Luís Montenegro falou na CNN International Summit, que se realiza no Porto. Na sua intervenção, o atual líder do PSD sublinhou que Portugal está há 40 anos a ser subsidiado para ter um impulso económico para se aproximar dos países da União Europeia que se encontram mais avançados.

"O drama de Portugal é que esses países vão se interrogar cada vez mais porque é que Portugal continua a receber apoios e porque é que eles entraram vinte anos mais tarde na União e qualquer dia são contribuintes líquidos precisamente para nos ajudar a ter essa aproximação".

Quando questionado se "acha que Portugal consegue evitar a receção?", Luís Montenegro foi conclusivo e afirmou que "sim", explicando que, "as eleições são um fator positivo, como eu espero mudarmos de governo e política económica, isso vai ter um reflexo, que é precisamente o país poder perspectivar um nível de crescimento, de pelo menos o dobro".

"Podemos criar mais valor na nossa economia. E com isso, podemos elevar o nosso nível salarial", acrescentou Montenegro. "O nosso nível salarial é extremamente baixo. É um fator que retira competitividade em termos de recursos humanos. Temos um problema gritante em Portugal, que advém em primeira linha das repercussões do definhamento demográfico das últimas décadas. Em segundo lugar, da falta de atratividade de carreiras profissionais que possam adequar às prespetivas das pessoas", critica Montenegro.

"O maior drama de todos, em Portugal, é os nosso jovens, e os jovens qualificados, estão a ir aos milhares, todos os anos, em busca de uma oportunidade para outras geografias. O que nos retira de ter uma sociedade com mais equilíbrio", disse o líder do PSD na CNN International Summit.

Após identificar este "drama", que na sua opinião é o "maior", Montenegro apresentou alguma soluções. Montenegro afirmou que "temos de ter objetividade para atrair mais investimento e para fazer dele um espaço de conquistas de marcado, valor. Isto faz-se com uma fiscalidade amigas das pessoas e das empresas. Volto a dizer, temos um problema de recursos humanos. Existe falta de mão-de-obra e cada vez mais falta de mão-de-obra qualificada".

"Este problema não se resolve apenas com a redução da fiscalidade. Para além disso as pessoas querem ter bons serviços de saúde, educação e acesso ao mercado de habitação. Essas três políticas falharam nos últimos anos", criticou Luis Montenegro.

"O segundo eixo, não sei se vamos a tempo. Estamos a neglicenciar em Portugal as regras do PRR". Montenegro afirma que o PRR em Portugal está a ser utilizado como "o grande orçamento retificativo", em contraste com outras economias europeias que têm investido em novos projetos públicos e, daqui "a quatro ou cinco anos", "os nossos parceiros da Europa vão estar a tirar proveito daquilo que andaram a semear, enquanto Portugal esteve a compor obras públicas engavetadas durante oito anos".

O líder do PSD sublinha ainda que a Comissão Europeia tem sido "muito permissiva com Portugal". "Agora que temos uma situação de maior estabilidade", face aos tempos da Troika, "assobia para o lado".

Com eleições marcadas para 10 de março de 2024, Luís Montenegro destaca que nem o Partido Socialista, nem o Chega esclareceram se irão "coligar negativamente para inviabilizar um governo do PSD". "Nessa circunstância o Governo só pode ver o seu programa rejeitado se o voto for em conluio político entre o PS e o Chega".

"Já que se valorizam mutuamente, é preciso perguntar aos dois se estão disponíveis para isso?", questionou na cimeira.

Montenegro também explicou que preferia "ganhar as eleições com conforto eleitoral, que me permita ter uma base de sustentação do Governo no Parlamento que confira estabilidade e governabilidade a uma ideia de legislatura de quatro anos e meio".

"Eu sou muito claro - eu só serei primeiro-ministro se ganhar as eleições, eu não farei coligação com o Chega, nem sustentação do governo por essa via e respeitarei os portugueses se tiverem um entendimento contrário", acrescentou, antes de enunciar um leque de questões.

"Aquilo que pergunto é: os outros putativos candidatos a primeiro-ministro governam se não ganharem as eleições? Era bom saber. Porque a primeira e única vez em que isso aconteceu o povo não foi informado previamente. Dentro do espírito de entendimentos políticos, o PS está disponível para se coligar com o Partido Comunista que ainda recentemente titubeou relativamente à invasão da Ucrânia. Se se vai coligar com o BE que tem uma postura anti-NATO?"