“Com a perturbação natural que uma greve com esta dimensão causa às pessoas e famílias, estando de férias ou a trabalhar, e à economia em geral, o dia de hoje correu sem sobressaltos, com os serviços mínimos genericamente cumpridos e requisição civil cumprida com rigor”, disse João Pedro Matos Fernandes, que falava aos jornalistas no Ministério do Ambiente, em Lisboa.

O governante lembrou que a requisição civil destina-se a quatro serviços – o abastecimento da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), do sul do país, a partir do centro de distribuição de Sines, tendo em conta que, na segunda-feira, Beja e Faro registaram “níveis de combustível armazenado com expressão abaixo da média nacional”, bem como ao abastecimento dos aeroportos de Lisboa e de Faro e das unidades autónomas de gás, sobretudo, nas regiões norte e interior.

Segundo os últimos dados, na REPA, na segunda-feira, 38% tinham gasolina e 46% gasóleo, enquanto hoje estas percentagens ascenderam, respetivamente, a 51% e 49%.

No Algarve, registou-se uma “melhoria”, porém “ainda não é suficiente”, passando-se de 22% para 27% no que se refere ao abastecimento de gasolina e de 23% para 29% no gasóleo.

Para fazer o abastecimento desta região, ainda hoje vão sair de Sines oito equipas, conforme apontou o ministro do Ambiente.

Já no que se refere ao aeroporto de Lisboa, o nível de abastecimento situou-se hoje, pelas 18:00, em 54,5%, enquanto o aeroporto de Faro estava nos 94%.

Durante a sua intervenção, Matos Fernandes defendeu ainda que pertencer à REPA constitui uma “vantagem comercial” e disse que a lei prevê uma compensação para os prejuízos causados pela paralisação, mas é pouco clara.

“É ou não no tempo que corre e se a greve se prolongar uma vantagem comercial pertencer à REPA? A resposta é sim […]. Sei que a lei fala numa compensação [para o aumento dos custos decorrente da paralisação], mas nada mais diz para além da palavra compensação”, referiu.

No total, foram requisitados para cumprir os serviços 200 elementos, sendo que apenas 10 equipas tiveram que atuar, quatro destas das forças armadas e seis da GNR.

O ministro adiantou ainda que na quarta-feira será feito um balanço a meio da tarde, “no sentido de perceber quais são as maiores falhas, sejam falhas no sistema propriamente dito, sejam falhas no cumprimento das requisições e dos serviços mínimos que possam acontecer, e mobilizar as forças de segurança e as forças armadas para, ao final do dia e durante a noite, fazerem os serviços que não foram cumpridos durante o dia.”

Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem hoje o segundo dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar a requisição civil, alegando incumprimento dos serviços mínimos.

Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

Ao fim do primeiro dia de paralisação, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.

(Notícia atualizada às 20h22)