O cineasta Carlos Saura, considerado uma das grandes figuras da sétima arte espanhola com mais de 50 filmes, morreu nesta sexta-feira aos 91 anos, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha.

Saura "morreu hoje em sua casa aos 91 anos, cercado por seus familiares queridos", escreveu a Academia no Twitter, onde o descreveu como "um dos cineastas fundamentais da história do cinema espanhol".

Uma semana antes, o realizador estreou a sua última metragem, "Las paredes hablan" ("As paredes falam", na sua tradução livre), exemplo da sua "atividade e amor incansável" pelo cinema, "até ao ultimo momento", afirmou a Academia espanhola.

Saura realizou filmes considerados míticos do cinema espanhol como "A Caça" (1965), "A prima Angélica" (1973) e "Ai, Carmela" (1990) ou dos documentários "Flamenco", "Tango" e "Fados", dedicados à música, receberia amanhã o Goya de Honra, o prémio de carreira atribuído pela academia espanhola de cinema.

Quando o prémio foi anunciado, a academia destacou a "extensa e pessoalíssima contribuição criativa" de Carlos Saura "para a história do cinema espanhol desde finais dos anos 50 até à atualidade" e destacou como, com mais de 90 anos, continuava "ativo, em plena criatividade e a olhar para o futuro".

Além de cineasta, Carlos Saura, nascido em Huesca, na região de Aragão, no nordeste de Espanha, em 1932, foi também escritor e fotógrafo.

Saura realizou mais de 50 filmes ao longo da vida e parte da sua carreira foi feita durante a ditadura espanhola do general Francisco Franco, que terminou em 1975.

Os filmes que realizou nessa época ficaram marcados pela forma como contornou a censura, recorrendo a símbolos e alegorias para abordar temas como a Guerra Civil espanhola (1936-1939) e a repressão franquista.

Com a instauração da democracia em Espanha, começou a abordar na sua obra as relações entre a música e a imagem e inaugurou com "Bodas de sangue", de 1981, a sua série de musicais, entre os quais estão "Sevilhanas" (1991), "Flamenco" (1994), "Tango" (1997), "Fados" (2007) ou "Io, Don Giovanni" (2009), entre outros.

"Fados" contou com supervisão musical de Carlos do Carmo e congregou "o melhor dos novos talentos portugueses, como Mariza ou Camané, [recordou] Amália Rodrigues, lendas internacionais como Caetano Veloso e Chico Buarque, e outros intérpretes como Lila Downs e Lura", como se pode ler na página da RTP dedicada ao filme.

O realizador será homenageado na 37.ª edição dos prémios Goya que se realiza amanhã em Sevilha.

(notícia atualizada às 17h40)

*com AFP e Lusa