De acordo com as estimativas da ONU, 16,7 milhões de pessoas, o equivalente a 70% da população total, vão precisar de assistência humanitária durante o ano e cerca de metade da população anterior à guerra continua deslocada dentro ou fora da Síria.

Para agravar a crise, uma série de sismos atingiu o norte do país em fevereiro do ano passado, causando cerca de 5.900 mortos. As infraestruturas ficaram fortemente danificadas, agravando a vulnerabilidade de milhões de pessoas que já lutam para satisfazer necessidades básicas.

Comunidades inteiras estão a lutar para sobreviver, enquanto o financiamento humanitário caiu para o nível mais baixo de sempre. Em 2023, apenas foram recebidos 2,02 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), ou 37,4% dos 5,41 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros) necessários para os esforços humanitários liderados pelas Nações Unidas.

António Guterres pediu, no sábado, a todas as partes interessadas a “fazer tudo o que for necessário para alcançar uma solução política genuína e credível”.

“Uma solução que satisfaça as aspirações legítimas do povo sírio, restaure a soberania, a unidade, a independência e a integridade territorial do país, em conformidade com a resolução 2254 (2015) do Conselho de Segurança, e crie as condições necessárias para o regresso voluntário dos refugiados em segurança e dignidade”, explicou o antigo primeiro-ministro português, acrescentando que os civis devem ser protegidos.

O responsável pediu ainda uma abordagem estratégica da luta antiterrorista, em conformidade com o direito internacional, bem como um acesso humanitário sustentado e sem entraves em toda a Síria, além de um financiamento urgente e adequado para apoiar as operações de socorro críticas.

“Chegou o momento de as principais partes envolvidas darem um passo em frente e satisfazerem estas necessidades. Uma geração inteira de sírios já pagou um preço demasiado elevado”, acrescentou.

Guterres sublinhou ainda que as detenções arbitrárias, os desaparecimentos forçados, as execuções extrajudiciais, a violência sexual e baseada no género, a tortura e outras violações continuam e representam um obstáculo à paz sustentável na Síria.

“Todos nós temos a responsabilidade de acabar com a impunidade”, disse o secretário-geral da ONU, lembrando que “centenas de milhares, se não milhões, de vítimas e sobreviventes sírios e famílias estão a contar com isso”.