que "uma vez mais, as pessoas na sua vida quotidiana são atacadas de forma insensível e indiscriminada."

Jeremy Corbyn, líder do principal partido do Partido Trabalhista (oposição), agradece às equipas de socorro e diz ter os feridos em Parsons Green nos pensamentos.

"Os meus pensamentos estão com os feridos no incidente terrorista em Parsons Green, e obrigado à polícia, equipas de paramédicos e bombeiros que estão a responder à ocorrência", disse Corbyn no Twitter.

Também o arcebispo da Cantuária já expressou a sua solidariedade. No Twitter, diz estar a "rezar por todos os que foram apanhados pelo incidente terrorista desta manhã em Parsons Green, especialmente por aqueles que sofreram ferimentos ou traumas."

Trump diz que a polícia britânica tem de ser mais proativa ao mesmo tempo que Nova Iorque reforça a segurança

O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, já reagiu ao incidente em Londres. Trump diz que estes ataques são feitos por pessoas "doentias e dementes" que estavam debaixo dos olhos da polícia britânica.

"Mais um ataque em Londres por um terrorista falhado. Estas pessoas doentias e dementes que estão à vista da Scotland Yard. Têm de ser proativos!", escreve o presidente norte-americano na rede social Twitter.

"Temos de lidar com os falhados dos terroristas de uma forma muito mais musculada. A internet é a sua principal ferramenta de recrutamento, que temos de cortar e usar melhor", acrescenta.

"A proibição de viagem para os Estados Unidos devia ser bem maior, mais forte e mais específica - mas estupidamente, isso não seria politicamente correto", diz ainda o líder norte-americano.

Em resposta a Donald Trump, esta tarde, Theresa May disse não ser bom "alguém especular sobre o que se passa numa investigação em curso".

Por precaução, diz o governador de Nova Iorque, nos Estados Unidos, a segurança vai ser aumentada na rede de transportes nova-iorquina. Recorde-se que este incidente em Londres acontece dias depois de passarem 16 anos dos atentados de 11 de setembro de 2001, cujo principal centro foi precisamente em Nova Iorque.

Alemanha une-se aos britânicos

Angela Merkel disse hoje que o incidente terrorista em Londres reforçou a vontade de combater o terrorismo. A chanceler alemã falava à margem de um encontro com o primeiro-ministro francês, Eduoard Philippe.

A cadeia de supermercados alemã Lidl, cujo saco foi aparentemente usado para envolver o IED, já se mostrou disponível para ajudar as autoridades na investigação.

"Estamos chocados e preocupados por ter sabido do incidente desta manhã em Parsons Green e os nossos pensamentos estão com aqueles que foram afetados", disse a filial britânica.

"Vamos, claro, apoiar as autoridades caso necessitem da nossa ajuda nas suas investigações. Estamos a acompanhar a situação de perto enquanto se desenvolve ao longo do dia", cita a emissora britânica BBC.

Britânicos oferecem abrigo... e chá

Várias pessoas viraram-se para as redes sociais onde estão a oferecer ajuda a todas as pessoas afetadas pelo incidente desta manhã em Parsons Green.

No Twitter, Katy Dunn, uma utilizadora dessa rede social, publicou uma mensagem a oferecer um bule de chá. "Se alguém estiver em choque ou confuso em Parsons Green, estou ao virar da esquina e a chaleira está ligada", pode ler-se.

Outro utilizador, James Edge, também ofereceu ajuda a quem estiver retido em Parsons Green/Fulham. "Digam-me alguma coisa e vou ligar a chaleira", diz no Twitter.

As autoridades já disponibilizaram apoio a todos os que possam ter sido afetados por este incidente.

[Notícia atualizada às 17:49 - novo balanço do número de feridos]