Em 30 de janeiro de 2020, foi lançado o Observatório Nacional do Bullying, uma plataforma de informal de casos de ‘bullying’ da iniciativa da Associação Plano i. Quatro anos depois, registou 627 denúncias, a maioria em 2020: só nesse ano, foram recebidas 407 queixas.

Segundo um balanço feito à Lusa pela coordenadora científica do Observatório, a média de idades das vítimas é 13,7 anos e foram, sobretudo, raparigas. Por outro lado, os agressores foram sobretudo rapazes com uma média de 13,3 anos.

“Numa percentagem significativa de casos, o ‘bullying’ é praticado por mais do que uma pessoa”, acrescenta Sofia Neves, referindo que os anos de escolaridade de maior ocorrência são entre o 5.º e o 7.º.

Os relatos, apresentados frequentemente pelos encarregados de educação, mostram que os intervalos da manhã e da tarde são os períodos de maior ocorrência e que o ‘bullying’ acontece com mais frequência nos recreios e pátios da escola, seguidos das salas de aula e bibliotecas.

Muitas vezes, ocorre quase todos os dias (53,3%) e em 21,4% dos casos é mesmo uma realidade vivida diariamente pelas vitimas.

A violência é quase sempre psicológica, mas em muitos casos tem também um cariz social (63,6%), físico (52,3%), sexual (10,2%) e financeiro (5,1%).

Segundo os relatos, os motivos mais apontados são o aspeto físico das vítimas e os resultados académicos, havendo também quem sofra devido à idade, diversidade funcional e o sexo.

O resultado é quase sempre o mesmo: ansiedade, tristeza, vergonha e dificuldades de concentração. Mas as consequências dos casos relatados não se ficam por aí: em 43,1% dos casos, as vítimas tiveram de receber apoio psicológico e em 20,6% tratamento médico.

Registaram-se situações mais graves, sendo que cerca de 82 denúncias relatam que os jovens estiveram em risco de vida e 34 relatam a necessidade de hospitalização.

O formulário para a apresentação de denúncias está disponível na página do Observatório Nacional do Bullying, em www.associacaoplanoi.org/observatorio-nacional-do-bullying.