“Nestas últimas semanas fomos testemunhas de uma onda de normalização após a visita de vários dirigentes sionistas aos países do Golfo”, afirmou Nasrallah num discurso transmitido pela televisão Al Manar.
“Terminou a hipocrisia e as máscaras caíram”, adiantou o secretário-geral do Hezbollah, para o qual a normalização de relações entre os países árabes e Israel constitui uma traição aos palestinianos.
Nasrallah referia-se entre outras à visita histórica do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a Omã no dia 25 de outubro, onde foi recebido pelo sultão Qabous ben Saïd, no primeiro encontro a este nível entre os dois países desde 1996.
Entre os países árabes, Israel só tem relações diplomáticas com o Egito e a Jordânia, mas Netanyahu tem proclamado que as novas realidades regionais, a começar pela expansão da influência do Irão (que apoia o Hezbollah), criam uma convergência de interesses e Israel tem estado envolvido numa ofensiva diplomática junto dos Estados do Golfo.
Nas últimas semanas, a ministra da Cultura e Desporto israelita, Miri Regev, visitou a grande mesquita Sheikh Zayed de Abu Dhabi, quando se deslocou ao emirado para acompanhar a equipa nacional de judo ao Grand Slam de Abu Dhabi, enquanto uma delegação israelita, que incluía o ministro das Comunicações, Ayub Kara, esteve no Dubai para uma conferência internacional sobre cibersegurança.
O ministro dos Transportes israelita, Yisrael Katz, apresentou na quarta-feira em Mascate, Omã, um projeto de uma linha ferroviária ligando o Mediterrâneo aos países do Golfo através do seu país.
Historicamente os países árabes apontavam a solução da questão palestiniana como condição para uma normalização de relações com Israel.
“O estranho neste mundo é que se surpreendem e condenam o assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoggi, mas nada é feito face aos massacres diários no Iémen”, disse ainda Nasrallah.
A Arábia Saudita, que já admitiu que Khashoggi foi assassinado no seu consulado em Istambul, lidera uma coligação militar que apoia as forças governamentais iemenitas no combate aos rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão.
A guerra do Iémen já causou mais de 10.000 mortos, a maioria civis, desde 2014 e provocou, segundo a ONU, a pior crise humanitária no mundo com milhões ameaçados pela fome.
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