Referência na renovação do marxismo europeu no final do século XX e início do século XXI, como o descreve a agência de notícias EFE, Toni Negri exilou-se em França quando foi ligado ao assassinato do político e jurista italiano Aldo Moro, em 1978, acusação da qual acabou por ser absolvido.

Já a agência italiana ANSA descreve Toni Negri, que era também professor universitário, como um dos principais teóricos e organizadores da Autonomia, herdeiro dos grupos de esquerda radical que emergiram do movimento estudantil e operário no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Toni Negri era coautor, com o seu antigo aluno Michael Hardt, de livros como “Império”, “Multidão” e “Comum”, das obras mais influentes da esquerda da viragem do século.

Em “Império”, por exemplo, os autores abordam o tema do imperialismo, considerando que este “pode não existir mais, mas o Império está vivo e bem”, conforme se lê numa sinopse da editora Harvard University Press que descreve o trabalho dos autores como “ousado” e que fala da “nova ordem política da globalização”.

A faceta de escritor é a que hoje é destacada numa nota publicada no Esquerda.pt, na qual se dá conta da morte do pensador italiano, reproduzindo uma entrevista de agosto desde ano ao Il Manifesto.

Nascido em Pádua a 01 de agosto de 1933, Negri era filho de pai comunista assassinado pelo regime fascista de Benito Mussolini.

Deu os primeiros passos políticos na secção local do Partido Socialista antes de lançar o Movimento Socialista Independente e depois juntar-se ao grupo radical de esquerda Potere operaio (Poder dos Trabalhadores).

Fundou a Autonomia dos Trabalhadores em 1973, estrutura da qual foi líder e principal teórico até sua dissolução em 1979.

Negri esteve preso durante quatro anos a aguardar julgamento, tendo sido libertado depois de eleito para o parlamento italiano em 1983, como recorda a biografia do filósofo na European Graduate School, onde também deu aulas.

Condenado por “crimes de associação e insurreição contra o Estado”, Negri exila-se em França, onde ensinou em algumas das escolas mais prestigiadas do país e pôde contactar com vários dos principais filósofos políticos de uma geração.

Negri voltou a Itália em 1997 para cumprir seis anos de uma pena que já havia sido reduzida e foi libertado em 2003.