“Pela primeira vez sinto que há razão de ser otimista, agora não qualifico os otimismos (…), mas direi apenas que hoje estou otimista porque temia chegar ao fim do mandato sem sequer haver arranque, ver a primeira pedra do aeroporto”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em Albufeira.

A Comissão Técnica Independente (CTI) terá de entregar ao Governo, até 31 de dezembro, o relatório com as conclusões do seu trabalho, indicando qual é a melhor solução para o futuro aeroporto da região de Lisboa.

Ao discursar na sessão de encerramento da conferência “Turismo fator de coesão nacional”, o Presidente da República disse começar “a acreditar, agora, em ver algumas pedras do aeroporto (…) conforme aquilo que vamos saber no final do ano”.

De acordo com o chefe de Estado, a construção do novo aeroporto “é um tema recorrente” com o qual tem sido “fustigado a um ritmo verdadeiramente assustador há vários anos a esta parte” pelo presidente da Confederação do Turismo de Portugal.

“A culpa não é dele, a culpa em rigor é das circunstâncias objetivas e não vale a pena agora assacar responsabilidades, porque eu acho que são coletivas”, notou.

Para o Presidente da República, “é muito português definir-se uma orientação e depois reexaminar-se no ciclo político seguinte e depois, com grande admiração, ver que quem tinha definido a orientação já não tem a mesma orientação, o que aumenta a perplexidade a quem não sabia que orientação havia de ter, se manter a anterior se substituir por outra”.

Depois disto, adiantou, “descobre-se que há uma lei que torna impossível e paralisa definitivamente a solução primeira, finalmente a lei que ia ser o fim do mundo é promulgada sem um ai, sem um comentário sequer”.

“Esperava no momento em que promulguei, disse bom, isto vai ser um eco nacional, ninguém notou. Passou como a realidade mais insípida, inodora e incolor que se podia imaginar”, realçou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “encontrada aquela solução que os sistemas políticos encontram quando não querem ter a responsabilidade das decisões, que é a de encarregar os técnicos de tomarem as decisões políticas, (…) é de esperar que os técnicos não se convertam em políticos e não venham ter as angústias existenciais que os políticos quiseram evitar entregando o assunto aos técnicos”.

“Também não falta muito tempo, porque só faltam três meses”, destacou.

Contudo, disse manter uma dúvida: “quais de nós ainda seremos vivos no momento em que é completado todo o processo (…) porque implica alterações noutras realidades desde as aeroportuárias até militares e outras na sociedade portuguesa”.