Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, apresentou os primeiros dados sobre o efeito da greve nacional da Função Pública e da adesão dos professores à paralisação.

“Há 90% de escolas fechadas. Há agrupamentos inteiros encerrados”, disse Mário Nogueira, referindo-se a estabelecimentos de ensino desde o pré-escolar ao secundário, desde o Norte ao Sul do país.

“Há direções inteiras de escolas a fazer greve”, disse Mário Nogueira, dando como exemplo escolas no Seixal.

“Esta greve é claramente a maior greve desde 2013, altura em que foram feitas três semanas de greve no período de avaliações”, afirmou o líder da Fenprof, alertando o Governo que tem de olhar para estes números como “um sério aviso que não pode deixar de ser tido em conta”.

Na Escola Secundária do Lumiar, em Lisboa, 73% dos docentes fizeram greve, enquanto na Quinta dos Franceses, no Seixal, a adesão foi de 100% e na escola Rainha Santa, em Coimbra, apenas 7% dos professores compareceram esta manhã, segundo números daquela estrutura sindical, que revelam ainda que as escolas do primeiro ciclo do concelho de Faro estão hoje todas encerradas.

Mário Nogueira voltou hoje a sublinhar que é “absolutamente inaceitável” a proposta do Orçamento do Estado para 2018 no que toca à carreira dos professores, que são vítimas de uma “discriminação inadmissível”.

Segundo a Fenprof, ao contrário do que vai acontecer com o descongelamento das progressões na carreira dos outros funcionários públicos, os professores vão perder “nove anos, quatro meses e dois dias”.

Segundo uma estimativa feita pela Fenprof, um docente com 30 anos de serviço deveria estar atualmente no 9.º escalão mas está no 5.º, estando, por isso, a receber menos 954 euros por mês.

“Os professores trabalharam, fizeram descontos mas o Governo passa uma esponja e é como se não existisse”, criticou o líder sindical, considerando que se trata de “um roubo de tempo de serviço”.

“Os professores já falam em greve de cinco dias”, alertou Mário Nogueira, sublinhando que hoje “é, provavelmente, o primeiro dia de muitas lutas”.

A Fenprof quer negociar a reposição gradual dos vencimentos dos docentes e admite “que a recuperação (salarial) possa ir um pouco além do final da legislatura, em 2019”.

Esta é a terceira greve nacional dos trabalhadores da Administração Pública com o atual Governo e a primeira convocada pela Frente Comum de Sindicatos, segundo a listagem cedida pela estrutura sindical.

A primeira greve com o executivo de António Costa ocorreu em 29 de janeiro de 2016 e foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública, assim como a de 26 de maio deste ano, que teve como objetivo reivindicar aumentos salariais, o descongelamento das carreiras, o pagamento de horas extraordinárias e a redução do horário de trabalho para 35 horas em todos os serviços do Estado.

[Notícia atualizada às 13:56]