Vila Real é dos distritos do Norte do país que mais tem sido afetado pelos incêndios rurais.

José Pinheiro, presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Vila Real, afirmou à agência Lusa que o número de ignições tem sido “bastante significativo” neste distrito.

Em alguns dias, “ultrapassa e muito as três dezenas” de fogos o que, na sua opinião, “dificulta o combate a este flagelo”.

O responsável referiu que o distrito “tem atravessado situações bastante complicadas um pouco por todo o lado” mas, acrescentou que, “sem dúvida que os incêndios que deflagraram em Alijó e Sabrosa foram os mais preocupantes e os que causaram prejuízos mais avultados as suas populações”.

Em Alijó, o fogo lavrou durante quase três dias, destruindo zonas de pinhal, vinha e olival e rodeando várias aldeias. Já esta semana, em Sabrosa, o incêndio aproximou-se de três aldeias praticamente ao mesmo tempo e destruiu uma casa de habitação, mais duas que não eram habitadas, e queimou cerca de 200 toneladas de lenha que abastecia uma padaria, um trator e diversa maquinaria.

“Infelizmente há ocorrências de difícil resolução e que atingem proporções alarmantes que resultam essencialmente da falta de acessos, ordenamento florestal, limpeza das florestas, êxodo rural e consequente abandono da agricultura, edificações degradadas, falta de limpeza em volta dos aglomerados urbanos”, afirmou.

E isto faz com que, na sua opinião, “muitas vezes a concentração de meios se posicione na proteção das edificações e das próprias pessoas, fazendo com que os incêndios continuem a lavrar de forma descontrolada”.

José Pinheiro disse não ter dúvidas que a Autoridade Nacional de Proteção Civil, através do Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, tem feito um “esforço significativo na distribuição de meios pelos diversos teatros de operações”.

“O que nem sempre é fácil devido ao elevado número de ignições que surgem ao mesmo tempo e uma grande parte no período noturno o que me leva a concluir que se trata de um ato criminoso”, sublinhou.

José Pinheiro referiu não conseguir “compreender como há pessoas que são capazes de uma atitude destas” porque, “além dos danos ambientais irreversíveis e económicos que causam, colocam em risco a vida de muita gente, inclusive as vidas dos seus próprios familiares e amigos” e, por isso conclui que, “só pode ser um problema de sanidade mental”.

“Apesar do elevado número de ignições, das condições meteorológicas adversas, a resposta por parte dos bombeiros tem sido bastante positivas, graças ao seu empenho, entrega, dedicação e espírito de sacrifício, que tem sido uma constante ao longo deste período”, salientou.

No distrito, tem-se conseguido resolver a grande maioria dos fogos num curto espaço de tempo.

Mesmo os incêndios de maior dimensão, como o de Vila Real, que rodeou aldeias e obrigou à retirada de algumas pessoas por precaução, ou o de Ribeira de pena, que lavrou em pinhal cerrado e de difícil acesso e que empurrado pelo vento pela serra acima, foram controlados num período de 24 horas.

Em Valpaços, na quarta-feira e quase em simultâneo, ocorreram dois incêndios obrigando a uma dispersão dos meios de combate. Esta tarde, já houve um novo alerta para um fogo neste concelho, na zona de Vilarandelo.

“Está na hora de apostar mais na prevenção, no ordenamento das florestas, na limpeza do perímetro das habitações e edificações e na valorização dos espaços rurais e dos seus recursos endógenos”, frisou José Pinheiro.

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