"Altos responsáveis do EI presentes na província (síria) de Deir Ezzor confirmaram ao OSDH a morte de Abou Bakr Al-Baghdadi", disse o diretor da organização síria de defesa e promoção dos direitos humanos, Rami Abdel Rahmane, à agência Reuters.

"Recebemos essa informação hoje, mas não sabemos quando (o chefe do EI) foi morto", acrescentou.

A morte do líder do Estado Islâmico já foi anunciada várias vezes anteriormente, mas o Observatório, segundo a agência, tem demonstrado credibilidade nos seus relatórios sobre a guerra civil na Síria.

A Reuters, porém, avança que não conseguiu verificar ou confirmar a morte de Baghdadi.

Esta informação carece igualmente de confirmação por parte dos oficiais curdos ou iraquianos. Também o Departamento de Defesa dos Estados Unidos não corrobora o levantamento da ONG, nem acrescenta qualquer detalhe adicional.

A última vez que o líder do EI foi visto em público aconteceu em julho de 2014 na mesquita Al-Nouri, em Mossul, a maior cidade do norte do Iraque. Em junho último, o Iraque assumiu o seu controlo.

Abou Bakr Al-Baghdadi nunca mais deu sinal de vida desde um registo áudio difundido em novembro de 2016, pouco depois do início de uma ofensiva contra Mossul, em que exortava os seus homens a lutar até que se tornassem mártires.

O Observatório dos Direitos Humanos Sírio é uma Organização não-Governamental, e que, embora tenha a sua sede em Londres, tem uma extensa rede de ativistas e médicos na Síria.

Confirmação veio dar força aos rumores da sua morte levantados pela Rússia

Em junho, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, tinha afirmado, que o líder do autoproclamado Estado Islâmico na Síria poderia ter sido morto na sequência de um bombardeamento em Raqqa.

Em causa está um bombardeamento efetuado por militares russos, no dia 28 de maio, durante uma reunião entre líderes da organização extremista. De acordo com informação avançada pela agência russa RIA, Abu Bakr al-Baghdadi estaria presente no encontro e que, portanto, poderá ter sido uma das vítimas mortais do ataque.

“De acordo com informação que está agora a ser verificada através de vários canais, o líder do Estado Islâmico Abu Bakr al-Baghdadi, eliminado através de um ataque aéreo, também estava presente na reunião”, referiu a agência RIA na altura, citando uma declaração do Ministério russo.

Libertação de Mossul

Esta informação é revelada um dia após o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, ter anunciado a vitória "sobre a brutalidade e o terrorismo" do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), com a libertação total de Mossul.

"A nossa vitória de hoje [ontem] é uma vitória sobre a brutalidade e o terrorismo e anuncio hoje [ontem] ao mundo inteiro o fim, o fracasso e o colapso do Estado terrorista fictício do Daesh [acrónimo árabe que designa o grupo Estado Islâmico]", afirmou o primeiro-ministro, que falava a partir da zona oeste de Mossul.

Depois de a segunda maior cidade do país ter sido recuperada aos 'jihadistas', após meses de combates devastadores que obrigaram à saída de quase um milhão de pessoas, Abadi disse que as prioridades do governo do Iraque são agora "a estabilidade e a reconstrução".

No entanto, já depois destas declarações do primeiro-ministro do Iraque, o grupo Estado Islâmico anunciou uma contraofensiva numa "zona libertada" da zona antiga da cidade de Mossul.

Abu Bakr al-Bagdadi, o enigmático líder do Estado Islâmico

O iraquiano Abu Bakr al-Bagdadi, de 45 anos, proclamado "califa" de todos os muçulmanos pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que pode ter sido morto num bombardeamento russo, é um personagem enigmático, que prefere permanecer nos bastidores.

Nascido em 1971 em Samarra, no norte de Bagdad, é um dos homens mais procuradas do planeta. Tanto assim é que os Estados Unidos oferecem 10 milhões de dólares a quem ajudar na sua captura.

E, apesar do grande aparato de propaganda do EI, que divulga uma grande quantidade de fotos ou vídeos das suas ofensivas e atrocidades, al-Bagdadi não aparece muito.

"É notável que o líder do grupo terrorista que mais se preocupa com a sua imagem seja tão discreto", disse em 2015 Patrick Skinner, analista da consultoria de inteligência Soufan Group.

Em dois anos, o "califa Ibrahim" aparece em apenas um vídeo, gravado numa mesquita de Mossul e divulgado em julho de 2014. Ostentava uma barba grisalha, de turbante e estava vestido com roupas escuras.

Em novembro de 2016, a Al Furqan, um meio de comunicação afiliado ao EI, difundiu uma mensagem de áudio, em que um homem se identifica como Al-Bagdadi, onde está a "convocar" as suas tropas a resistir ao avanço do exército iraquiano em Mossul, reduto do grupo.

Porém, Al Bagdadi já não estaria em Mossul no início de 2017, tendo sido visto, em diferentes ocasiões, em locais nas imediações da fronteira entre a Síria e Iraque.