“O Delegado de Saúde Regional do Centro confirma que na passada segunda-feira, dia 20 de novembro de 2017, teve conhecimento, através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, de um doente que deu entrada no Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra com o diagnóstico inicial de pneumonia por ‘Legionella’ (Doença dos Legionários)”, refere uma nota da Administração Regional de Saúde do Centro hoje enviada à agência Lusa.

Na sequência deste episódio, “foi identificado o risco de emissão de aerossóis contaminados no sistema de rega e num balneário da Academia Briosa – Campo do Bolão. À luz do princípio da precaução, quer o sistema de rega quer os chuveiros dos balneários foram encerrados por determinação das Autoridades de Saúde, com exceção dos balneários do edifício autónomo Francisco Soares no qual os resultados foram negativos e que por isso podem funcionar normalmente”.

Relativamente ao doente presentemente internado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a investigação da Unidade de Saúde Pública (USP), nomeadamente através da realização de análises laboratoriais, permitiu já excluir a maioria das fontes possíveis. As interdições agora impostas serão levantadas de imediato após prova de ausência de contaminação em resultado da intervenção já iniciada pela direção da Académica OAF, acordadas em estreita colaboração com as Autoridades de Saúde”.

“A investigação prossegue, centrada nas análises laboratoriais em curso, podendo ainda vir a ser realizadas outras decorrentes da análise de risco ambiental. Todos os serviços de saúde estão alertados para o risco de ocorrência deste tipo de pneumonia pelo que a ocorrência destes casos é sempre sujeita à respetiva investigação ambiental no âmbito do trabalho de rotina dos clínicos e dos médicos de saúde pública”, refere a informação disponibilizada à Lusa.

A nota recorda também que “não são conhecidos outros casos de Doença dos Legionários no contexto atual, pelo que, até ao momento”, está-se perante “um caso esporádico”.

“Como acontece, sempre que os Delegados de Saúde têm conhecimento de um caso de Doença dos Legionários, é de imediato iniciada uma investigação ambiental com o objetivo de identificar e eliminar potenciais fontes de emissão de aerossóis (partículas em suspensão na atmosfera) contaminados por esta bactéria. Neutralizada a fonte, elimina-se a possibilidade de aparecimento de novos casos com a mesma origem, uma vez que não está documentada a transmissão de pessoa a pessoa, mas apenas do ambiente para as pessoas; podem, contudo, ainda aparecer casos de doentes que tenham sido contaminados antes da eliminação da fonte, em média até 10 dias após inalação da bactéria”, recorda a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).

A ‘legionella’, reforça ainda a ARSC, “é uma bactéria natural dos meios aquáticos terrestres, cuja proliferação é facilitada quando a temperatura da água sem desinfeção é mantida sensivelmente entre os 25 e os 45º C, particularmente nos sistemas artificiais criados pelo homem”.

“O diagnóstico de doença dos Legionários é frequente e bem conhecido dos médicos, ocorrendo a larga maioria isoladamente (casos esporádicos), nem sempre sendo possível identificar e eliminar a fonte. A probabilidade da ocorrência de surtos, bem como a sua dimensão e gravidade, está diretamente relacionada com a frequência e capacidade de emissão de aerossóis da fonte, o número de pessoas em risco de os inalarem, bem como a existência de pessoas mais frágeis entre estas, tais como idosos, fumadores, portadores de outras doenças”.

No inquérito ambiental é primordial seguir o trajeto do doente nos 14 dias anteriores ao dia do início dos sintomas com o objetivo de identificar potenciais fontes de emissão de aerossóis contaminados.